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Aramis

Cansado, o velho Onha vende seu restaurante

A cidade perde, dentro de alguns dias, mais um restaurante tradicional: o velho Onha, cansado e doente, colocou a venda o seu estabelecimento, na Avenida Monteiro Tourinho, no Bacacheri. São 45 anos de culinária, na qual Onha - no registro civil Leonardo Werzbitzkia - fez fama com sua feijoada, durante anos a melhor da cidade. Pelo menos quatro gerações de glutões e boêmios curitibanos foram fregueses do velho Onha - apelido que ganhou em seus tempos de craque da segunda divisão. Quando lhe perguntam o que significa, ele diz: - "Foi uma cigana que me apelidou Onha, que significa rápido, lépido". xxx O restaurante Onha começou na Rua Ébano, 22. De lá saiu há 16 anos, quando se transferiu para a sede própria - um casarão de 300 metros quadrados, inaugurado a 29 de fevereiro de 1971. - "O ano era bissexto mas deu sorte". O próprio Onha - que manteve a tradição de seu José, no ramo de restaurantes - não quis que seus filhos continuassem no ramo. Lamenta: - "É muito trabalho, é uma prisão. Em toda minha vida, só conheci São Paulo e Rio de Janeiro. E nos meus tempos de jogador de futebol... Nunca pude ir a Foz do Iguaçu e deixei de ver as Sete Quedas". xxx Assim, Leonardo Werzbitzkia, 74 anos, viu seus filhos seguirem outros caminhos: João José, ex-jornalista, é hoje dono de uma das agências de publicidade mais prósperas da cidade. Rubens e Jorge são funcionários da Secretaria da Segurança Pública. Mas Onha espera que a tradição da feijoada não morra. Para tanto, se propõe a dar uma assistência técnica ao futuro comprador de seu estabelecimento - o preço é de Cz$ 7 milhões, incluindo o imóvel ("e que vale mais de Cz$ 12"), e há três interessados, um dos quais de tradição no ramo. Além de prometer assistência gastronômica, Onha já acertou também que os dois velhos garçons possam continuar - "pois eles sabem detalhes sobre toda a freguesia", o experiente Amir Silva, lapeano, 58 anos, há 16 na empresa, e Luís Cidral, 48 anos, desde 1956 trabalhando com Onha.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
01/07/1987

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