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Aramis

Em cromo, cassete começou a herdar espaço erudito do lp

No Japão e Estados Unidos, os discos em vinil começam a se tornar raros. Poucas lojas os comercializam - e quando fazem, colocam em balcões de ofertas (ou raridades), já que o CD e o cassete digital ou mesmo o videodisco - sem falar no videotape - passaram a opção primeira de uma faixa cada vez mais sofisticada de público exigente. No Brasil, não chegamos a tanto, mas o catálogo de CDs disponíveis já é de 1.500 títulos de 17 etiquetas diferentes, número significativo considerando que a única fábrica de Compact Disc operando no Brasil é a Microservice, em São Paulo, inaugurada há menos de três anos. Por enquanto, no Brasil, nenhuma gravadora anunciou disposição em eliminar totalmente as gravações convencionais, mas alguns sinais já são detectados de que até o final dos anos 90 os elepês estarão tão obsoletos como os antigos, frágeis e pesados 78rpm ficaram a partir de 1962 - último ano em que tiveram prensagem no mercado. A CBS, como uma das mais atuantes e poderosas multinacionais da música, lançou há três semanas um pacote de dez fitas em cromo - "Digital Masters" - com as quais passa a concentrar sua produção de lançamentos clássicos somente em CD e cassete-cromo. "Só lançamentos excepcionais, de características especiais, estarão saindo em elepê convencional", nos dizia ontem, por telefone, o executivo da área de clássicos e jazz, Maurício Quadrio, 69 anos, desde 1984 na CBS - responsável por inúmeros projetos bem sucedidos em termos de abertura de novas faixas de público. Nascido em Roma mas no Brasil há 40 anos, uma imensa cultura musical e, principalmente, sensibilidade para desenvolver projetos que atinjam mesmo as faixas não iniciadas em gêneros mais sofisticados, Quadrio foi quem provou que o "Brasileiro não tem medo de música clássica" - moto de uma das campanhas desenvolvidas em seus tempos de executivo da Polygram e, passando pela EMI/Odeon, ali provou que há um público interessadíssimo em ópera. Contando com o imenso acervo da CBS Internacional, Quadrio fez mais de uma centena de lançamentos de jazz e clássicos - dos 411 que a mesma já mantém em catálogo CD (a maior representatividade nesta forma) e, mesmo com a retração do mercado, continua acreditando que o público para clássico e jazz existe, é fiel, "embora o mais exigente de todos". Assim, partindo do raciocínio de que a faixa dos consumidores do clássico tende mais a preferir os CDs e os cassetes de cromo (com perfeita qualidade técnica), Quadrio, dentro da tendência internacional da CBS em eliminar progressivamente as gravações em vinil, faz agora a série "Digital Crome Classics", que aliada aos benefícios técnicos tem a duração ampliada - de 60 a 70 minutos em média - possibilitando a colocação de obras completas. Em 30 dias, as mesmas gravações estarão à disposição também em CD. O cassete, além de um preço menor, oferece idêntica qualidade sonora, e une a portabilidade - ou seja, além de ser tocado domesticamente, pode ser curtido no walk-man e nos cassetes dos veículos, "acompanhando o ouvinte em qualquer lugar", diz Quadrio.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
04/05/1990

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