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Aramis

Cantoras & violonistas

Há dois anos, quando esteve pela 3.ª vez no Brasil, Sarah Vaughan, uma das 5 grandes Damas da música americana, entusiasmou-se com os compositores que conheceu na residência do poeta Herminio Bello de Carvalho. Decidiu gravar um elepe só de autores brasileiros e Herminio foi convidado para produzi-lo. Problemas comuns na área fonográfica levaram a Aloysio de Oliveira, veterano record-man de vivência nos EUA, a assumir essa função e o resultado foi o lp << O som brasileiro de Sarah Vaughan >>, lançado pela RCA, um dos 10 melhores discos daquele ano. Agora, o mesmo Aloyso volta a produzir novo elepe de Sarah Vaughan interpretando nossas músicas (<< Exclusivamente Brasil >> Philips), mas que sai pelo Polygram. O destaque especial desta produção é a presença de Hélio Delmiro, 33 anos, um dos melhores guitarristas da nova geração - e que simultaneamente tem também seu primeiro elepe - solo lançado (<< Emotiva >>, Odeon). Como Elizeth Cardoso no Brasil, Sarah Vaughan só canta melhor Cardoso no Brasil, Sarah Vaughan só pretes domina todas as potencialidades vocais, emoldurando em << scats >>, em inflexões únidas temas já conhecidos, dando nova leitura - para o que conta - e muito - os arranjos do jovem Edson Frederico, também pianista. Se Hélio Delmiro está presente em todas as faixas com violão acústico e guitarra, Wilson das Neves acompanhou na bateria (com exceção de << Chovendo na Roseira >> com Grady Tate), enquanto no baixo ficou o americano Andrew Simpkins. Gravado entre 1.º a 5 de outubro do ano passado, << Exclusivamente Brasil >> está entre os mais deliciosos álbuns deste semestre, oferecendo a oportunidade de se ouvir as interpretações da grande Sarah em << Copacabana >> (João de Barros/Alberto/Ribeiro) << Abre Alas (Ivan/Victor Martins), << Pra Dizer Adeus >> (Edu/Torquanto Neto, na capa do disco atribuída a letra a Vinícius de Moraes), << Vivo Sonhando >> (Tom), << Gentle Rain >> (Luiz Bonfá), << Tete >> (Roberto Menescal/Ronaldo Boscoli), << Chovendo na Roseira >> (Tom) e << Bonita >> (Tom). As letras foram vertidas por Johnny Burke, Lennie Hall, Gene Lees, Ray Gilbert e o Próprio Aloysio de Oliveira. Um elepe magnífico, delicioso! Hélio Delmiro teve seu lp << Emotiva >> registrado em nossa edição de sexta-feira, na coluna << Ligadão >>. Mas não deixa de ser significativo o aparecimento deste seu álbum-solo, dividido com Pascoal Meireles (bateria), Danilo caymmi (flauta), Paulo Russo (baixo) e Jota Moraes (vibrafone). Como lembrou o experto José domingos Raffaelli. Hélio é admirado e respeitado internacionalmente, reconhecido como um dos melhores guitarristas do momento. O repertório deste elepe - produção de Maurício Quadrio e Victor Assis Brasil - foi dos mais ecléticos: desde um curto (mas sensível) choro dedicado ao avô (<< marceneiro Paulo >>) até clássicos como << Epistrophy >> (Monk/Clark) e a emocionante << Body And Soul >>, sem falar em duas faixas de Assis Brasil, << Pro Zeca >> e << Waltzin >>. João de Aquino é hoje um dos principais produtos da CBS. Uma atividade tão intensa que o tem feito afstar-se quase do violão, ele que é um dos melhores instrumentistas brasileiros. << Violão Viageiro >>, produção de Herminio Bello de Carvalho, há 5 anos passados, foi um dos melhores elepes instrumentais da década. Já o disco posterior De Aquilo, com temas umbandistas, não teve o mesmo nível. Felizmente, agora, em << sfalto >> (CBS/EPUC 235042, maio/80), reencontramos em ótima forma, com um repertório dos mais equilibrados, procurando dar maior destaque a parte instrumental - no que é, realmente, vigoroso, do que no vocal - embora em uma faixa (<< Angola >>, letra de Ederaldo Gentil) acople o vocal ao violão ovation. Instrumentistas identificados com suas propostas foram convocados para as diversas faixas, como << Hora do Rush >> (tema de Roberto Guima), << Nova Capela >>, << Pinote >> e << Fundo de Quintal >> (uma espécie de sobra do lp anterior, << Terreiro Grande >>). Em três momentos (<< Acústico >> II, III, e IV), temos somente o violão solo de João de Aquino, o que nos leva a conclusão de que, se quiser, ele poderá dispensar músicos acompanhantes. Talvez até mais significativos do que estes trabalhos coletivos - onde, em certos momentos, se lamenta que a sonoridade de suas cordas sejam abafadas por outros instrumentos. FOTO LEGENDA- Sarah Vaughan
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
1
22/06/1980

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