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Aramis

Cinema

Um fato é óbvio: "O Fim de Sheila"(Cine Avenida) lembra de cara dois excelentes filmes, por coincidência, exibidos há duas semanas na cidade: "Jogo Mortal"(Sleuth, 73, de Alexandre Mackendryck) pelos "jogos" fatais propostos pelo sádico milionário Clinton (James Corbum) as seis peças-vítimas de seu tabuleiro-iate - Tom (Richard Benjamin), Chrisckett), Philip (James Mason), Antine (Dyan Cannon), Lee (Joan Hathony (Ian McShane) e Alice (Raquel Welch). "Na Mira da Morte"("Targets, 67 de Peter Bogdanovich) é sugerido pelo envolvimento cinematográfico dos personagens - o produtor, diretor, roteirista e atrízes unidos num cruzeiro misterioso, ao longo da Riveira Italiana, e durante o qual o produtor Clinton Greene busca uma vingança ao responsável pela morte de sua esposa, Sheila, atropelada numa madrugada, um ano antes - informação dada aos espectadores no primeiros 60 segundos, antes de apresentação dos créditos, a pra quem já admirava Herbert Ross por suas deliciosas comédias "The Owl and the Pussycat" (com Barbra Streissand num de seus melhores trabalhos) e, principalmente, o irônico "Sonho de um Sedutor"(Play It Again), sem dúvida este "The Last of Sheila" é decepcionante. Apesar de ser um filme bem desenvolvido, numa linguagem de suspense mantendo o público preso as poltronas, o clima mágico que sugeria o próprio tema de grupo de pessoas que fazem um filme - isto é que vivem na ficção-ilusão das figuras animadas nos retângulos iluminados para consumo de milhões em todo o mundo - envolvidas num drama real, poderia ser explorado com muito mais profundidade. E é justamente neste aspecto que Bogdanovich é um criador genial: consumo de milhões em todo o mundo - envolvidas num drama real, poderia ser explorado com muito mais profundidade. E é justamente neste aspecto que Bogdanovich é um criador genial: em "Targets", a (re)visão do cinema, com toda sua mitologia-magica, encerra o clima fantástico da (também) história policial que conduz os personagens. Bogdanovich fez em "Na Mira da Morte", um filme de extraordinária densidade, revendo valores, ponto em cheque (choque) a própria linguagem cinematográfica, com resultados esplendidos. Ross, também um cineasta jovem e igualmente de boa formação cinematográfica (foi um dos assistentes de "Fanny Girl-Garota Genial") não pode (ou não soube), entretanto, explorar o clima cinematográfico dos personagens-ambiente, apesar das constantes citações de filmes, atores e atrizes. Mas isto não "passa" para a platéia, permanecendo como se fossem dialogos vazios e personagens fictícios - e não gente da Usina dos Sonhos. Também o senso de humor, tão bem explorado por Ross em "O Corujão e a Gatinha"- com seqüências hilariantes, e principalmente, em "Play It Again, Sam", inexistente em "O Fim de Sheila" - embora o clima da fita seja dramática - mas o bom humor pode estar presentes nas mais sérias situações. O que nos faz concluir que realmente foi Woody Allen o grande "autor" de "Play It Again, Sam", cabendo a Herbert Ross apenas conduzir a fita. A excelente cantora Betty Midler - de quem a Continental editou um expressivo álbum no ano passado - canta a bela composição de Billy Goldenberg, "Friends", que abre e encerra o filme. No elenco, não há destaques: James Mason está envelhecido e Richard Benjamin, normalmente antipático (embora excelente), aparece com um siciliano) bigode.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
1
14/03/1974

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