Login do usuário

Aramis

Clássicos ao piano

Arthur Moreira Lima, considerado um dos melhores intérpretes de Chopin na atualidade, vem gravando a obra do grande mestre polonês numa série de álbuns, editados através de sua própria etiqueta - a L'Art - cujas vendas somente são feitas em seus concertos ou pelo reembolso-postal. Entretanto, a obra de Fréderic Chopin (1810-1849), por sua amplidão e comunicação, tem dezenas de registros, sempre absorvidos por um público selecionado. Outro pianista que vem gravando a íntegra das peças que Chopin compôs para o teclado é Vladimir Ashekanazy. Ainda agora, a Polygram/London, lança a gravação digital, volume VI, das obras para piano com Ashkenazy. Noturnos opus 37; Polonaise opus 44; Allegro de Concerto, opus 46; Sostenuto em bi bemol maior; a Mazurca em lá menor e Trois Nourvelles Etudes. São peças escritas entre 1838/1841, época de peregrinações, para Chopin e George Sand, entre Majorca e Paris, Marselha e Nohanat. Chopin conhecia uma felicidade flutuante: esses anos lhe ofereceram, no entanto, o máximo de serenidade que pode conhecer no curso de sua breve vida. A música que ele escreveu então tem muito mais de poesia madura e de lirismo que de heroísmo; ele casa a técnica com a invenção em um seguro equilíbrio, como acentuou o musicólogo Geoffrey Grankshaw. Para quem aprecia obras de mestres em gravações de virtuoses do piano, dois outros discos indispensáveis: o concertista Alfred Brendel interpretando as Sonatas em lá menor e lá maior (opus 164 e 120) de Franz Schubert (1797-1828) e as sonatas para piano de Joseph Haydn (1732-1809), gravações de Philips/-Digital. Considerando mais freqüentemente como melodista e cantor lírico, Schubert era também criador de "sonatas extremamente dramáticas" (segundo Arthur Schnabel), o que se pode reconhecer ouvindo as duas Sonatas que o [virtuosismo] de Brendel perpetua neste dois álbuns. O mesmo virtuose nos traz as sonatas para piano de números 48, 50 e 51 de Haydn. Importante esta gravação, pois entre os mal-entendidos que falseiam a concepção de Haydn, está o desconhecimento quase completo das suas sonatas para piano. E justamente ele produziu uma de suas obras mais interessantes e mais originais - particularmente as cinco últimas sonatas. Destas, as três gravadas por Alfred Brendel em 1982 e que aparecem agora neste precioso álbum, são menos conhecidas - mas que atestam a audácia e a curiosidade intelectual de Haydn, bem como sua maestria soberana de compositor. Do mesmo Haydn, temos duas Sinfonias - Em Sol Menor, 83 ("La Poule") e a em ré maior (opus 86), em gravações da Filarmônica de Berlin, sob regência do lendário Herbert Von Karajan. Estas duas sinfonias fazem parte da série composta por Haydn durante os anos de 1785 e 1786 - e que constituíram um novo capítulo na história da sua produção sinfônica. Encomendadas pela sociedade sinfônica parisiense "Le Concert de la Loge Olympique", estas peças tinham características diferentes da obra que Haydn vinha executando até então - e considerando que a orquestra parisiense era maior do que as da corte dos Esterházy, ele pode escrever de maneira substanciosa e brilhante, utilizando uma gama mais variada de cores e concedendo aos músicos de instrumentos de sopro independência maior, tanto individual quanto coletiva. Isto sente-se na grandiosidade das Sinfonias 83 e 186, na gravação notável da Filarmônica de Berlim, que, aliás, após dois anos de briga com o seu regente Karajan, voltou às boas - e prepara-se para uma excursão ao Japão e Coréia. Outra notável orquestra, a Academy Of St. Martin-In-The-Fields, com um novo e explêndido trabalho: sob a direção de Iona Brown e tendo como solistas Célia Nicklin (oboé) e a própria Iona no violino, gravou uma seleção de peças de George Frideric Handel (1685/1759), para uma das mais cuidadosas produções da Philips. Aos que apreciam quartetos de cordas, dois lançamentos indispensáveis: o consagrado Orlando Quartet, formado por Istvan Parkyi (violino), Heinz Oberdorfer (violino), Ferdinand Erblich (viola) e Stefan Metz (violoncelo) trazem em gravação digital (Philips/Polygram, outubro/84) o quarteto opus 10, de Claude Debussy (1862-1918) e Quarteto em fá maior de Maurice Ravel (1875-1937). Já, o Quarteto de Cordas Gabrieli, integrado por Kenneth Silito (violino), Brendan O'Reilly (violino), Ian Jewel (viola) e Keith Harvey (violoncelo) nos apresenta em registro Docca/Digital (Polygran, outubro/84), o quarteto de Antonin Dvorak (1841-1904) em sol maior, opus 106, composta em 1895, quando o compositor retornou a sua querida Boêmia após ter vivido algum tempo nos EUA, Nesta mesma gravação, duas das oito valsas que Dvorak compôs entre dezembro de 1879 e janeiro de 1880.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
25/11/1984

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br