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Aramis

"Cuca", não os calos

O Paraná é tema central da revista "Agricultura - A Força Verde" (nº 3, 66 páginas, circulação dirigida), órgão oficial da Confederação Nacional Agricultura. Ao lado de profunda análise sobre os diversos setores da agropecuária, uma longa entrevista de 8 páginas com o presidente da FAEP, Mário Stadler de Sousa. Com lucidez e coragem, o dirigente empresarial aborda várias das causas que entravam o deslanche de nossa agricultura. O maior deles, diz Stadler, é "falta de maior expressão política que torne a agricultura paranaense (como a brasileira) capacitada a participar das grandes decisões nacionais, pois os problemas agrícolas, infelizmente, não têm a participação de seus maiores interessados - os homens da agricultura". Para Stadler, os problemas que dizem respeito a agricultura "são resolvidos em outros círculos e a prova está em decisões recentes, em que questões agrícolas são discutidas, encaminhadas e decididas na área financeira. Pergunto: por que a agricultura está sempre marginalizada, mesmo quando se faz um grande plano nacional?" O presidente da FAEP cita ao longo de sua bem fundamentada entrevista vários exemplos de decisões da esfera federal que prejudicam os produtores. "Em 1974, quando foi lançada aqui no Paraná a Campanha da Produção e da Produtividade, o Governo estimulou os agricultores, através de programas especiais - Proagro, Procal, Pecuária, Fertilizantes - uma série de boas iniciativas, que motivou o produtor rural a fazer grandes investimentos. Adquiriu terras, equipou suas propriedades, assumiu pesados compromissos financeiros, tendo diante de si o Governo, abrindo horizontes. A resposta ao apelo do Governo foi a produção fabulosa, que neste instante difícil da economia nacional, mostra mais uma vez a força da agricultura. Entretanto, advindo uma nova conceituação econômica, o governo modificou aquele plano original com relação ao agricultor e com isso a situação inverteu-se em prejuízo aos produtores: todos os programas foram modificados. Hoje, pode-se dizer, não existe nenhum programa de incentivo à pecuária. O programa do Procal não existe, o Programa do Pólo-Centro está paralisado, os financiamentos de custeio foram restritos, os financiamentos de comercialização foram podados, assim como o de fertilizantes. E além de tirar esses incentivos, o Governo talvez com o intuito de proteger a comercialização, criou alguns instrumentos extras, entre eles o confisco sobre a soja, a paralisação dos registros de exportação, interferindo, enfim, diretamente, na comercialização". Justificando os 120 cursos promovidos em colaboração com o PPTE, treinando 5 mil associados - pequenos, médios e grandes produtores, além de seminários, ciclos de palestras e jornadas técnicas, Stadler afirma que eles são necessários. Infelizmente, o nosso homem do campo pensa ainda que ele só vai para a frente na proporção dos calos que tem nas mãos, provocados pelo trabalho. Precisamos modificar esse raciocínio: ao invés de calos nas mãos, ele deve prosperar usando a cabeça. Está na hora de menos calos e mais cuca...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
18/11/1977
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