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Arzua, a competência que o Paraná não sabe aproveitar

No momento decisivo em que a discussão técnico x político se agrava para a sucessão da prefeitura, mais do que nunca o exemplo do engenheiro Ivo Arzua Pereira deveria ser lembrado pelos donos do poder. Quando políticos oportunistas, demagogicamente, fazem as mais diversas agressões para imporem artificiais candidaturas - como no caso do deputado Rafael Greca de Macedo, hostilizando a área técnica e tentando atingir a competência de um homem da dimensão de Cássio Tanugushi, presidente do [Ippuc] - a quem o politiqueiro refere-se como "robô japonês", todos que amam e se preocupam sinceramente com o futuro de nossa capital temem o que pode acontecer se o círculo de bons administradores que Curitiba teve a felicidade de possuir for interrompido. Ivo Arzua Pereira é daqueles exemplos de integridade e competência adminitrativa e técnica que só mesmo num país em que os melhores valores são precocemente marginalizados, "explica" o fato dele ter deixado a função pública. O ex-governador Paulo Pimentel, foi o administrador que melhor soube prestigiar e reconhecer a competência de Arzua. Primeiro, mantendo-o na Prefeitura de Curitiba, quando terminou seu mandato - e a escolha do chefe do Executivo municipal passou a ser de responsabilidade do governador. Depois, quando Arzua saiu do Ministério da Agricultura, novamente Paulo buscou Arzua para desburocratizar e fazer com que a Companhia de Telecomunicações do Paraná se transformasse numa empresa modelo. Uma carreira que deveria levá-lo ao governo do Paraná - ou mesmo a outros cargos federais, foi interrompida pelas mesquinharias da política nos últimos anos. Homem de decisões firmes e inabaláveis, longe de acordos e patifarias que garantem discutíveis "vitórias" de homens públicos, Arzua auto-exilou-se por sua integridade. Mesmo cogitado em várias ocasiões para retornar a funções políticas - em votação direta - acabou preferindo não abrir mão de seus princípios. Dedicando-se ao magistério, com algumas experiências na área do planejamento e, nos últimos anos, idealisticamente, dando o melhor de seus esforços e relacionamento nacional para resolver problemas da centenária Casa de Misericórdia, da qual é provedor, Ivo Arzua, no vigor de seus 64 anos, é o exemplo de competência desperdiçada por um Estado que canibaliza seus melhores talentos, enquanto fraudes políticas, oportunistas de primeira hora e demagogos politiqueiros conseguem, ironicamente, uma projeção imerecida. A leitura dos textos que compõem a biografia e o perfil administrativo de Ivo Arzua, seu curriculum e, especialmente, a absoluta unanimidade em torno de sua integridade e honestidade - homem modesto, que sempre viveu de seus rendimentos, sem qualquer ostentação - fazem com que qualquer paranaense lúcido não só o respeite e o admire, como pergunte, neste momento em que do PMDB ao PSDB, os partidos se debatem na falta de candidatos capazes de inspirarem confiabilidade junto aos desiludidos eleitores por que não se busca Ivo Arzua Pereira como opção capaz? Entretanto, Ivo Arzua magoado com tantas traições sofridas, a exemplo de outros homens de bem, há anos [já afastou-se] das especulações políticas. Afinal, pessoas como ele - cada vez mais raro, infelizmente - não pedem cargos e posições. Ao contrário, são legítimas forças de energia e competência que deveriam usinar os setores que necessitam de trabalho, competência e honradez. Quem perde, com isto, é a cidade e o Estado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
03/04/1992

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