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Aramis

Em todas as rotações...

1 - Quando se fala em Lupiscinio Rodrigues (1914-1974), sem dúvida, glória maior da MPB, poucos lembram-se de um de seus parceiros, o também gaúcho Alcides Gonçalves (porto Alegre, 1.º de outubro de 1908). Até o especial da Rede Globo, em homenagem ao bom "Lupe" esqueceu Alcidez, cantor e letrista, que chegou a fazer carreira profissional, embora, como Lupiscinio, nunca tivesse deixando a capital gaúcha, onde reside até hoje. Por isso, não poderia ser mais justa a inclusão de Alcides Gonçalvez, na série Destaque ("Cadeira Vazia", volume 7, Continental, 1-19-7 1-028, maio /77), produção, como sempre, do caprichoso J.L. Ferreti. Com registros feitos por Alcides na Continental, temos neste lp não só parcerias de Alcides com Lupiscinio ("Cadeira Vazia", "Pergunte aos meus tamancos", "Quem há de dizer", "Castigo" e "Maria Riosa"), Mas com outros parceiros, como Leduvy de Pina ("Divisão", "se ela soubesse"), Flavio Soares ("Samba Cinqüentão"), "Adolescente"), Ciro Gavião ("Mendigos") e ruelas em que fez também a letra, como "Minha Seresta", "Cachimbo da Paz". Sem dúvida, um dos discos, documentalmente, mais importantes do ano - e que deve ser conhecido por todos que se interessam pela MPB, em especial pela música na linha do velho e saudoso Lupe. 2 - O "flamengo" é um dos gêneros musicais de maior vigor e calor, com toda uma literatura e musicógrafa que o faz merecedor de estudos mais aprofundados. Embora exista no Brasil expressiva colônia espanhola, são poucos os discos de guitarristas que se dedicam ao flamengo, aqui editados. Há alguns anos, a Copacabana lançou 3 lps de Manilhas de La Plata, e, no passado, na série "A Arte de...,"a Phonogram revelou o extraordinário Paco De Lúcia, 28 anos, um dos grandes nomes da guitarra espanhola da atualidade. Agora, temos um novo e vigoroso lp deste instrumentista ("Almoraim", Philips, 6328199, maio/77), no qual desenvolve, 8 temas, desta vez, não só flamengos, mas também outros gêneros da velha Espanha, como bulerias, rondeña, sevilhanas, cantiñas, Jaleos, Soléa, Mineira e até Rumba. Em termos instrumentais, um dos lançamentos mais significativos da temporada e absolutamente indispensável a quem se interessa em conhecer as potencialidades da guitarra. 3 - Um novo cantor italiano aparecendo no Brasil: Giacomo Rondinella, que com "canções Napolitanas" (Solp/-Copacabana, 40.728, abril/77), traz 12 músicas, cinco das quais sem identificação do autor, com apenas um anotação: "Direito reservado". A mesma Copacabana lança um disco curioso, de marciais: "Fantarras em Parada" com John Brendan e orquestra. Música ao estilo marcial marcante, para todo mundo marchar.. 4 - Discos Marketing continuam a ser bom negócios para as gravadoras: custam pouco, vendem bastante em pouco tempo. A série "As 30 mais" com o grupo Os Motokan (Continental), que reúne todas as músicas das paradas, no último trimestre, traz capa apelativa (a bela morena Maria João, oferecida também no poster que acompanha o lp). A imagem, também montou um. lp do som discoteca ("Superclassificada delle discoteche"), aproveitando produção iralaiana, com faixas como "Spring Affair" e "Daddy Cool". A Phonogram cria uma nova série - "Os Galãs e As Estrelas Cantam e Dançam na TV", com musicas como "Os Seus Botões", "menina dos Cabelos Longos" e "Carimbó Português". A Som Livre, pelo selo Soma, lança o volume 2 de Samba, Suor e Ouriço", com 19 sambões-jóias, dentro da linha marketing de impor o samba da forma mais comercial. E dando tratamento igual de "O Quitandeiro", do histórico Paulo da Porteira/Monarco, até "O Que Será" de Chico Buarque. 5 - Mais dois grupos de sambão: "Alma Brasileira"(formado por 11 críolos, que no título do lp ("CBS, 137980, "Samba Mr. Brasil") já definem a linha comercial do trabalho. Produção de Carlos Lemos, com alguns cuidados instrumentais e um repertório basicamente de sambas novos, alguns dos integrantes do grupo. Também Diplomatas do Samba (Chantecler/Rosicler, 2-12-407-246, maio/77), traz já na capa do lp imagem pouco estimulante; de blusões de couro, em motocas, os seis criolos deste grupo, pouco sugerem de brasilidade. Mas ouvindo-se as 12 faixas, a imagem melhora, com ambas de Alvarenga ("Salário Mínimo"), Ederaldo Gentil ("I n-Le-In-Lá"), Roberto Ribeiro- Jorge Lucas ( Brasil Berço dos Imigrantes") e Bom Cabelo-Narciso Lobo (-Cravo Branco"). Mas há também o intragável e comercial Benito di Paula ("Maria Baiana Maria"), além de Cleo Galanth ("Eu estava Pela A Vida A toa"), para provar que estes Diplomatas precisam de mais alguns anos no Itamarati de legitima MPB, antes de ensaiarem vôos maiores. 6 - Na linha de Lafayete, The Fevers e outros grupos que são disputados pelos clubes interioranos, mais um conjunto aparece: "Os Novos Reis dos Bailes", que ganhou na Phonogram a chance de fazer o seu primeiro lp que no mínimo, ajudará este septeto a conseguir mais contratos para os clubes da periferia ( atenção Avelar Amorim, eis mais um grupo para v. representar no Paraná!). O repertório é eclético, com muitas versões, musicas próprias e até "Os anos 60" de Sá, Rodrix de Guarabyra. FOTO LEGENDA- Alcides Gonçalves FOTO LEGENDA1- Paco de Lúcia Almoraima FOTO LEGENDA2- Super Bacana "O Conjunto" Os nossos reis dos bailes FOTO LEGENDA3- Alma Brasileira FOTO LEGENDA4- Samba, Suor e Ouro FOTO LEGENDA5- (") FOTO LEGENDA6- Os Galas e as Estrelas Cantam e Dançam na TV
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
1
29/05/1977

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