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Aramis

Fazendo o que a UFP não conseguiu

A exemplo da Ática, editora paulista que vem publicando importantes teses universitárias. A Paz & Terra, com sede no Rio, também está dando atenção ao trabalho dos professores universitários que, disciplinadamente, tem feito levantamentos dos mais interessantes em diversas áreas. O que faz lembrar aquilo pela qual não nos cansamos de aqui reclamar: a desatenção da Universidade Federal do Paraná em relação a sua área editorial. Mesmo com toda boa vontade de reitor Ocyron Cunha, ex-livreiro, praticamente esta área não foi agilizada. A administração de Ocyron já entra em fase final e muito pouco foi publicado. Dezenas de teses defendidas pelos professores das áreas de ciências humanas continuam inéditas e alguns dos mestres que defenderam suas dissertações, decepcionados com a falta de apoio da UFP, estão buscando com justa razão o apoio de entidades de outros Estados. Por outro lado a comissão editorial da Secretaria da Cultura, coordenada pela professora Cassiana Licia Lacerda Corolo, luta com a falta de recursos, embora venha desenvolvendo esforços. Tem, inclusive programada a edição de duas ou três testes de professores de outros Estados, mas que abordam assuntos paranaenses. Merecendo portanto, que tenham seus trabalhos aqui publicados. Xxx A Paz Terra, vai lançar por estes dias "Por trás das ondas da Radio Nacional", de Miriam Goldfeger, o primeiro estudo de profundidade e análise ideológica da produção radiofônica de maior penetração no Brasil nos anos 50 ligada à Rádio Nacional do Rio de janeiro, buscando o seu significado político a partir das políticas sociais no período. Miriam Goldfeder mostra que essa produção abriu brechas para a penetração de elementos ideológicos que extrapolaram de uma forma ou de outra o estreito domínio imposto pela ideologia dominante. Na área cultural, duas outras importantes edições: "O Espetáculo Interrompido" (Cinema e Literatura de Desmistificação), Robert Stam e "Suplemento Literário", de Paulo Emílio Salles Gomes (de quem saiu há pouco "Cinema: Trajetória do Subdesenvolvimento"), o autor Roberto Stam apresenta reflexões gerais sobre a noção do antilusionismo na literatura e cinema através de análises detalhadas de textos específicos. Após delinear as manifestações do fenômeno na Renascença, com Shakespeare e Cervantes, prossegue o estudo través de três momentos culturais e artísticos: o momento do romance reflexivo: do modernismo e da vanguarda: o do pós modernismo e o momento político (Brecht e Godard). Já "Suplemento Literário" é uma coletânea de ensaios de Paulo Emílio considerando o melhor crítico de cinema do Brasil. A figura de Lampião já foi estudada em vários livros. Mas o brazilianista Billy Jaynes Chandler em "Lampião. O Rei dos Cangaceiros" propõe uma nova versão sobre a formação desse bandido-herói. Devidamente pesquisada, documentada, precisa e em ordem cronológicas, busca mostrar as razões sócio-economicas que levaram a formação do fenômeno do cangaceirismo a sua influencia na sociedade da época. A propósito, um pequeno estado do Nordeste ganha também um profundo estudo: "A Vida Patriarcal de Sergipe" de Orlando Vieira Dantas, é a abertura de uma trilogia onde busca, em sua visão de sociólogo competente e sedimentado, documentar a sua interpretação da civilização sergipana. Depois de caracterizar a etnia do povo e inventar os troncos ancestrais da classe senhorial da Província, reconstitui em traços fortes e vívidos o tipo de sociedade que vicejou em Sergipe no século passado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
14/10/1980

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