Ataulfo, 1909-1969: uma dupla efeméride
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de abril de 1989
Uma dupla efeméride, que merece comemorações: quinta-feira, 20, foi o 20º aniversário da morte de Ataulfo Alves, que completaria 80 anos no dia 2 de maio. Mineiro de Miraí, na Zona da Mata, no Rio de Janeiro a partir de 1926, origens humildes, seria - como outro mineiro, Ary Barroso (Ubá, 7/11/1903 - RJ, 9/2/1964), um dos grandes compositores populares, enriquecendo o samba com aproximadamente 700 músicas compostas em 35 anos de atividade.
Ataulfo foi um cantor de poucos parceiros, já que ele trabalhava com letra e música. Mas seu maior sucesso - que seria uma espécie de hino criando uma imagem da mulher desejada por todos os machistas. "Ah! Que Saudades da Amélia", foi em parceria com Mário Lago.
Conscientemente, Ataulfo sempre soube que não era um cantor de grandes recursos e assim na década de 40 idealizou uma fórmula de contornar este problema, colocando três moças de escola de samba para darem um molho aos seus shows. Além de fazerem coro, elas compensavam seu jeito de mineiro no palco. Com isto, Ataulfo introduziu as suas Pastoras no samba, abrindo caminho para os coros de vozes femininas tão utilizadas depois. A utilização do lenço branco nas mãos foi outra inovação que fez para enriquecer sua presença no palco. Considerado um homem bastante elegante por todos que o conheceram, chegou a fazer parte da lista dos 10 mais elegantes, do colunista Ibrahim Sued.
Quando morreu, há 20 anos passados, mais de 10 mil pessoas acompanharam o corpo do compositor. O menino que chegara ao Rio 43 anos antes ("Eu vim para o Rio na época em que eu sonhava com um a cidade grande, sonhava com o Rio, sempre sonhava em ser alguma coisa que não sabia o que era, eu queria andar..." - de seu depoimento no MIS-Rio de Janeiro, em 1965), com o sonho de conquistar uma cidade, conquistou um país com suas músicas que permanecem entre as mais conhecidas - daquelas que todos assoviam e cantam.
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