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Aramis

Canto do Sul ainda sem vez.

Quando dois instrumentistas que residiram algum tempo em Curitiba e hoje são profissionais de alto destaque nos EUA, retornam ao Brasil, participando do Festival de jazz Rio/Monterrey/ (hoje, encerramento, no Maracanãzinho) - Airto Moreira e Raul de Souza - e que, para rever parentes, devem chegar amanhã a Curitiba, não deixa de ser oportuno se falar novamente nos nossos cantores e músicos em busca de sua vez e hora. O governador Ney Braga, pessoalmente um entusiasta da música brasileira, sempre que tem ocasião de falar a respeito, está a cobrar: "e por que o Paraná não acontece nacionalmente? "Depois dos baianos, vieram os mineiros, os pernambucanos, os paranaenses, os gaúchos, sem falar nos cearenses tão bem impulsionados por Fagner na CBS, que a multinacional deixou de ser "a gravadora do Roberto" para ser "Cearenses Bem Sucedidos". Até os piauienses estão gravando em etiquetas nacionais, enquanto os paranaenses... Falta de talento não é "Onze Cantos", de Paulinho Vitola e Marinho Galera, está entre os melhores discos do ano passado e pode entrar em qualquer programação FM. Mas não houve a menor repercussão deste disco fora do Paraná e mesmo por aqui poucas emissoras o programa como merece. Xxx Agora, uma nova tentativa é feita: Dirceu Graeser, 40 anos, espécie de "Roberto Carlos tupiniquim nos anos 60, quando comandava "Favoritas da Juventude" em auditórios da Tingui, Guairacá, Cultura, hoje dedicando-se a publicidade e ao esporte, com programas na Rádio Cultura e TV-Iguaçu, voltou a gravar. No Sir Laboratório de Som e Imagem, com arranjos do competente Reinaldo Godinho (um talento imenso, que há muito já mereceria reconhecimento além-fronteiras), fez um elepe ao qual deu o título "O Som do Samba no Sul-volume I". Com seis sambas, dois boleros e duas baladas, o disco teve uma tiragem de 3.500 cópias, das quais 1.500 o autor ofereceu a entidades assistenciais. Vendeu 1.200 antecipadamente, distribuiu 800 e o saldo está nas lojas. Compositor romantico, lembrando às vezes um pouco a Bossa Nova, outras a fase mais ingênua da jovem guarda, Dirceu é o autor de 8 faixas, enquanto que Paulo Hilario, outro outro ex-cantor jovem, hoje empresário (é executivo de publicidade do grupo Todeschini), é o autor de "O Pássaro", uma das músicas mais programadas. E a K-Tel, etiqueta paulista que começa a se movimentar nacionalmente, acertou com Dirceu a reedição do disco, com o título de "O Pássaro", ampliando a foto da Ilha do Mel e lançando-o nacionalmente. "Não esperava por isso e até estou pensando em voltar a cantar em público", diz Dirceu, advogado da turma de 67 da Católica e que concorreu a vereador nas últimas eleições, fazendo 3.500 votos ("faltou só 300 para entrar"), há mais ou menos 10 anos não atua profissionalmente. Seu elepê tem bom nível técnico, músicos ajustados e confirma as possibilidades do Sir ser um centro irradiador em termos fonográficos. Se Dirceu Graeser volta de forma quase inesperada ao disco, o caso de Paulo de Paula é bastante curioso. Mineiro de Mantenas, mas criado em Assis Chateaubriand, Agenor Barbosa seu nome verdadeiro, 29 anos, começou cantando músicas de Tonico & Tinoco, criando um estilo tão bom, que mereceu da CBS a chance ali de fazer um elepe com "clássicos" da dupla formada pelos irmãos Perez (contratados há muitos anos da Continental). Naquela época, Paulo de Paula - ou Agenor Barbosa - trabalhava como divulgador da CBS em Curitiba. Compôs então uma música de letra audaciosa uma verdadeira louvação do "voyerismo", intitulada "Quarto de Mansão", que gravada em compacto vendeu mais de 100 mil compactos. O suficiente para lhe valer um elepe, onde já era apresentado em novo visual: ao invés do estilo caboclo da época CBS, pinta de galã-triste, com músicas chorosas, capazes de atingirem a faixa onde Aguinaldo Thimóteo, Lindomar Castilho e Nelson Ned reinavam tranquilos. Agora, Paulo de Paula tem seu segundo elepê na praça, "A Procura da Paz" (RGE, junho/80), com músicas na linha erótica-romântica, como "A Primeira Vez", "Buraquinho na Parede"), de Zé da Praia, seu parceiro em "Quatro de Mansão"( e que volta ao "voyerismo" origibal) "Revista Proibida". Na capa, a imagem do novo "marketing": Paulo frente à paulicéia desvairada, olhar perplexo. Como a se perguntar: "op que estou fazendo aqui, eu que sou de Assis Chateaubriand". Xxx Na mesma faixa de Paulo de Paula atua Diva Maria (Silvério Martins), paranaense de Primeiro de Maio, mas que fez sua carreira fora do Paraná. Gravou boleros que agradaram muito e agora a Polygram investe em "A Espera da Felicidade", onde Diva, com seu estilo dor-de-cotovelo, tem chances de dividir o campo com cláudia Barroso. E quem não tem elepe, caça em compacto: um jovem, Paulo Marcelo, fez numa desconhecida etiqueta, MDC, do sr. Carlos Iriney Kayser, num compacto simples, com as músicas "A Mesma Moeda" e "Na corrente de meus braços", Consta que Paulo Marcelo, paranaense de São José dos Pinhais, tem fã clube com 25 mil sócios. Se for verdade, já tem garantida a prensagem de um elepe. Afinal, um disco que venda 10 mil cópias, descontados despesas, dá um lucro de Cr$ 1.000.000,00. O problema é vender sequer 3 mil cópias... LEGENDA FOTO 1 - Dirceu Graeser o som do samba no sul.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
7
17/08/1980

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