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Aramis

Espionagem de jovens é a única estréia da semana

Por pouco que "A honra do Poderoso Prizzi", de John Huston, não deixa de ser exibido no Astor - e substituído pelo thriller "O Fio da Suspeita". A bilheteria foi fraca e João Aracheski ia fazer com "Prizzi's Honor" o mesmo que aconteceu com "Cotton Club" há três semanas: encerrar sua programação. Felizmente, tanto "Prizzi's Honor" continua - ao menos por mais uma semana - como "Cotton Club" retorna, agora no Cinema I, para quem ainda não viu poder conhecer este esplêndido filme de Francis Coppola, com roteiro de William Kennedy e Mário Puzo e que reconstrói o ambiente dos roaring twenties em Nova Iorque, embalado por uma trilha sonora no qual John Barry reuniu standards da época das big-bands, com vários temas de Duke Ellington. Só a trilha sonora - e dois números de sapateados de Gregory Hines (visto recentemente em "O Sol da Meia Noite") já fazem de "Cotton Club" um programa imperdível. Como comprar o teipe está difícil (Cz$ 1.100,00, se conseguir uma cópia importada), resta a compensação de ter a trilha sonora, aproveitando o lançamento feito pela CBS. No elenco de "Cotton Club", além de Hines, temos Richard Gere, a bela Diane Lane e um correto elenco de suporte: Lonette Mcs Kee, Bob Hoskins, James Remar, Nicolas Cage (sobrinho de Francis Coppola, visto em "Asas da Liberdade") e Fred Gwinne. A única estréia da semana é "A Traição do Falcão" (The Falcon And The Snowman), de John Schelesinger, baseado em fatos verídicos: há 10 anos, dois jovens - Christopher Boyce e Daulton Lee, americanos da classe média, envolveram-se em espionagem com os russos e até jovens americanos tornam-se espiões? Esta é a questão que o jornalista Robert Lindsey buscou responder, acompanhando o julgamento dos dois jovens (em abril de 1977), entrevistando-os demoradamente e produzindo um livro vigoroso, que baseou o filme de Schelesinger. Dois promissores atores estão em "A Traição do Falcão": Timothy Hutton (Oscar de melhor coadjuvante em "Gente Como A Gente", 81) e Sean Penn (mais conhecido como marido da Maddona), que juntos já fizeram "Toque de Recolher" (Taps). A trilha sonora é excelente: criada pelo guitarrista Pat Matheny (que tem vindo constantemente ao Brasil) foi editada, há meses, pela EMI-Odeon. "A Traição do Falcão" está em exibição no cine Luz. xxx A Cinemateca está apresentando uma série de filmes nacionais. Hoje, por exemplo, será exibido "O Anjo Nasceu", 1969, de Júlio Bressane, com Hugo Carvana, Milton Gonçalves e Norma Benguel. Cineasta udegrudi, autor de inúmeros filmes - quase inéditos comercialmente devido a seu hermetismo - Bressane tem, entretanto, quem o curte, pela irreverência e ruptura com a linguagem tradicional do cinema. Amanhã, programação dupla: às 15 horas, na sessão de vídeo, "Sossego D'Alma", 1985, de Beto Carminatti, sobre a citarista curitibana Inge Brums, que, no ano passado, fez um sensível elepê independente com músicas natalinas. No domingo, às 20:30 horas, "A Casa Assassina" - 1970, de Paulo Cesar Sarraceni. Do romance de Lúcio Cardoso, um drama pesado e intimista, com bom elenco: Norma Benguel, Tetê Medina, Carlos Kroeber, Nelson Dantas. Ótima trilha sonora de Antônio Carlos Jobim. Amanhã, a Cinemateca exibirá "Memórias de Helena", 1969, de David Neves, único filme com fotografia do ultra badalado Prieto Arudino Colasanti e, em participação especial, Humberto Mauro. xxx No Groff, amanhã à meia noite e domingo, às 10:30 horas, mais duas chances de quem ainda não viu, assistir um vigoroso filme do inglês Ken Russel (o mesmo diretor de "Crimes da Paixão", que continua no cine Ritz): "Os Demônios" (The Devils, 1972), proibido durante 10 anos no Brasil e que aborda o mesmo tema que o polonês Jerzy Kawalerowitz havia focalizado em "Madre Joana dos Anjos" (1961): o endemoniamento de um grupo de religiosas num convento durante o século XV. xxx Programas também recomendáveis: "Roma De Fellini", 1972, de Frederico Fellini - documentário dos mais criativos, que na época passou desapercebido está em cartaz no Cine Itália. "Salve-se Quem Puder" (A Vida) que Jean Luc Godard realizou em 1979, com bom público no cine Groff. No Plaza, o science-fiction "Inimigo Meu", do alemão Wolfgang Petersen, com uma bela mensagem pacifista. "A Hora do Espanto", de Tom Holland, a exemplo de "Um Dia A Casa Cai", de Richard Benjamin, continuarão em cartaz; público não falta para estas duas escapistas produções.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
10
18/07/1986

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