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Aramis

Cinema

A estréia de "Lua de Papel" (Cine Lido, amanhã) se constitui no mais importante programa da temporada. Após "Na Mira da Morte", Targets, (67), o mesmo cinema lança o mais recente filme de Bogdanovich, já que "Daysi Miller', rodado em agosto-setembro do ano passado, em Roma, ainda está em fase de montagens. Num depoimento sobre a realização de "Paper Moon", escreveu Bogdanovich "A cidade de Hays, onde filmamos "Lua de Papel" está situada quase no meio do Estado de Kansas. E`uma cidade antiga. O general Custer saiu cavalgando do Forte Hays para o seu encontro fatal em Little Big Hourn, e alguns restos do Forte foram preservados como atração turística. Há inclusive cinco ou seis solitárias cabeças de búfalo pelas redondezas, como lamentável relíquia dos dias em que milhares de búfalos erravam pelas planícies do território. Quaisquer outras relíquias históricas que tenham existido ali foram varridas para ceder lugar a galinha frita do coronel Sanders, ao leite maltado da cadeia Folter`s Freeze e aos hamburgers da cadeia Sandy, além de uma dieira de brilhantes postos de gasolina, um motel da cadeia Ramada Inn , um motel da Center, chamada "The Mall". Em outros termos, uma cidade não muito diferente das milhares que se encontram aqui e ali, quer se vá para o Leste, para o Oeste, para o Norte ou para o Sul. E`uma paisagem estéril, lúgubre, monótona (....) Mas não é disso que trata o nosso filme. "Lua de Papel" se passa em 1936, quando as coisas não eram tão ruins - na época só havia uma Depressão. E nos arredores de cidade como Hays, há um punhado de pequena comunidades tão flagrantemente afetadas pelo progresso. Assim, um determinado período pode ser reconstituída para a câmara, filmando-se uma casa aqui, uma campina ali, um velho hotel numa cidade, um celeiro em outra, uma estrela barrenta, uma barbearia, uma loja de ferragens, uma estação antiga - tudo dentro de um rio de 80 quilômetros do local onde estabelecemos nossa base. Trata-se de uma prática não muito incomum na realização de um filme. Haviamos feito o mesmo ao criar Anarene, no Texas, a partir de diversas cidadezinhas nas proximidades de Wichita Falls, para "A Ultima Sessão de Cinema". E o que pensa essa boa gente quando uma equipe de filmagens toma conta de sua cidade durante uma semana ou duas, ou oito, ou dez? Bem, de certa forma o cinema ainda conserva parte de seu glamour por estas bandas, e Hollywood em locação é uma espécie de porto de ilusões para as moças que chegam aos bandos, com o fito de tocar numa parte minúscula qualquer daquela terra de fábulas e sonhos, Ryan O`Neal (foto), pode estar ocupado, mas o produtor associado causa o mesmo efeito ou o assistente de direção, ou um eletricista, pois cada qual representa uma ligação com um mundo que está muito além do horizonte interminável, uma distante meca que muitos deles jamais verão". (continua amanhã).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
28/03/1974

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