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Aramis

A Constituinte na análise marxista

Há livros-oportunidade. Ou seja, aqueles temas do momento, que garantem aos livros que os abordam um sucesso imediato. Hoje se fala muito na Constituinte e, assim, Benedito de Campos decidiu fazer uma análise marxista sobre "A Questão da Constituinte" (Editora Alfa Omega, 175 páginas, Cr$ 25.000). Benedito de Campos procura responder muitas questões relacionadas à Constituinte, fazendo também um resumo histórico das quatro Constituintes brasileiras (1823, 1891, 1934 e 1946). Um livro de linguagem clara, objetiva, que não se destina, diz o autor, a juristas ou a estudantes de direito, mas "às amplas camadas da população" como orientação para as pessoas não versadas em direito - o povo em geral que está sendo chamado a participar do processo de reconstrução de nossas instituições iniciado com a retomada do crescimento das forças democráticas brasileiras. O texto, resultado da reflexão do autor acerca da questão constitucional brasileira e da sua experiência no Ministério Público do Estado, aproveita exemplos extraídos de várias constituições de outros países democráticos - a Itália, Portugal, República Popular de Moçambique, entre outros e traz, em apêndice, um projeto do autor para a "Constituição da República Democrática do Brasil". xxx Eduardo Coutinho é incansável. Publica livros com extrema regularidade: ensaios, biografias, antologias, além de sua premiada ficção. Ainda agora, por uma nova editora - Anima - está lançando "A Unidade Diversa - Ensaios sobre a nova literatura Hispano-Americana" (212 páginas, Cr$ 28.000). Gabriel Garcia Marques, Jorge Luis Borges, Júlio Cortazar, entre outros, estão nesta coletânea de estudos que preenche uma lacuna: a falta de textos críticos sobre a literatura hispano-americana. São seis ensaios, escritos no período de 1973/83, desenvolvidos por professores universitários que realizaram pesquisas no setor, algumas delas em teses inéditas, Assim Coutinho fala de "Júlio Cortázar e a busca incessante da linguagem", Selma Calasans volta a "Cem Anos de Solidão", Julio Aldinger Dalloz aborda "Boleros, tantos [boleros] : a presença do grotesco em "Três Tristes tigres"; Maria Aparecida da Silva em "O sentimento trágico de ser mexicano", Lidia do Valle Santos analisa "Vargas Llosa em jogo" e Silvia Inês Cárcamo foca "Busca das origens e história em "Filho do Homem". xxx O tema é atualíssimo: a corrupção. Aos poucos surgem muitos livros sobre os escândalos que abalaram o Brasil nos últimos anos. Antenor Batista em " Corrupção - fator de progresso" (Editora Simples, 158, 2a edição, distribuição da Livraria Nobel) não chega a tocar em escândalos específicos. Faz uma análise global sobre a corrupção, numa linguagem mais moralista do que jornalística. Vale, entretanto, por sua boa intenção. xxx Para escrever "O Mogol" (Editora Record, 480 páginas, Cr$ 58.900), baseado em fatos reais acontecidos há 400 anos, o americano Thomas Hoover pesquisou museus ingleses e indianos, além de viajar extensamente pela Índia como observador atento, visitando inclusive a área proibida de haréns em Agra, onde percorreu salas de banho, quartos e calabouços abandonados há 4 séculos. Ele se baseia na história real do comandante Hawkins, um dos homens enviados pela Companhia das Índias Orientais para abrir comércio com a Índia e, aos poucos, ajudar na colonização de toda a Índia pelos ingleses. Um tema amplo e que possibilita um romance de narrativa fascinante, que nos chega em bem cuidada tradução de Edgar de Brito Chaves Júnior.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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34
15/09/1985

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