Descartável hoje, mas documento para amanhã
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de setembro de 1990
Produzidos hoje em escala industrial, de acordo com regras de marketing político, os jingles políticos têm, entretanto, uma memória não oficial que marca paralelamente a própria evolução da política brasileira. O pesquisador e colecionador Luciano Lacerda, já falecido, era um incansável estudioso de jingles - e mesmo marchas ou sambas de motivos políticos, e a cujo arquivo recorreram, inclusive, produtores de discos que buscaram preservar a parte musical de muitas campanhas - das revoluções de 1930/2 a movimentos cívicos. Maurício Quadrio e Jairo Severino, dois dos mais competentes produtores fonográficos culturais do Brasil, também incluíram em álbuns documentalmente indispensáveis os temas musicais que, a partir dos anos 20 - quando a indústria fonográfica e, especialmente os rádios (anos 30 em diante) expandiram-se, passaram a ser incluídos como uma mídia de alta comunicação. Assim, os jingles de campanhas que hoje não tem maior significado a não ser, muitas vezes, irritar o já exaurido eleitor, podem adquirir um significado documental no futuro.
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