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Aramis

Entardecer das Ilusões, mais um filme no Paraná

O título é abstrato e romântico: "Entardecer das Ilusões". A sinopse define-se como "uma tragédia brasileira". Cenário: Curitiba. 22 personagens principais, mais algumas dezenas de extras. Dia 3 de abril, Aécio de Andrade inicia as filmagens com um cronograma de 45 a 60 dias, "dependendo das condições técnicas" explica a bela Tania Specht, 28 anos, gaúcha de Pelotas, desde 1980 no Rio de Janeiro e dona da Cigana Filmes - produtora associada a Sinal Verde neste filme de longa metragem que terá 70% das cenas rodadas em Curitiba. Tania está em Curitiba há três semanas, assessorada por Manoel Luiz Amaral - o "Beleu", da Itaipu Produções (pioneiro na comercialização de filmes super 8, turísticos) e Cesar Setti, na armação da produção, Aécio de Andrade passou aqui uma semana e na última segunda-feira retornou ao Rio de Janeiro, pois está trabalhando na finalização de outro longa - "O Final da Emoção", para cuja conclusão aguarda liberação de recursos da Embrafilme. Mas em abril, volta para as filmagens - num projeto que em sua primeira etapa "independente de financiamento oficial". xxx Assim como "O Final da Emoção" - um drama sobre a crise do casamento - também "Entardecer das Ilusões" não terá nomes famosos no elenco. - "Não gosto de trabalhar com estrelas", - explica Aécio, que, como veterano ator, professor de teatro e roteirista de uma dezena de filmes, prefere usar "gente de talento, com garra, mas sem estrelismos". Embora ainda dependendo de confirmação final - ou seja, assinaturas de contratos - já há alguns artistas da terra convidados para papéis importantes: Odelair Rodrigues, Joel de Oliveira, Aristeu Berger e o tenor Ivo Lessa - "já que o filme tem uma ligação operística", explica Aécio, autor também do argumento. De fora virão Angela Funaro (nenhum parentesco com o ex-ministro Dilson), Isabel Specht e Rômulo José, que atuam também em "O Final da Emoção". Outros artistas estão ainda sendo escolhidos, havendo possíveis papéis para a veterana Jane Martins e a sensual Silvana Cultturi Fiore. Na sinopse, Aécio de Andrade diz que "Entardecer das Ilusões" tem sua tragédia originária "da união impossível de duas famílias de castas diferentes: uma delas representada pela burguesia urbana e a outra pela aristocracia brasileira que se unem através de um casamento arranjado para salvar a família urbana da ruína política e econômica". Além de Curitiba, também haverá filmagens em áreas rurais; inclusive em um sofisticado haras em Ponta Grossa. A intenção da produtora Tania Specht é aproveitar a vinda do equipamento da Ponto Verde - (que se orgulha de possuir nada menos que sete câmeras de 35mm) - e também rodar um documentário sobre pontos turísticos do Paraná. Será uma fórmula de viabilizar a participação da Paranatur, como um dos órgãos que venha ajudar a esta produção. O orçamento é de 41 mil ORTs (aproximadamente Cz$ 33 milhões), mas o básico para a produção já existe: equipe técnica, equipamento "e filme virgem para serem rodados 8 horas", explica o diretor Aécio - que faz questão de frisar que só trabalha "com argumentos próprios e boas condições de desenvolver um projeto". Evidentemente, que Tania está buscando ajuda oficial - inclusive dentro de uma válida filosofia em dar condições, para que produtores se animem a rodar filmes em nosso Estado. Não há mídia melhor do que o cinema e que o digam os nova-iorquinos: há 20 anos, a Big Apple estava esvaziada turisticamente, devido a violência urbana e imagem negativa em torno daquela metrópole. Dentro do projeto I Love New York, estabeleceu-se um programa de estímulo a que filmes fossem rodados em suas ruas, parques e espaços, que resultou em mais de 100 obras - que, em si, deram a maior promoção a NY. Outras cidades do mundo também tem sabido atrair produtores, com bons resultados - e é natural que Curitiba, tão poucas vezes focalizada no cinema, possa também oferecer-se como cenário para filmes de realizadores que estejam dispostos a aqui virem filmar. Aécio, aliás, explica a razão pela qual optou por Curitiba. - Originalmente, a produção seria feita em Minas Gerais. Chegou a haver um pré-projeto de produção, mas senti, depois de conhecer Curitiba, que o clima da cidade, sua cor natural, a arquitetura, se ajustavam melhor a tragédia urbana, de conflitos humanos que marcam os personagens. O fotógrafo Rômulo Salles, já contratado, deverá desenvolver "imagens pigmentadas" - na explicação de Aécio de Andrade, que para tornar mais fácil o entendimento cita as belíssimas imagens de "Nove Semanas e Meia de Amor", de Adrian Lynne, como exemplo do clima visual que pretende obter neste "Entardecer das Ilusões". - Não vou dizer que seja o primeiro cineasta a estar preocupado em desenvolver tal técnica, mas, por certo, estou empenhado em conseguir os melhores resultados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/03/1988

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