Login do usuário

Aramis

Continua a ótima safra de nossa música instrumental

Domingo passado falamos de bons discos instrumentais que têm aparecido neste ano. Especialmente pequenos selos - como a Kuarup, Som da Gente, L'Art, Visom e, agora, a Caju Music, além da Chorus, tem valorizado nossos bons instrumentistas-compositores, os quais saindo de um lado cinzento de acompanhantes dos ditos "canários" (superstars da canção) adquirem vida própria. Mauro Senise (flauta/clarinete/sax) e Gilson Peranzetta, por exemplo, estão com um esplêndido álbum, produção da Visom, que poderá figurar entre os melhores do ano - e cujos méritos aqui foram destacados, na semana passada, pelo crítico paranaense (mas há anos no Rio), Roberto Muggiati. Outros bons discos merecem registros nesta safra promissora - apesar das limitações advindas do Plano Collor, retração do mercado - mas que, em compensação, obriga os nossos músicos-compositores e já pensarem em trabalhos de nível internacional, como, aliás, vem fazendo virtuoses como Sebastião Tapajós, cujos discos têm um mercado internacional. Internacionalizar suas produções é meta do germano-brasileiro Peter Klam, que com muitos anos de experiência e após ter presidido a Barclay/Ariola, criou este ano a etiqueta Caju Music, cujo primeiro suplemento a EMI/Odeon começa a distribuir. Reeditando alguns títulos excelentes (como "Brasil em Seresta", com o violonista Baden Powell, lançado há 2 anos por Aluizio Falcão, da Idéia Musical), mas que haviam passado despercebidos, ou com novas produções, a Caju traz produções do primeiro nível. A primeira a chegar para divulgação é "Gosto de Brasil", com o violonista Nonato Luiz, mais um cearense que Fagner lançou anos atrás, pela CBS, e que embora fazendo uma carreira sólida ainda não chega a ser um nome popular. Agora, ensaiando uma carreira internacional - a partir de setembro, com concerto no Mozarteum, na Áustria, seguida de apresentações em outros países europeus e lançamento de seu álbum "Mosaicos", em CD, Nonato pode ser apreciado em toda sua arte em "Gosto de Brasil", para cuja produção o percussionista e diretor artístico Djalma Corrêa, um dos mestres de seu instrumento, convocou o grande baixista Luiz Alves (durante estes últimos anos, o fiel companheiro de Luis Eça) e, como participações especiais, a excelente cantora Clarice Grova e o flautista Mauro Senise em "Mangabeira" e "Choro Acadêmico", respectivamente, composições do próprio Nonato - autor, aliás, de 7 das faixas do álbum, que abre com quase 14 minutos de homenagem a Luiz Gonzaga, com uma "Suíte Nordestina" (5 temas) e mais "Estrada de Canindé" e "Qui nem Jiló". O lado de compositor de Luiz Alves pode ser apreciado em "Minha Esperança", parceria com Luiz Paiva - em arranjo de Nonato Luiz, enquanto temas conhecidíssimos são revelados com imaginação: "Disparada" (Theo de Barros / Geraldo Vandré) e o tradicional "Maria Bonita". LEGENDA FOTO - Nonato, Djalma, Clarice e Luís: "Gosto de Brasil".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
6
12/08/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br