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Aramis

Fora de sintonia

Quem diria! Da FM que nasceu com o nome de Brasil, executando exclusivamente música popular brasileira passamos à FM 104, que avalisa "Monsters of Rock 85", título do elepê que a WEA está lançando reunindo,grupos de rock pauleira AC/DC, Twisters Sisters, Zebro, Ratt, ZZ Top como patrocínio da emissora que lidera a audiência em Curitiba. A realização de discos-marketing com intérpretes estrangeiros, selecionados por disc-jockeys e programadores das emissoras de maior audiência é um macete que a umas gravadoras usam com freqüência. A mesma WEA já mostrou, há algum tempo, um elepê com indicações feitas pela equipe da FM Caiobá. Só que no caso deste "Monsters of Rock 85", há um aspecto curioso: confirma, mais uma vez, a força do marketing internacional em relação a qualquer tentativa de manter uma programação exclusiva de música brasileira. Há sete anos, quando o grupo Positivo conseguiu a concessão de uma FM, seus diretores aprovaram uma proposta nacionalista: a nova emissora se chamaria FM-Brasil e divulgaria exclusivamente música popular brasileira. O jornalista Sergio Cabral (hoje vereador no Rio de Janeiro) como profissionais identificado à nossa melhor cultura popular, aceitou um cachê simbólico proposto pela agência PAZ e veio a Curitiba gravar um comercial para a televisão divulgando a nova emissora. Euclides Cardoso, um dos mais respeitados profissionais do rádio paranaense e que havia feito da FM Iguaçu a campeã de audiência (até ser cassada pelo então presidente Geisel, numa perseguição pessoal ao ex-governador Paulo Pimentel), foi quem bolou toda a programação da FM Brasil. Uma rádio que nascia com nobres propósitos de valorizar melhor música popular do País. Passaram-se alguns meses e a audiência da FM Brasil não conseguia subir. Na guerra do Ibope vencia, infelizmente, a programação com música estrangeira. A tal ponto que, mesmo a contragosto, os donos do Positivo não tiveram outra solução, para tirar a emissora do vermelho, decidiram "mesclar" a programação. E na "mesclagem", a música internacional acabou ocupando espaços maiores, perdendo a FM as características originais. Até o nome Brasil foi suprimido e apenas FM 104 passou a identificá-la na batalha pela audiência, brigando ouvinte a ouvinte com a FM-Caiobá, dirigida por outro expert em rádio Didie Bettega e também voltado ao público jovem - faixa, aliás, que a maioria dos FMs buscam com irritante insistência. Aloysio Motta, executivo da WEA, sentiu que a FM 104 tem um enorme potencial de público e assim propôs a edição do "Monsters of Rock 86". 0 programador-chefe, Cesar Marques, passou algumas semanas ouvindo dezenas não de fitas, dos artistas internacionais das diversos etiquetas do grupo Warner e fez a seleção final para este disco agora lançado, que representa uma grande promoção para emissora hoje pertencente ao bilionário Mário Petreli. Sem imobilizar nenhum centavo - tendo, inclusive, uma participação na vendagem do disco e o nome divulgado nacionalmente - e, numa jogada que fica entre a austúcia e a covardia, não é sequer mencionada na contracapa que este prefixo é de Curitiba. Menos mal que a seleção que Cesar Marques fez não poderia ter sido mais incrementada, bem ao gosto do público Jovem. Abre, por exemplo com o grupo, australiano AC/DC com "Jailbreak" e, prossegue com conjuntos comoTwist Sister ("We're Not Gonna Take It"), Zebra ("I Don't Like It"). Dokken ("Just Got Lucky"), Slone Fury ("Break Down The Walls", Ratt ("In Your Direction"), ZZ Top ("Legs"), dando apenas uma faixa para um nome mais conhecido e menos eletrificado: Rod Stewart, com "All Right Now". Para quem coleciona exemplos de colonialismo cultural da força da música estrangefra em termos de marketing, este "Monsters of Rock 85", "nascendo" com o aval daquela que já foi um dia a FM verde-amarela do País, é um caso especial. Afinal, no frigir dos ovos, o Ibope é quem conta. E o resto é pauleira...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Domingo Especial
18/08/1985
Meu Deus, tenho procurado informações e nomes das músicas deste album há vinte anos! Engraçado como nossas vidas seguem rumos a partir de fatos únicos. aos nove anos eu ganhei tal fita e apaixonei-me por Inglês. Eu poderia ter sido qualquer outra coisa, ter passado minha vida em atrás de um balcão em uma loja, ser sei lá o que, cuidar dos negócios da família etc etc... Ganhei essa fita k7 de aniversário aos nove anos, depoix disso apaixonei-me pela língua inglesa, viajei meio mundo sem ter um centavo no bolso; conheci meia Europa, formei-me em londres; hoje sou professor de inglês, amo o que faço e ainda continuo tentando ouvir as músicas da fita que perdi há mais de vinte anos, fita que é responsável por muito do que há de bom em mim. Se alguém tiver alguma informação de onde posso ter todas as músicas do álbum, serei grato. Preciso dos sons daquela inesquecível coletânia que não ouço há muito e meus ouvidos ansiam por tais melodias todos os dias da minha vida. contato através do e-mail ottoeduardo@hotmail.com

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