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Aramis

Francisco, o novo Buarque

A exemplo de "Jogo de Damas", de Edu Lobo e "O Grande Circo Místico", de Chico Buarque-Edu Lobo, "O Romance das Quatro Luas" deverá se transformar também em disco e, por que não, talvez até num especial de televisão. As gravações já foram iniciadas e com a participação de nomes famosos - até agora ainda não divulgados - o tape deixa as gravadoras com água na boca. A Sigla Som Livre foi que editou os dois álbuns anteriores - e, naturalmente mostra-se interessada nesta nova produção. Mas até agora, ao que consta, não há ainda contrato assinado. Para dança, a exclusividade é do Guaíra. Na exploração em disco, televisão e outros meios, os direitos são de Chico, Edu e Ferreira Gullar. Aliás, para tratar de detalhes relacionados a produção, está sendo aguardado em Curitiba o advogado Samuel MacDonald, que foi o último marido da cantora Elis Regina e hoje atende os interesses de alguns superstars da música brasileira, inclusive Chico Buarque. Anteriormente, era o advogado Antônio Barbosa, extremamente bem relacionado na comunidade artística, quem fazia as negociações em nome de Chico e Edu. Falando em Chico, anuncia-se para dentro de 10 dias o lançamento de seu novo lp ("Francisco", BMG/Ariola), com um repertório surpreendente - segundo os que tiveram o privilégio de ouvir a fita. O jornalista Mauro Dias, em texto na "Visão" que está nas bancas (número 43, Cz$ 80,00) garante que "vai emplacar". É um trabalho belíssimo, colorido pela poesia ímpar de Chico, por suas músicas sempre amorosas e delicadas - mesmo quando o tema á amargo, pelos arranjos preciosos de Cristóvão Bastos, pela esmeradíssima produção conduzida por Homero Ferreira, ex-cunhado de Chico, um perfeccionista nos detalhes de estúdio, tal qual o próprio Chico enquanto músico e poeta. Uma das novas músicas chama-se "As Minhas Meninas": reflexão poética de Chico sobre os caminhos de suas filhas adolescentes caminhando para seu próprio destino: "Olha as minhas meninas/as minhas meninas, pra onde é que elas vão/Se já saem sozinhas/ As notas da minha canção". Como diz Mauro Dias, Chico reflete delicadamente, numa valsa vestida por cordas, sobre a condição de moças vivendo na Zona Sul, protegidas, cuidadas. E emenda no contraponto proprosital, obrigatório, o outro lado da moeda: "Uma Menina", construída sobre a crônica policial, que narra a história de uma criança morta por um detetive durante a invasão do morro do Tuiuti, no rio. Esta música, forte, leva a outro mais forte ainda: "Derradeira Estação". Ligadas pelo toque de bumbo, as composições fazem plano cinematográfico: a primeira tem o foco sobre uma menina. A segunda, sobre o morro da Mangueira em plano geral: Rio de ladeiras/civilização encruzilhada cada ribanceira é uma nação A sua maneira/com ladrão lavadeiras, honra, tradição fronteiras, munição pesada São Sebastião crivado/ nublai minha visão na noite da grande fogueira desvairada. LEGENDA FOTO - Chico Buarque
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
31/10/1987

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