Login do usuário

Aramis

Eruditos Nacionais

Um dos saldos mais positivos da administração do maestro Marlos Nobre no Instituto Nacional da Música da FUNARTE, foi a sua preocupação em não só reeditar preciosos documentos da música popular brasileiro, como também de ampliar o catálogo de música erudita de compositor e músicos brasileiros. Quase meia centena de álbuns com obras de nossos mais importantes compositores apareceram nos últimos 5 anos, período em que Nobre dirigiu o INM, com o apoio da Associação Brasileirados Produtores de Discos, que, felizmente, entendeu a importância deste trabalho. É bem verdade que mesmo antes de assumir o INM - em tão boa hora criado pelo ex-ministro (e hoje governador) Ney Braga, Marlos já vinha trabalhando na área, não só como compositor, pianista e maestro, mas também produtor, ligado ao seu grande amigo Maurício Quadrio, hoje diretor de projetos, especiais na Odeon, mas que, anteriormente, na Phonogram (hoje Polygram), provou que o Brasileiro não teme a música clássica. Hojes, as principais gravadoras vem ampliando seus catálogos de música erudita, não apenas como edições internacionais, mas, também, de música nacional. Uma das séries realizadas através da Associação Brasileira dos Produtores de Discos/MEC/FUNARTE/INM foi a coleção "Monumentos da Música Clássica Brasileira", com mais de duas dezenas de edições. Destes um que merece particular atenção foi o do Quinteto Villa-Lobos, formado por Carlos Seabra Rato (flauta). Gonzaga Carneiro (clarineta), Airton Barbosa (fagote), Braz Limonge (oboé) e Carlos Gomes (trompa). Entusiasta dos "chorões" (reuniões de músicas instrumental onde se praticava o improviso), amigo de Pixinguinha, Benedito Lacerda, quando compôs, o "Quinteto em Forma de Choros" (1928), Villa-Lobos (1897-1959) já tinha feito grande parte de sua série dos "Choros". E neste "quinteto", onde segundo Airton "Fagote" Barbosa, o mestre Lobos "introduziu novos elementos temáticos", conservando a sua pujante personalidade do começo ao fim. Além de gravar este "Quinteto em Forma de Choros", o grupo que leva o nome do mestre, gravou também "Quátuor", escrito também em 1928, obra que, como explica o fagostista Airton Barbosa "possui caracteristicas bastante distintas: está dividida em 3 movimentos e a presença da sugestão popular não é tão constante. Aos trechos puramente rítmicos sucedem se as frases de extrema beleza melodia". Num complemento ao espírito deste álbum realmente precioso foi incluída a "Sonata para piano a 4 mãos" (Serenata a 5 para quinteto do sopro) de Edino krieger, escrita há 26 anos, originalmente para piano a 4 mãos e agora transcrito para quinteto de sopro pelo próprio autor - numa homenagem ao Quinteto Villa-Lobos. Outros discos precioso para quem se interessa pela obra de Villa-Lobo é a produção do próprio Museu Villa-Lobos, gravando na Sala Cecília Meireles, no RJ, por Franck Justo Acker, contendo a "Missa São Sebastião"(1937), com a Associação de canto Coral, sob regência de Cleofe Person de Mattos, e tendo, como complemento, a partir da segunda faixa do lado B do disco, as "Baihanas Brasileiras n.º 9"(1945), com o mesmo grupo, mas sob regência da maestrinha Elza Lakschevitz. Pela Odeon, temos três produções de Maurício Cuadrio, todas com supervisão de Marlon Nobre. A primeira delas é um álbum com quatro peças do próprio Nobre, 40 anos, hoje o compositor brasileiro de maior expresão do Brasil: com o conjunto Música Nova do Rio de Janeiro, suas peças "Ukrimnakrinkrin"(1964), para soprano, instrumentos de sopro e pianos, tendo como solista Amália Bazani: "Ludus Instrumentais" (1959), escrito há 10 anos, nos EUA, quando participava, como convidado da Boston Symphony, no Festival de Tanglewood e, "Tropicale também composta há 10 anos e definida como "verdadeira explosão tropical". A última peça é "Quinteto de Sopros", de 1968, na execução do Quinteto de Sopros da Universidade Nacional de Brasília, criado há apenas 4 anos, e das quais fazem parte Odette Ernest Dias (flauta), Vaclav Viniceky (oboé). Luís Gonzaga Carneiro (trompa) e Hanry Schweizer (fotote). Nobre e Quadrio produziram, no ano passado, dois outros históricos elep6es: com a Orquestra Sinfônica Brasileiro, sob a regência de eleazar de Carvalho, regendo "Aberturas e Prelúdios", de seis obras de Carlos Gomes: "Salvador Rosa" (abertura), "Lo Schiavo" (prelúdio oboé solo: Ludmila), "Lo Schiavo" (alvorada), "O Guarany" (abertura), "Condor" e "Fosca". Desnecessario falar sobre a importância da obra de Carlos Gomes ou lembrar o remone mundial de Eleazar de Carvalho. Já com a pianista Clara Sverner, o álbum "Rio de Janeiro", também produzido por Nobre e Quadrio apresenta duas peças interessantíssimas: no lado A, sete peças, que ilustram o "Rio de Janeiro - Álbum Pittoresco Musical", editado em 1857 e reeditado 101 anos após, pela Livraria Kosmos, já então acompanhado de um disco de 10 polegadas, onde o pianista austriaco Friedrich Egger interpretava. "Melodias do Rio Antigo", agora recriada por Clara: "Botafogo", quadrilha de Demétrio Riveiro; "Glória", uma polca; "Jardim Botânico", valsa de Salvador Fábregas; "Boa Viagem", de Geraldo Horta; "São Christovão", engraçado schottisch de Quintino dos Santos; "Tijuca", polca mazurca de Goyanno é "Petrópolis", outra quadrilha, de J. A . Campos. No lado 2, uma peça de Darius Milhaud (1892-1974) que completa perfeitamente o álbum, como acentua J. Jota de Moraes no texto de contracapa; quando morou no Rio, como funcionário da Embaixada da França, entre 1917/18, o compositor francês deve ter tido notícia do "Álbum Pitoresco Musical". "Pois de outra forma, como explicar a coincidência de ele empregar nomes de bairros e de arredores do Rio em seu dois cadernos de "Saudades do Brasil" (Suite de dance)?". E esta peça de Milhaud, recebeu uma perfeita de Milhaud, interpretação de Clara Sverner, neste álbum precioso, enriquecido com belíssima capa reproduzindo uma cena do Rio antigo. FOTO LEGENDA- Monumento da Música Clássica Brasileira Quinteto Villa-Lobos Obras de Villa-Lobos e Edno Krieger FOTO LEGENDA1- Rio de Janeiro Álbum Pitoresco musical (1857) Milhaud: saudades do Brasil
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
1
05/03/1978

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br