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Aramis

Artigo em 31.01.1982

A BOSSA NOVA já entra na fase dos ídolos caminhando para o cinqüentenário – João Gilberto apagou suas velinhas no ano passado e a musa da BN, a querida Nara Leão é quarentona desde o último dia 19 de janeiro. Em compensação, também os ídolos da Jovem Guarda envelheceram – e procuram segurar a peteca. Roberto Carlos completará seus 39 anos no próximo dia 19 de abril, enquanto Erasmo vai no dia 5 de junho para seus 41 anos. Wanderléia (Salim), mineira de Governador Valadares, completa 35 anos, no dia 5 de junho – e também se preocupa em deixar a imagem da Ternurinha dos anos60. É verdade que já há algum tempo, tanto ela como outra filha da Jovem Guarda – Martinha, estão procurando um novo espaço dentro da MPB. Wanderléia, após sérios problemas pessoais em sua longa temporada na Odeon chegou a merecer até um elepe produzido por Egberto Gismonti. Agora voltou a CBS, onde fez um demorado disco – anunciado para outubro/81, só agora  chegando para as lojas. Com um belo visual nas fotos de capa, arranjos corretos de Lincoln Olivetti, Wanderléia interpreta principalmente músicas da Jovem Guarda – “Se você Pensa”, “Prova de Fogo”, “Na Hora  da Raiva”, Você Vai Ser Meu Escândalo”, de Roberto/Erasmo; “Vem quente que eu estou fervendo”(Imperial/Eduardo Araújo), “Pare o casamento”(Resnick/Victor Yung) – mas  acrescenta também  um bolero de Odair José/Maxine (“Pobre Meu Coração”) ou composições próprias (“Ser Estranho”), além de revelar uma nova autora: - Irinéia Maria (“Receita Médica”, Liberdade de Amar”, e “Facho de Luz”). A seriedade é dada pela inclusão de “Eu apenas queria que você soubesse” de Gonzaguinha Júnior. Sem preconceitos, é preciso admitir: vigorosa, assumida, Wanderléia canta bem e o disco está bonito. Atinge o público da Jovem Guarda, mas pode agradar a geração 80. Um reaparecimento bem planejado. Quem também reaparece é o casal Eduardo- Silvinha Araújo. Autor de alguns sucessos como “Vem quente...”, Eduardo Araújo diversifica o marketing musical em “Rebu Geral”, uma sofisticada produção independente que tem apenas a distribuição da Fermata. Gravado em 24 canais em São Paulo (estúdio Dó-Ré-Mi) e mixado no Power Station, em Nova Iorque, “Rebu Geral”, foi valorizado por uma bela capa de Lula Martins, eventualmente também compositor (“Rock Mary”, por exemplo). O repertório inclui parceiras com Lula, onde se vai desde um pastiche de Rita Lee (“Lança Menina”) até uma sátira aos sapatões  (“Sapataria Progresso”), passando pelo country (“paixão de um cowboy”), e buscando, essencialmente, a fácil comunicação: “Imagens”, “Rebu Geral”, “Irradia”, “Sob o ouro desse eterno sol” etc. Interessante destacar a boa presença instrumental, com arranjos esmerados e sobretudo um bom trabalho técnico – fruto da vivência de Eduardo como proprietário de um estúdio de som (Templo) em São Paulo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
26
31/01/1982

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