Chaplin, Cooper e o peru nas mensagens
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de dezembro de 1990
Reflexos das nuvens cinzentas também nas mensagens de Natal.
Rarearam as mais sofisticadas, para não falar em brindes restritos a econômicas soluções. Mas entre os cartões recebidos, há sempre momentos de originalidade e toques de poesia.
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O advogado Francisco Souto Neto, assessor de assuntos culturais do Banestado e colunista de artes plásticas do "Jornal da Industria & Comércio", como cinéfilo, aproveita sempre o Natal para dar asas às suas fantasias hollywoodianas. No ano passado, fez uma montagem em que aparecia ao lado de divas do star system. Este ano, como sempre ao lado de sua mãe, Edith - e convidando dois amigos - o mímico Luiz Berlim Júnior, vestido como Chaplin, e a bela morena Mara - externa os votos de que "em 1991, apesar do "plano" continuemos mantendo vivos a arte e os sonhos em nossas vidas".
Cinematográfica também é a imagem que João José faz para sua agência de publicidade: a famosa foto da seqüência em que Gary Cooper (1901-1961) enfrenta os facínoras em "Matar ou Morrer" (High Noon, 52, de Fred Zinnemann). A mensagem é sutil, como aquele clássico: "Como já vimos, uma bala só na agulha não basta... Por isso resolvemos pedir uma boa ajuda, porque sabemos que vamos precisar de coragem, ousadia, determinação e uma bela pontaria para não perder um tiro sequer. Só assim 1991 poderá ser um novo filme de final feliz".
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Eloy Zanetti, o homem de comunicação de O Boticário, recorreu a Gertrud Stein (1874-1946) para a minimalista mensagem ecológica: "Uma árvore é uma árvore, tem cheiro, forma e coração".
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Já a Fundação Sidônio Muralha, naturalmente, vem com um poema de seu patrono:
"Eu conheci um Peru / Nascido no Peru
Num dia / do sol / que dizia
Glu-glu / com um sotaque espanhol
É de crítica / Ouvir castanholas
E pensar / pensar / em caçarolas
Tudo acontece / Um dia / Mas se não
Houvesse Natais / Haveria
Perus a mais.
LEGENDA FOTO - Gary Cooper para enfrentar 91.
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