Login do usuário

Aramis

Dólares da Espanha para as produções brasileiras

Fortaleza Como não poderia deixar de acontecer num festival de cinema é claro que o assunto é... cinema. Fala-se dos filmes em competição, trocam-se informações sobre os programas mais imperdíveis nas múltiplas mostras paralelas - já que é impossível acompanhar toda a programação - e, ao menos nos ambientes em que se desenrola este FestRio, agora em Fortaleza, apesar de toda a crise que, com maior ou menor intensidade, atinge mesmo alguns dos centros mais tradicionais de cinema, há otimismo. Afinal, a produção acaba sempre desovando em eventos como este - o último dos grandes festivais internacionais que acontecem anualmente, e que abre com o de Berlim, em fevereiro, para o qual já se fazem prognósticos em torno de qual o filme brasileiro que terá chances de entrar na competição oficial. Cacá Diegues, com seu "Dias Melhores Virão", até agora só exibido em sessões especiais no Rio e no III Festival de Cinema de Natal (hor concours) ao mesmo tempo que tenta acertar o esquema de sua exibição nos EUA, pensa em Berlim - no qual o curta-metragista gaúcho Jorge Furtado quer inscrever o seu excelente "Ilha das Flores" - o melhor curta de 1989, o que justifica que o mesmo não represente o Brasil neste FestRio-Fortaleza. Na dupla função de diretor-geral do FestRio e diretor-comercial da Embrafilme, Ney Sroulevich, preocupou-se que o Brasil tenha uma grande presença neste evento: além de dois longas ("Que bom te ver viva" e "Minas-Texas") e cinco curtas ("Amigo de Fé", "Dove Mengheti", "A Porta Aberta", "O Brinco" e "Trancado (por dentro)" em competição, na mostra informativa internacional estão "Kuarup" de Ruy Guerra e "Jorge, um Brasileiro", de Paulo Thiago. Numa mostra informativa nacional, ao lado de cinco filmes já conhecidos - "Doida Demais", "Faca de Dois Gumes", "Festa", "O Grande Mentecapto" e "Jardim de Alah", há três produções ainda inéditas comercialmente: "Sermões" de Júlio Bressane (melhor diretor no Fest-Brasília, e que numa experiência inédita terá sua apresentação nacional por uma rede de TVs Educativas, na noite de segunda-feira,27), "Corpo de Delito" de Nuno Cesar Abreu (o grande premiado no Festival de Natal) e "Natal da Portela", de Paulo Cesar Sarraceni. Novas produções Cada cineasta aqui presente tem seu projeto para um novo longa ou curta. Em São Paulo, onde a Secretaria da Cultura vai investir US$ 2 milhões em 10 longas metragens, o clima é de ansiedade de 70 inscritos no concurso de roteiros e planos de pré-produção, com base nos quais serão escolhidos os que terão a ajuda oficial - a ser completada pela Embrafilme e recursos próprios (afinal, cada longa não fica por menos de US$ 700 mil - uma quantia irrisória perante os padrões americanos, mas ainda uma nota preta num país com o dólar chegando aos NCz$ 14,00). A jornalista Helena Salem, assessora de Imprensa da Embrafilme - e que em menos de 90 dias conseguiu dar uma nova (e boa) imagem a empresa, como o nosso cinema, distribuiu um release que traz uma excelente novidade: o acordo firmado pelo presidente Moacir Oliveira e a TV Espanhola possibilitará a realização de 11 longas-metragens e duas séries para televisão. O subdiretor da emissora estatal da Espanha, Jesus Gonzales, e o delegado de co-produções internacionais, Jaime Boix, disseram que os espanhóis participarão com até US$ 150 mil (e US$ 200 mil nos projetos de maior porte), dentro da filosofia de "dar a maior liberdade ao criador para que o filme seja efetivamente latino-americano". Após seis meses de leitura de aproximadamente 50 roteiros, a TV espanhola decidiu co-produzir os longas "Mil e Uma", de Suzana de Moraes: "O Cangaceiro", de Galileu Garcia; "Cem Anos de Abolição", documentário de Eduardo Coutinho; "Meu Tio Ataualpa", de Daniel Filho; "Vlado", de João Batista de Andrade; "Apocalipse de Solentiname", de Geraldo Sarno; "O Judeu", de Tom Tob Azulay; "Villa-Lobos", de Zelito Vianna. "A Terceira Margem do Rio", de Nelson Pereira dos Santos; "Manuel", de Suzana Amaral e "Luana" de Ruy Guerra (nestes dois, os espanhóis entram com 50% da produção). Exclusivamente para televisão, foram selecionados os seriados "Amazônia" e "A Música Popular Brasileira", rodados em vídeo e produzidos pela Spectrum. Os dois primeiros projetos, a serem iniciados em janeiro, serão "Vlado" e "A Terceira Margem do Rio". Ruy Guerra e Daniel Filho pretendem fazer as primeiras tomadas em março. LEGENDA FOTO - Jesus Gonzales e Jaime Boix, diretores da TV-Espanhola: financiamento para 11 longas-metragens brasileiros.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
24/11/1989

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br