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Aramis

Em resposta ao Sr. Back

"A verdade é concreta" (Wilhelm Friedrich Hegel, l770-1831) Em texto publicado na página 8 do suplemento "Almanaque", do jornal O ESTADO DO PARANÁ, em 22 de outubro de 1987, o Sr. Sylvio Carlos Back, a propósito da nota oficial da Comissão Organizadora da I Mostra do Cinema Latino Americano do Paraná, fez uma série de afirmações em ataque à minha pessoa, atribuindo-me o patrocínio de supostas injustiças de que teria sido vítima naquela Mostra. Diante disto, a bem da verdade, vejo-me compelido a prestar os seguintes esclarecimentos: 1. Em primeiro lugar, conforme já esclareceu a Nota Oficial da Comissão Organizadora da I Mostra do Cinema Latino Americano do Paraná, divulgada pela imprensa em 7 de outubro p.p., se por um lado jamais houve qualquer "boicote" ao cineasta em questão ou à sua obra, por outro houve consenso geral, dentro da Comissão, de que o evento deveria ser aberto por um filme simultaneamente inédito, de apelo popular e com grande repercussão. Como "Guerra do Brasil" já havia sido exibido no XVº Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, na primeira semana de maio de 1987 (ali não obtendo nenhuma premiação) e, posteriormente, em agosto no III Rio-Cine Festival, no Rio de Janeiro, considerou-se que não preenchia as características pretendidas. (Aliás, exibido novamente no XXº Festival do Cinema Brasileiro de Brasília, no dia 20 de outubro, "Guerra do Brasil" foi o único dos concorrentes em longa-metragem a não receber nenhuma premiação). Assim, entendeu a comissão organizadora da I Mostra do Cinema Latino Americano do Paraná, considerando o fato do filme "Guerra do Brasil" já ter sido levado, na época, em dois festivais de cinema, que o mesmo não preenchia as características para abrir a mostra. Por esta única razão, optou-se pelo filme "Leila Diniz", de Luis Carlos Lacerda, na época totalmente inédito - e que, levado posteriormente ao Festival do Cinema de Brasília, obteve o prêmio do júri popular e o troféu Candango para Louise Cardoso, considerada melhor atriz. 2. Do mesmo modo, a Comissão não recebeu em tempo algum qualquer determinação do Sr. Secretário da Cultura, professor Renê Dotti, no sentido de que o filme "Guerra do Brasil" deveria abrir a mostra no dia 4 de outubro p.p.; e muito menos que o Sr. Sylvio Carlos Back deveria, obrigatoriamente, ser convidado a participar das mesas redondas sobre "Roteiro e Literatura, Música e Imprensa no Cinema Brasileiro''. Com relação a estas mesas redondas, as mesmas foram compostas por nomes de expressão nacional, não havendo, em tempo algum, preocupação de desprestigiar ou ofender o citado cineasta, apenas optando-se por nomes que melhor se condiziam com os temas abordados. Assim, não se pode imputar a minha pessoa qualquer espécie de poder de veto ou decisão individual, já que a comissão organizadora trabalhou sempre buscando o consenso. 3. Ademais, se é verdade que não mantenho, de longa data, relacionamento profissional ou pessoal com Sylvio Carlos Back, também é fato concreto que, ao longo dos últimos 20 (vinte) anos, jamais usei meu espaço jornalístico para registrar críticas ou ataques à sua pessoa ou à sua obra. Em minha coluna "Tablóide", editada sem interrupção, no jornal O ESTADO DO PARANA, desde julho de 1965, sempre procurei dar o maior apoio a todos os criadores intelectuais, artistas e profissionais dos mais diferentes setores, pessoas que merecem respeito e valorização, pois a inveja e a frustração, ao contrário do que afirmou o Sr. Back contra a minha pessoa, não fazem parte das minhas características de personalidade. 4. Por tudo isto, não é justo que Sylvio Back, cuja obra não me cumpre avaliar neste momento, venha tentar fazer insinuações contra o meu trabalho profissional, repetindo, aliás atitude anterior, tomada por ocasião do XVº Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, quando, fez acusações aos organizadores daquele evento, dizendo-se "sabotado" pelo fato de ter havido uma inversão na ordem de exibição de seu filme, conforme a imprensa nacional registrou. 5. Finalmente, encerrando estas afirmações - que faço em respeito aos leitores e para esclarecer; definitivamente, os fatos, exponho a verdade, em concreto, sobre o incidente, demonstrando a lisura e correção com que se pautou minha conduta profissional no que tange a I Mostra do Cinema Latino Americano do Paraná. Venho de público repudiar todas as acusações que me foram feitas através da imprensa pelo Sr. Sylvio Back, ao mesmo tempo em que reitero minha crença na cultura, no talento dos criadores e nos valores do espírito, aos quais, enquanto viver, darei cobertura nos espaços profissionais que me sejam conferidos na imprensa. Curitiba, 27 de outubro de 1987 ARAMIS MILLARCH Jornalista profissional, inscrição n.º 100 no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
03/11/1987

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