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Aramis

Choro & Saudade

1977 parece que será o ano do chorinho! Felizmente, em boa hora, o interesse do público, das gravadoras e mesmo de empresários está se voltando para esse gênero tão brasileiro, tão criativo, mas que apesar disso passou quase três décadas marginalizado, somente sobrevivendo graças ao esforço de alguns músicos-heróis como Jacob do Bandolin (Jacob Pick Bittencourt, 1919-1969), Canhoto, Luperce Miranda (1906-1977), Horondino Silva, Severino Araújo e a poucos outros. Felizmente, agora, os Clubes dos Choros - no Rio, Brasília, Recife, etc., eventos - como o 1º Encontro Nacional do Choro (Anhembi, 1º e 2º de junho/77), programas de televisão e principalmente discos, estão fazendo o choro reaparecer, em grande forma. A Continental, que tem dado nos últimos meses grande atenção ao gênero, montou um lp ("Chora Chorão", 1-07-405-113, julho/77), com o grupo Época de Ouro ("Noites Cariocas", "Diabinho Maluco", ambas de Jacob do Bandolim), Severino Araújo ("Espinha de Bacalhau" e "OH! Clarinete Gostoso), o próprio Jacob ("Cabuloso" e "Remeleixo"), Canhoto e seu conjunto ("Homenagem A Velha Guarda" e "Sofres Porque Queres"); Deo Rian ("Vale Tudo" e "Paciente") e Waldir Azevedo ("Chorando Pra Pixinguinha" e "Choro Novo em Dó"). Marcus Pereira, incansável defensor da cultura popular brasileira, editou os melhores momentos do 1º Encontro Nacional do Choro ("Todo o Choro", DMP, 9362, julho/77), reunido "cobras" como Raul de Barros (trombone), Carlos Poyares (flauta e flauta de lata), Pernambuco do Pandeiro, Abel Ferreira (clarinete e saxofone), Altamiro Carrilho (flauta), Waldir Azevedo (cavaquinho), numa seleção dos melhores choros. Já com o Quinteto Villa-Lobos, temos outro excelente disco (também produção de Marcus Pereira, MPL 9361), reunindo temas de autores como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Benedito Lacerda; Anacleto de Medeiros, K. Ximbinho, Zequinha de Abreu, Paulinho da Viola e Fernando Costa e Benny Wolkoff, com um "Choro Para Quinteto", feito especialmente para o grupo, formado por Carlos Rato (flauta), Eros Martins (oboé), Paulo Sergio (clarineta), Carlos Gomes (trompa) e Airton Barbosa (fagote). O flautista Carlos Poyares, acompanhado por regional, acaba de fazer também um lp bastante curioso: "Chão da Gente / Temas inspirados em cidades e recantos do Brasil" (Discos Marcus Pereira, MPL 9360, julho/77). Poyares, excelente flautista, acompanhado por um excelente regional, reuniu temas ligados a cidades e recantos do Brasil: "Tardes em Lindóia" (Zequinha de Abreu / Pinto Martins), "Porto dos Casais" (Jaime L. Lubianca), ("Primavera no Rio/Copacabana"( (João de Barro /Alberto Ribeiro), "Saudades de Ouro Preto" (Murillo Alvarenga), "Na Baixa do Sapateiro" (Ary Barroso) etc. A mesma idéia - fazer um lp com nomes de localidades - teve Alberto Calçada, veterano músico do elenco da Chantecler, há anos ausente de gravações, para seu conjunto, reaparecer num lp intitulado "Saudade de Minha Terra" (Chantecler/Rosicler, 2-12-703-067, julho/77), onde gravou 12 músicas com a palavra "Saudade de ...", seguida do nome de uma localidade: Ouro Preto, Pádua, Lapa, Vila Rica, Campo Grande, Tatui, Matão, Uberaba, Goiás, Ouro Fino, Araguari e Minha Terra. São 12 valsas, de vários autores - Antenógenes Silva, José Rielli, Claudio Viotti, Raul Torres, Waldemar Roveran, Décio Pacheco da Silveira e o próprio Calçada. Dois discos - nostalgia, com gosto do Brasil com a (tranqüilidade( provinciana. Recomendável aos fãs do gênero.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
27
07/08/1977

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