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Aramis

Dois virtuoses do violoncelo

Dois virtuoses de um dificílimo instrumento - o violoncelo - em belíssimos elepê lançados no Brasil: Lynn Harrel (London/Polygram) e Yo-Yo-Ma (CBS Masterworks). Pela própria juventude destes dois instrumentistas tratam-se de artistas ainda pouco famosos em nosso País mas reconhecidas internacionalmente. Lynn Harrel, acompanhada pela Orquestra Filarmônica sob regência de Vladimir Ashkwnazy, interpreta o concerto para violoncelo, opus 104, em si menor de Antonin Dvorak (1841-1904) e a "Kol Nidrei" de Max Bruch (1838-1920). Se a obra de Dvorak dispensa maiores explicações - embora uma dramática história de amorosa cerque a criação deste seu Concerto para violoncelo, opus 104, escrito entre 1894/95, de Max Bruch pouco se sabe. Entretanto, aos 14 anos Max já conquistava um prêmio importante por um quarteto de cordas, alcançando fama em 1864 graças a sua obra coral profana "Frithjof". Exerceu as funções de regente em Coblenz, Sonderhausen, Liverpool e Breslau, obtendo depois uma cátedra de professor na Academia de Berlim, da qual se tornou, por fim vice-presidente. Sua Música apresenta afinidades com o folclore de diversos países. Embora não fosse judeu, inspirou-se em duas melodias hebraicas para escrever seu "Kol Nidrei" (todos os Nossos Votos) - a belíssima peça que Lynn Harrell e filarmônica apresentam no lado B deste disco. A "Kol Nidrei" é a oração que abre o Dia da Expiração (Yon Kipur) e a obra foi dedicada por Bruch ao seu amigo Robert Hausmann. Já o violoncelista francês Yo-Yo-Ma (de origem chinesa, obviamente) gravou em elepê da CBD na série "Masterworks", duas das Cinco Sonatas que Beethoven escreveu para violoncelo e piano. Anteriormente, a mesma CBS já havia trazido o mesmo violoncelista em um disco com obras de Kreisler e Paganini por ele mesmo transcritas. As duas Sonatas são de nº3, Opus 69, em lá maior, e a de número 5 em ré maior, Opus 102, nº2. São obras que já antecipam a grandiosidade e a profundidade do chamado "terceiro período" do mestre alemão e universal, aquele que é definido com extraordinária eloquência pelas últimas sinfonias, pelos quartetos finais e pelas grandiosas sonatas para piano.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
19
17/02/1985

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