Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de janeiro de 1974
É curioso observar as reações que "Os Implacáveis" (Cine Vitória, 2ª semana) provocam: para os mais informados, cinematograficamente, é um filme em si valorizado pela direção de Sam Peckinpah, hoje um dos cineastas mais respeitados e tido como um "político da violência", isto é, empregando a violência como crítica a sociedade. Para o grande público, é um filme de aventuras, um policial com sangue e corridas de automóveis, receita que desde "Bullit" (por sinal, pela quarta vez, em reprise na cidade) é garantia de boas rendas. Entre o entusiasmo de um Almir Feijó Júnior, que dedicou mais de 10 laudas de elogios a "Geteway" a ferocidade de Valêncio Xavier, que após assistir este filme de Peckinpah garantiu que não mais voltaria a pisar num cinema, prefiro um meio termo. E de princípio é forçoso reconhecer (e nisto meu amigo Valêncio Xavier me perdoe) Peckinpah é um cineasta que sabe, como poucos artesões americanos, construir uma seqüência de ação. Muitos exemplos poderiam ser citados mas basta lembrar a hitchcoockiana perseguição de Doc (Steve McQueen-foto) ao ladrão da estação ferroviária, que lhe havia furtado a mala com os 500 mil dólares. São 8 minutos densos, com o "timing" exato, cinematograficamente uma lição de bom cinema.
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