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Aramis

Fernandinha, ex-Blitz, com toda a corda da eletrônica

Promoção não faltou para o lançamento disco-solo de Fernanda Abreu, ex-Blitz, agora no campo de batalha junto ao público jovem que busca intérpretes inovadores: "Ala Radical Dance Disco Club"(EMI/Odeon) chegou com uma produção luxuosa, capa dupla, ilustrações up to date (afinal, ela é mulher do artista gráfico Luiz Stein, responsável pela programação visual dos antigos shows da Blitz e pelas capas dos discos) e usando e abusando de recursos eletro-acústicos, computadores e outras arapuquinhas que permitem casamentos sonoros impensáveis há alguns anos. Não foi sem razão que outro performático guru desta linha, Fausto Fawcett, se entusiasmasse com o projeto, participasse do mesmo e assine um biográfico texto sobre Fernanda Sampaio de Lacerda Abreu no release que acompanha o álbum. Ex-aluna de ballet de Tatiana Lescova, levada por Léo Jaime ao Blitz - grupo jovem que entre 81/82 teve vibrante (embora efêmera) carreira, Fernanda parou, astutamente, quando o grupo se desfez - com Evandro Mesquitas, seu líder, fazendo carreira solo. Estudou sociologia na PUC-RJ, estudou canto e guitarra, lapidou a voz e começou a compor - mantendo-se sempre atualizadíssima. O resultado é um trabalho avançado, repleto de modismos que mostram seu lado de compositora em trabalhos solos ou parcerias com o marido Stein, Leisfer, Herbert Viana, Fábio Fonseca, Fausto Fawcett, entre outros, a audição atenta do disco de Fernanda Abreu, sem preconceitos, mostra não uma roqueira ao contrário, uma jovem de seu tempo, com boas idéias, capaz de buscar tantos instrumentistas identificados ao que existe de mais moderno em termos de som com a percussão saudável do mestre Marçal, em temas que vão desde títulos estranbólicos como "Ânsia Obscena de Transcendência Impossível", ao "Kamikazes do Amor", passando por "Disco Club" ou o "SLA Radical Dance Disco Club" que dá título ao disco. Enfim, pode não ser fácil a quarentões, à primeira audição, aceitar propostas como estas, mas jogar Fernandinha e sua gang sonora na vala comum seria injusto e preconceituoso. Deve-se ouvi-la com atenção.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
6
09/09/1990

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