Está difícil para Mônica ter sua terra no Paraná
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de junho de 1986
O sonho acabou. Ou ao menos ficou congelado.
A Terra da Mônica - projeto que o desenhista e empresário Maurício de Souza vinha, há três anos, desenvolvendo com muito carinho para ser implantado no município de Cornélio Procópio, acabou entrando em fase de desaquecimento por muitas razões que, no frigir dos ovos, mostram mais alguns aspectos negativos do governo José Richa.
Oficialmente - e elegantemente - nem Maurício de Souza, nem a família Lima, proprietária das Termas Aquativa Hotel, com a qual o projeto seria viabilizado, fizeram comentários a respeito. Para explicar o afastamento da família Lima do empreendimento se falou em "falta de espaço físico". Ou seja, a Terra das Três Idades - ou Terra da Mônica - seria um projeto tão amplo que exige uma área de cem alqueires e a propriedade do médico João Batista Lima, onde se localiza as Termas Aquativa, tem apenas 40 alqueires.
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Entretanto, por trás desta explicação oficial, fica toda uma série de frustrações, que fez com que a família Lima se desiludisse do projeto - embora continue a apoiar Maurício de Souza, amigo pessoal do médico Lima e seus quatro filhos. A decepção foi com a Secretaria da Cultura e Esportes - que através da Paranatur, entraria no grande projeto turístico e, especialmente, com a Prefeitura de Cornélio Procópio. Interesses particulares inviabilizaram a nobre idéia que o idealista e filântropo João Lima tinha em relação ao projeto. Ele queria que ao invés de uma empresa de fins lucrativos, privada, o projeto fosse transformado numa fundação para fins beneméritos. O próprio Maurício de Souza chegou a concordar com a idéia mas a ganância de muitas pessoas ligadas a órgãos oficiais levou a proposta a ser torpedeada.
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Hoje, a família Lima está associada ao grupo Estância Barra Bonita, formada por dez poderosos empresários de outros Estados, para a exportação das Termas Aquativa S/A, um dos melhores espaços de águas termais do País. João Carlos Checin Lima, 26 anos, médico e diretor comercial da empresa, está desenvolvendo um amplo programa turístico, com pacotes destinados a segmentos específicos e que pode fazer com que, a curto e médio prazos, Cornélio Procópio passe a ter na Termas Aquativa, um ponto de movimentação tão grande quanto é a Pousada do Rio Quente, em Caldas Novas, no Estado de Goiás. Afinal, as fontes de águas termais de Aquativa - com uma capacidade de 650 mil litros d'água por hora - são consideradas um das cinco melhores do País. Numa área de 300 km há uma população de 12 milhões de habitantes, potencial imenso para usufruir às Termas Aquativa, em seus aspectos de lazer e medicinais, estimuladas ainda mais com toda uma programação turística e de atrações que vêm sendo planejada - e que começa agora em julho, de 8 a 13, com a Semana da Itália, tendo a participação artística de Zácaro e sua orquestra, especializada em música peninsular - já com vários lps gravados. Posteriormente, será realizada a semana do Japão, além de pacotes específicos, atraindo estudantes, recém-casados e também pequenos congressos.
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Quanto ao projeto da Cidade da Mônica - uma espécie de Disney-world tupiniquim, num investimento de muitos milhões de dólares - o mesmo poderá ainda acontecer em Cornélio Procópio, mas em outra área. Só que a especulação imobiliária, que cresceu de forma impressionante nos últimos dois anos, faz com que só na aquisição do terreno necessário - 100 alqueires - haja um comprometimento de Cz$ 10 milhões, - despesa que não haveria se as negociações com o grupo Termas Aquativa não tivessem sido prejudicadas ainda em 1985.
Dono de um poderoso grupo na área infanto-juvenil, que partindo de seus personagens de histórias em quadrinhos tem hoje associações com dezenas de empresas que exploram a imagem da Mônica e sua turma, Maurício de Souza há muito tempo vem sonhando em implantar também a sua Monicaland. No final do I Festival Internacional de Cinema, Vídeo e Televisão, no Rio de Janeiro, em outubro de 1984, recém-chegado do Japão, fez o anúncio oficial de que o projeto seria realizado em Cornélio Procópio - conforme aqui publicamos, em primeira mão, na época.
Várias razões fizeram com que Maurício tivesse preferido escolher o município paranaense, ao invés de dezenas de outras localidades que também desejavam este fabuloso empreendimento turístico. A excelência do clima - com baixíssimo índice pluviométrico, o fato de estar numa região de fácil acesso, próximo a um roteiro internacional com Foz do Iguaçu e, especialmente, a existência já das Termas Aquativa, com quem o projeto seria desenvolvido.
Infelizmente faltou da parte do governo do Paraná e da Prefeitura de Cornélio Procópio apoio para que o projeto de viabilizasse imediatamente. A família Lima, desiludida, se afastou do empreendimento - que, agora, se acontecer (o que muitos duvidam) terá uma outra estrutura.
LEGENDA FOTO 1 - Maurício de Souza: Monicaland congelada.
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