Casa dos Arcos, um endereço para o MIS
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de maio de 1987
Dependendo apenas da boa vontade da Sra. Diana Romani, há muitos anos dividindo sua residência entre São Paulo-Roma, o pioneirismo de sua família no comércio curitibano, bem como a contribuição que seu irmão, Mário - falecido há alguns anos, na Itália - serão perpetuadas com espaços culturais na cidade.
A Secretaria da Cultura deseja alugar a chamada "Casa dos Arcos", na praça Eufrásio Corrêa - pertencente à família Romani - para ali instalar o Museu da Imagem e do Som, atualmente precariamente - como sempre - funcionando num casarão na Rua Martim Afonso.
Tratando-se de um imóvel já tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, a Casa dos Arcos, construída há mais de cem anos, presta-se a uma unidade cultural. Vaga há um mês, com a extinção da Promopar - que se fundindo ao antigo Instituto de Assistência ao Menor forma agora a Fundação de Ação Social do Paraná, o amplo solar está a espera de novo inquilino, que poderá ser a Secretaria da Cultura, disposta a pagar o aluguel atual de Cz$ 59 mil por mês.
A intenção do secretário René Dotti, e da Cultura, é aproveitar os quase 1.500 metros da Casa dos Arcos com salões para exposições permanentes, um amplo auditório para projeções de filmes e vídeo, além das instalações normais do MIS, incluindo laboratório de som e imagens. Em homenagem à família Emilio Romani, poderá ser reservado um espaço privilegiado, para uma exposição permanente sobre a mesma - bem como sobre a própria utilização do imóvel ao longo de quase um século. Pensa-se, inclusive, em dar a um dos auditórios ou salas de exposições o nome de Mário Romani, que embora nascido na Itália foi sempre um curitibano apaixonado, aqui tendo uma intensa participação na vida cultural e artística.
Sociólogo e historiador, tendo inclusive colaborado em pesquisas para os livros de seu tio, o escritor José Jofilly, o professor César Benevides, diretor administrativo-financeiro da Fundação de Ação Social do Paraná se preocupou, quando assumiu a Promopar - em sua fase final, em levantar alguns dados do prédio onde a antiga Fundação funcionou por quatro anos. Assim, com ajuda da funcionária Lair Bacelar, levantou-se que a Casa dos Arcos, construída na segunda metade do século passado, serviu ao 39º Regimento de Infantaria, durante a revolução Federalista. Houve inclusive uma época em que ali estiveram prisioneiros políticos, que teriam sido torturados e mesmo, consta, fuzilados em seus jardins.
Antes de passar para a família Romani, ali funcionou também o Hotel Tissi e, neste século, independente do longo período em que sediou a firma comercial, teve outros inquilinos. Por exemplo, ali foi a primeira sede da Companhia Força e Luz do Paraná e foi alugada pela Sociedade Operária Beneficente 14 de Janeiro, com bailes famosos não só pelo entusiasmo dos participantes mas também por grandes confusões e brigas ali ocorridas.
Graças ao entusiasmo do falecido Mário Romani pela preservação de prédios e monumentos de valor na cidade, a antiga construção - bastante deteriorada pela ação do tempo e diferentes ocupações - foi restaurada no final dos anos 70, sendo então alugada para o Governo do Estado, que ali instalou a Promopar - Fundação de Promoção Social do Paraná.
Agora, com as novas diretrizes do secretário Rubens Bueno, do Trabalho e Ação Social, fundindo a Promopar e o IAM numa nova entidade - a Fundação de Ação Social do Paraná, toda a parte administrativa se concentrou na sede própria do antigo IAM (Rua Hermes Fontes, 315), liberando a Secretaria do aluguel mensal de Cz$ 59 mil mensais.
Por sugestão do economista César Fonseca, funcionário da Promopar - atualmente assessorando tecnicamente o Museu da Imagem e do Som (do qual já foi diretor, entre 1980/81), o secretário Renê Dotti visitou a Casa dos Arcos e sentiu que a mesma se presta para sediar o MIS - a procura de novas instalações. A proposta de reaproveitamento do grande espaço cultural, excelentemente localizado na Praça Eufrásio Corrêa - (que necessita uma reativação como espaço de lazer e cultura) - faz com que o imóvel sirva para o funcionamento do MIS, que, se espera, venha a ter em breve uma grande atuação na programação da cidade. Para tanto, basta que as negociações para o aluguel do imóvel cheguem a um bom termo e assim, todos ganharão: a Secretaria da Cultura, ocupando um prédio ligado à história da cidade e à família Romani, tendo uma homenagem com um espaço nobre dentro do MIS.
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