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Aramis

Blindagem, a busca do espaço rock

SE há um grupo instrumental-vocal que vem suando a camisa para encontrar espaço no competitivo mercado musical é, sem dúvida, o Blindagem. Assim como fez A Chave durante anos (até que seus integrantes resolveram pendurar as chuteiras), o Blindagem procura todas as chances para penetrar no ranking da música jovem quem embora aberto a tantas mediocridades "made in Rio/São Paulo" até hoje não deu a abertura que o grupo liderado por Paulo Juk merece. Agora uma nova tentativa é feita: um campacto simples, gravado na Odeon, produzido por um experiente compositor e record-man do setor, Pisca(autor de "Sonho de Ícaro", sucesso de Biafra; ex-guitarrista do Casa das Máquinas, ex-guitarrista e diretor musical e Ney Matogrosso e atualmente desempenhando estas funções para Gal Costa). Encarregado pelo Odeon para lançar novos conjuntos de rock - na disputa de um mercado próspero em termos de vendas (mas nem sempre em termos de qualidade), Pisca se interessou pelo som do Blindagem - que anteriormente fez discos na Continental e na Pointer. E, do que ouviu, Pisca, só achou que um - no caso o Blindagem - poderia gravar (embora tivesse uma quota para seis produtos novos, designação mercadológica para os conjuntos deste projeto). Opinião de Pisca: - "O Blindagem tem um bom nome, formação estável e garra". E os rapazes curitibanos foram para o Rio onde, durante cinco dias, gravaram duas músicas. Diz Juk: - "pelas informações acreditamos que seja lançado após o Rock in Rio. Pelo que sentimos dos técnicos e pessoas de dentro da gravadora, o Blindagem realmente agradou". Foi considerado um rock diferente da mesmice que vem sendo feita pelos inúmeros conjuntos aparecidos nestes últimos meses. O Blindagem tem consistência, peso e vocal agressivo - "bem diferente do que é gravado pelos conjuntos brasileiros". Modestamente, Ivo diz: - "não vou prever nada, porque acredito que não adianta. O negócio é esperar e ver os resultados, mas existe fé e esperança de que vai acontecer alguma coisa. Pela primeira vez, nós entramos num estúdio com uma real direção artística e uma pessoa que soube tirar de cada um dos músicos do Blindagem o melhor". xxx Uma das músicas, acompanhando a tendência dos conjuntos musicais dos Estados Unidos e Europa, é na linha do Heavy Metal - ou seja, um som da pesada. O nome da música, inclusive, ficou "Blindagem" - que lembra metal, resistência - mas cuja letra fala dos problemas de um músico de rock para fazer sucesso. Já a outra é numa linha de humor - outra tendência observada nos grupos jovens. O título ainda não foi definido: tanto poderá se chamar "Operário Padrão" como "Dólar" ou "Pega o Dólar". A letra (do Pisca) faz uma comparação entre o dólar e o cruzeiro. Uma letra que pela sua ironia, merece ser divulgada antecipadamente e que vai aqui em primeira mão: Será que virou festa esta infla-confusão Toda vez que o dólar sobe cai de esta o meu barão Tem gente nas esquinas reclamando o seu quinhão Desta parte do tesouro que não vem pra sua mão Isso é coisa de pirata, 30 dias sem perdão Suando feito louco pra ser Operário padrão Dormindo acordado tento achar a solução Sabendo que minha grana já não vale um tostão Já virou bagunça essa maxi-cotação Logo vai pro CTI pra recuperação E todo fim de mês sem ter mais pra quem apelar Em grande desespero fica o povo a gritar Pega essa notinha, segura essa verdinha Não deixe essa danada subir Pega essa notinha/segura essa verdinha Senão o meu barão vai cair.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
07/12/1984

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