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Aramis

A Cidade & O Tempo

Há exatamente 50 anos, quando o comércio ainda não tinha inventado o Dia dos Namorados, um casamento de jovens de duas famílias alemãs da cidade, motivou a publicação do primeiro e único número de um dos mais originais exemplares da imprensa brasileira - cuja única cópia foi conseguida na semana passada pela bibliotecária Maria Maeder Gonçalves e agora faz parte do acervo da Casa Romário Martins. No dia do casamento de Herrn Adolph Naujoks mit fraulein Adelheid Roskamp, a 14 de junho de 1924, os amigos das duas famílias fizeram circular um jornal em tamanho tablóide, 4 páginas, chamado Hochzeits-Kladderadtsch (o que poderia ser traduzido como "Fofocas por ocasião de um casamento"), cujo redator-responsável intitulava-se "Sátiro". Abaixo do "expediente", com a informação de que o preço da assinatura era grátis, vinha um pedido bastante interessante "Batatas para atirar, ovos, laranjas, etc., serão aceitos de boa vontade, desde que estejam maduros, pois do contrário a gente desiste". xxx Inteiramente redigido em alemão, com 4 páginas, os redatores do Hochzeits-Kladderadtsch demonstravam excelente bom humor, incluindo apimentadas poesias, Informações Diárias, um "Cantinho de Perguntas", "O que muitos não sabem", "O Canto Literário", além de discreta página chamada "Abertura de cartas do novo par", onde publicava trechos das cartas amorosas trocadas entre Adelaide Roskamp (1902-1964) e Adolfo Naujoks (1895-1942), começando por uma epístola da enamoradíssima jovem, com os seguintes adjetivos: "Querido Adolfo: Oh, meu quente, querido noivo! Oh! essa saudade! Escreva logo!". Carta que Adolfo respondia também entusiasticamente: "Querida: tua carta me revolveu a alma! Eu me derreto! Escreva logo". A última página do jornal era uma espécie de miscelânea de classificados e indicador profissional, onde se lia o nome do já famoso Dr. Dante Romanó, "médico e operador", 74 anos, que se havia formado no ano anterior na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro. Aeuglein Klein, Muendlein fein, Diccke Beine, Zaehna reine, Nar der vorderse fehlet noch. Alle hat sie durchgeliebt, Bei ihm blieb sie sitzen. Hat der Arme Liebesglut, Wird dann fuer sie schwitzen. Und verkauft sie auch Fleisch in Fuelle, Fleischlos ist ihre sterbliche Huelie. Sie isst, só lang' sie essen kann, Sie isst, só lang' sie essen mag. Sie denkt, só ist;s doch klug, Weil oft die Hochzeit kommat im Flug, In der man klagt, nun gibt's nicht mehr genu! Heute glaenzt er hier im Frack und Putz. Morgen doch um Werktagsschmutz. Wer hat den schoensten, rund'sten Wamps Und schwing doch heut beheind zum Tanz? Reing hat er masslos keumm Und beweit heut, dass er dumun. Primeira página do Hochzeits - Kladderatatsch
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
16/06/1974

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