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Aramis

Caruso, Gigli e Schipa mesmo com algum barulho

O público que curte a Ópera é dos mais fiéis, capaz de qualquer sacrifício para ter a íntegra de um grande espetáculo, disposto a fazer economias para ir ao Rio assistir as (poucas) montagens que são feitas ou buscando preciosidades espalhadas em edições raras. Não só as gravações novas, perfeitas, no sistema digital, mas também os registros antigos, de mestres como Caruso, Schipa e Gigli. Os chiados dos velhos 78 rpm, mesmo quando corrigidos (na medida do possível) pelos novos sistemas, não impedem que estes solistas extraordinários tenham sempre seus discos aceitos e consumidos por uma platéia fiel. Justamente para este público, capaz de desculpar falhas técnicas pela emoção de ouvir os virtuoses do passado, a RGE lançou dois discos: "Célebri Canzoni Napoletane" com Schipa, Gigli e Caruso e "Romanze Celebri", com Enrico Caruso. Os discos não trazem as menores informações sobre quando foram feitas estas gravações e nem o processo que se utilizou para resgatá-las em elepês. Um verdadeiro mistério, compreensível se fosse um disco pirata, mas não em produções de uma gravadora legalmente estabelecida. Tito Schipa (Lecce, Itália, 2/1/1888 - Nova Iorque, 16/12/1965), em "Célebres Canções Napolitanas" interpreta canções populares como "Marechiare" (Di Giacomo-Tosti), "Mangini Coletti" e "Tarantella", "Stracciari", "Core'Ngrato", "Funiculi Funiculá", "Amato", "Torna a Soriento", "Ole Mio" e "Santa Lucia". Já com Bienamino Gigli (Recanati, 20/3/1889 - Roma, 30/11/1957) temos apenas uma faixa - a "Serenata" de Frigo, enquanto Enrico Caruso (Nápoles, 25/2/1873-2/8/1921) aparece mais generosamente: "Matinata" de Leoncavallo, "Lauri Volpi", "Ideale", "Parlami D'Amore Mariú". O mesmo Caruso retorna em "Romanze Celebri" em nada menos que dez faixas, com árias de óperas de Verdi ("Rigoletto", "La Traviata", "Il Trovatore" e "La Forza Del Destino"), além de Donizetti ("La Favorita"), Mayerbeer ("Gli Ugonotti"), Bizet ("I Pescatore Di Perle"), e Flotow ("Marta"). Um disco no mínimo curioso - capaz de merecer ressalvas dos especialistas como Hélio Germiniane, Humberto Lavalle e Joel Mendes - mas que não deixa de representar uma contribuição da RGE à discografia lírica no Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
21
24/02/1985

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