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Aramis

Cineclubes, revistas e um cinema que reabrirá

Curitiba tem um novo cine-clube. Chama-se Anigal Requião, numa homenagem ao pioneiro cineasta paranaense e foi fundado há duas semanas. A iniciativa é de Tony Fernando, publicitário, cinemaniaco e agora também assessorando a Isodoro Lassalve no setor de produção de cine-jornais e filmes publicitários da Arco Iris. O novo cine-clube funciona no cine Morgenau, com sessões de filmes de arte à meia-noite de sexta-feira e sábado. Para que este cine-clube seja mais bem sucedido do que dezenas de outros que desde os anos 50 vem sendo fundados, há um fator importante: os irmãos Jorge, Erasmo e João Souza, proprietários do cinema, antes de verem este ramp como comércio, tem um amor raro a sétima arte. Tanto é que mantiveram por mais de 20 anos o antigo cine Morgenau, no bairro do seminário e agora estão comendo o pão que o diabo amassou para conseguir pagar a URBS o alto aluguel da área na qual está instalado no terminal rodoviário da Praça Rui Barbosa. Felizmente, agora os irmãos Coragem (como são chamados no meio cinematográfico) conseguiram também algumas fitas pornográficas, com cenas de sexo explícito, para melhorar as rendas. Depois de "Sexo nas Alturas", em exibição, estarão lançando "Em Todas as Posições", de Rafaelle Rossi - o mesmo diretor de "Coisas Eróticas" - e que em matéria de atrevimentos pornográficos faz os filmes de Jerry Damiane parecerem programas de colegiais. Jorge Souza justifica a programação: - Para os filmes de arte, teremos o cine-clube. Para pagar as prestações, impostos e outras despesas, vamos de pornografia. xxx O Clube de Cinema de Porto Alegre está lançando o número 1 de "Moviola" (34 páginas, Cr$ 600,00), publicação das mais interessantes. Editada por Marco Antônio Bezerra Campos, Maria Lúcia de Azevedo Fróes e Marco Papaleo, a nova revista tem uma grande abrangência temática, sem o radicalismo de dar cobertura apenas ao cinema nacional. Alguns exemplares já estão sendo colocados em bancas de revistas próximos ao cine Groff, com boa acolhida. Neste primeiro número além de um noticiário up to date sobre produções internacionais, um importante estudo sobre os novos cineastas gaúchos, uma entrevista com o cineasta Pereira Dias - responsável por vários filmes produzidos e estrelados pelo cantor Teixeirinha - uma visão de Julio Ricardo da Rosa sobre o detetive no cinema e o completo levantamento que Maria Lúcia Fróes fez sobre o cantor David Bowie no cinema. Importante também a visão que Marco Aurélio Morsch traça sobre o compositor John Willians - 14 indicações e quatro Oscars por trilhas sonoras ("Um Violinista no Telhado", "Tubarão", "Guerra nas Estrelas" e "E.T."). Também merece destaque a matéria sobre expressionismo & cinema, de Ana Hauser Brody - a propósito da mostra do cinema expressionista alemão, apresentada no mês passado em Porto Alegre e agora em projeção na Cinemateca do Museu Guido Viaro, em promoção do Goethe lnstitut. O próximo número de "Moviola" deverá trazer maior número de páginas e uma extensa matéria do crítico Tuio Becker sobre a obra de Érico Verissimo no cinema, aproveitando o início das filmagens de "A Noite". O entusiasmo de Fernando Albagli, diretor industrial da Editora Brasil América pelo cinema, o levou a propor ao editor Adolfo Alzen o relançamento de "Cinemin". Esta é a 5' vez que reaparece a revista de cinema da EBAL, cuja 1' série começou em novembro de 1951, com a quadrinização do filme "Quando Canta O Coração", e encerrou em janeiro de 1960, com o filme "Marcha de Heróis" (1959), de John Ford. A segunda série foi reiniciada em fevereiro/61, com a quadrinização de "A História da FBI" e encerrou em dezembro de 1963. Em janeiro de 1964, "Cinemim" reiniciou em novo formato - mas que teve pouca aceitação: sairam apenas 6 números. Uma quarta série trouxe a quadrinização da série de tv "Além da Imaginação", criada por Rod Serling. Sairam 24 números, entre dezembro de 1963 a dezembro de 1965. Houve então uma interrupção de dez anos, reaparecendo o "Cinemim" entre março a julho de 1975. Agora, a revista foi reestruturada para preencher um espaço na imprensa brasileira - vago desde o desaparecimento de publicações como "Cinelândia" e "Filmelândia", ambas da Rio Gráfica Editora (do grupo Globo): reportagens sobre filmes, cinebiografias etc. Fernando tem como editor executivo o jovem e interessado Otacilio d'Assunção Barros, que apoiado por gente competente como Benjamin Albagi Neto, Sergio Ayres da Mota, Gil Araújo, Antônio Carlos Gomes de Mattos e Mário Regis Vita, fez o "Cinemim" melhorar de número para número. Numa linguagem simples e direta, destinada ao público não especializado, "Cinemim" cumpre uma importante função para que o cinema continue a ser o grande entretenimento: oferecer informações, ilustrações e estórias como faziam as saudosas "móvie's fan" dos anos 20 a 50 - os anos de ouro do cinema americano.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
12
14/09/1983
É possível fazer a assinatura da revista "cinemin"? Seria possível também conseguir números atrasados, dos anos 80 e 90, por exemplo? Agradeço a atenção. Obrigado. ANTONIO.

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