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Bugsy e Misery, estréias com peso de Oscar

Sorrisos dentifrícios nos exibidores com a temporada dos filmes oscarizáveis. Depois de "JFK- A Pergunta Que Não Quer Calar" de Oliver Stone (8 indicações, Cinema I) e "O Príncipe das Marés" de Barbra Streissand (7 indicações, Cine Bristol), chega o supercampeão das nominations: "Bugsy", de Barry Levinson, 10 indicações e garantia de muitas semanas lotadas no Cine Plaza onde estréia amanhã. Entre as quatro estréias da semana, um filme de suspense e que no ano passado valeu o Oscar de melhor atriz à ainda desconhecida Kathy Bates mas que só agora chega ao Brasil: LOUCA OBSESSÃO (Misery), de Rob Reiner, já em cartaz no Astor. As outras estréias são "Bonita e Perigosa", de Jeff Kanew - com a belíssima Katheleen Turner como a implacável detetive V.I. Warshawski (Cine Palace Itália), "Fugindo Para Viver" (Run), de Geoff Burrows, de Geoff Borrowe (São João) e "Mate-me Outra Vez" de John Dahl - que tem como atração a presença de Val Kilmer (que interpretou Jim Morrison em "The Doors") no Lido II. No Groff, uma reprise que merece atenção: "O Fator Humano" (The Human Factor, 1979), o último filme realizado por Otto Preminger (1906-1986), com base no romance de Graham Greene (1904-1991) e com um bom elenco (Nicol Willianson, John Gieldgud, Robert Morley, Ann Todd). Um filme marcante sobre o mundo da espionagem, que Greene, ex-agente secreto, conheceu profundamente. BUGSY, o favorito para o Oscar-92, com 10 indicações, é mais uma demonstração de que Warren Beatty ("Reds", "Dick Tracy"), é um midas: sempre está associado a projetos bem sucedidos. Uma sofisticada biografia do gangster Bugsy Malone, que sonhava em ser ator (chegou a fazer teste e tornou-se amigo de George Raft e outros nomes famosos) e foi o idealizador de Las Vegas como um centro de jogatina e prazer. Desta vez Warren não quis dirigir: chamou o australiano (radicado nos EUA) Barry Levinson, que há dois anos já havia realizado o sensível "Conduzindo Miss Daisy" (que valeu o Oscar de melhor atriz a Jessica Tandy), e, ao lado da bela Annete Bening (hoje sua esposa e mãe de seu primeiro filho), Harvey Keitel, Bem Kingsley, Elliot Gould e Joe Mantegna, lidera o elenco deste filme com todos os ingredientes para agradar ao público - e que, mesmo aos mais sisudos, oferece motivos de visão obrigatória. Louca Obsessão (Misery) demorou para estrear. No ano passado, valeu a sua atriz, a excelente Kathy Bates, mais conhecida pelos seus trabalhos na Broadway (embora tenha aparecido em vários filmes), o Oscar de melhor atriz no ano passado. Kathy, que está no elenco de "Brincando Nos Campos do Senhor", de Hector Babenco (filmado no Pará há 2 anos) interpreta a enfermeira Annie Wilkes, cuja paixão pelo romancista Paulo Sheldon (James Caan) se transforma em ódio ao saber que ele pretende "matar" a personagem que o havia consagrado como escritor. Com semelhanças a um clássico de William Wyller ("O Colecionador", 65), este filme baseado em romance de Stephen King (de certa forma, numa auto-sátira ao seu próprio desejo de abandonar o gênero que o consagrou) tem elementos de grande comunicação com o público. No elenco, Richard Farnsworth e a veterana Lauren Bacall - que há alguns anos fez um filme que também mostrava como a relação amor-admiração pode se transformar em ódio mortal ("O Fã"). A direção é de Rob Reinner, filha de Carl (também cineasta consagrado) que tem confirmado seu talento em filmes como "Conta Comigo" e "A Princesa Prometida". Um filme de público garantido e visão obrigatória. BONITA E PERIGOSA (v. l. Warshawsky) é um filme de ação, como uma detetive particular, a personagem título (Kathleen Turner) envolvida em tramas movimentadas. A direção é de Jeff Kanew, adepto de filmes movimentados. MATE-ME OUTRA VEZ (Kill Me Again), do desconhecido John Dahl - e com elenco também pouco atraente - é outro filme de ação, sobre um investigador particular, Jack Andrews (Val Kilmer), que se envolve com uma mulher (Joanne Whalley-Kilmer) que após um assalto a um banco foge para Las Vegas. Situações previsíveis num filme sem maiores referências. FUGINDO PARA VIVER (Run), de Geoff Burrows, com Patrick Dempey, entra naquela categoria de filmes-tampão, que são normalmente programados para o São João. Entre filmes que continuam em cartaz, a indicação vai para VOLTAR A MORRER (Dead Again), confirmação absoluta do talento do irlandês Kenneth Branagh ("Henrique V"), que após sua estréia nas águas de Laurence Olivier com o drama shakespereano, mergulhou numa história fascinante que o velho Hitchcook não faria melhor. Aliás, referências a "Vertigo/Um corpo que cai", 1958) não faltam em relação a este excelente filme com o próprio Keneth, mais Andy Garcia, Derek Jacobi e a bela alemã Hanna Schugulla. Em exibição no Cine Condor. LEGENDA FOTO: Kathleen Turner é V.I. Warschawski, uma detetive durona em "Bonita e Perigosa".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Seção de Cinema
17
12/03/1992

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