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Aramis

Corrêa, a família que canta unida

Apesar de todo vigor da música (popular) brasileira, um setor que não tem havido muita renovação é o dos grupos vocais. Do Bando da Lua ao MPB-4, passaram se quase cinco décadas e neste período surgiram muitos e muitos trios, quartetos, quintetos, etc., mas todos de vida efêmera. Há exceções, é claro, como os Titulares do Ritmo (homenageados ainda domingo passado no Fantástico) ou Os Demônios da Garoa, mas no geral, os grupos vocais parece que não tem merecido o estímulo necessário embora o público compareça em massa nos espetáculos do MPB-4 e do quarteto em Cy (que em breve, vem a Curitiba, para uma temporada no Paiol). A família, Corrêa, com uma série de irmãos de boas vozes, há alguns anos já vem tentando manter a música vocal, embora de forma ingênua e sem ainda encontrar um estilo de harmonia, que fêz a fama e a lenda dos Cariocas, ou que dá ao MPB-4, um sucesso merecido. Da família Corrêa já saiu Evinha, mas ela é tão grande e rica em termos musicais que em combinações diversas, resiste dividida em dois grupos: o Trio Esperança (duas vozes femininas e uma masculina) e os Golden Boys, que são os mais veteranos do grupo familiar. Simultaneamente, em dois elepês lançados pela Odeon no mesmo suplemento, estes dois trios vocais mostram uma série de músicas, de diferentes estilos e autores, buscando atingir o público intermediário - que não chegou ainda a sofisticação do MPB-4/Quarteto em Cy, mas que aprecia a música mais ou menos jovem que tanto os Golden Boys como o Trio Esperança, vem especializando em apresentar em seus constantes elepês e shows, nestes últimos anos. O disco do Trio Esperança (Odeon, 3863) nos parece com melhor repertório, com a regravação de um clássico que a grande Carmen Costa lançou há 30 anos ("Marambaia", de Henricão e Rubens Campos) e um belo samba de [Paulinho] da Viola ("Chuva["]). Os próprios Corrêa também atacam de compositores: "Quem tá com samba" (Roberto Corrêa, em parceria com Jon Lemos) "Ilusão de mais um carnaval" (Corrêa-Lemos-Debétio), "Chuva de verão" (Roberto Corrêa-Jon Lemos), e "Coqueiro de Amaralina["] (Donaldson - Gonçalves - Regina Corrêa). "Quantas lágrimas" o belíssimo samba de Manacê que Cristina Buarque de Holanda, soube gravar com imensa sensibilidade em seu primeiro elepê, está também no elepê do Trio Esperança, onde a dupla Dominguinhos-Anastácia aparece com duas faixas: "Tem pena", e "Eu quero um xamegô". O disco é completado com músicas de Hugo Belardi ("Ponto final") Zé Maria-Robson (Modo mudado) e Belizário Diferraz (Refúgio). Os Golden Boys fazem mais concessões comerciais em seu elepê, com canções bem [fáceis] ao gosto do público classe B,. Sem maiores comentários, eis as faixas: "não esquenta a cabeça, não" (Zambulitte de cabeza) (Fernandez-Mello/Master, versão Rossini Pinto), "No calor do Carimbó" (Roberto Corrêa-Jon Lemos), "Eu quero um pedacinho do seu [dia lindo]" (Mita), "Viver sem ninguém" (Rossini Pinto), "Sonho azul" (Fernando Mendes[-Linete] Ribeiro), "Os Tempos Mudaram" (Roberto Corrêa-Jon Lemos), "Qual é a tua?" (Tom/Dito), "Fique comigo" (Getting together, V. Ortiz, versão de Rossini Pinto), "Noite de verão" (Roberto Corrêa/Jon Lemos), "Segura na cintura dela" (O Gavião) (Paulo Debétio-Jovenil Santos), "Tenho sede" (Anastácia-Dominguinhos) e "Zazueiro"(Jorge Ben).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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05/10/1975

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