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Aramis

"Gaijin", os caminhos de uma nova cineasta

Um filme terno e belo. Eis a sintese que se ajusta a "Gaijin Os Caminhos da Liberdade" (cine Condor, ainda hoje em 4 sessões), longa-metragem de estréia da cineasta nissei Tizuka Yamazaki. Com um aprendizado em vários setores profissionais, formada por um dos dois únicos cursos superiores de cinema do País, Tizuka é uma agradável revelação num campo onde as mulheres estão buscando conquistar seus espaços. Na "Parceria" que participou no Paiol, há duas semanas. Tizuka declarou que não pretende "se transformar na cineasta da colonização japonesa" e que tem outros projetos para o futuro. Mas só mesmo uma pessoa identificada culturalmente com o Japão poderia realizar um filme tão sincero e expressivo como esta produção que já obteve elogios em Cannes e vem tendo excelente repercussão junto à crítica nacional. As sagas dos imigrantes tem pontos em comum, nos vários países e das várias etnias. Vendo-se "Gaijin" nos ocorre um filme argentino, que vimos há 10 anos em Buenos Aires: "Los Gauchios Judios". Tratando da chegada de colonos judeus à Argentina, aquele filme (como tantos outros daquele país, nunca exibidos no Brasil), procurava mostrar as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, sua aculturação e integração ao novo país. "Gaijin" também busca em 1908, a exploração de que foram vítimas por parte dos fazendeiros de café e sua integração ao País. Sem Panfletarismo - mas não temendo colocar o dedo na ferida - Tizuka Yamasaki denuncia o (já) capitalismo selvagem, a exploração dos agricultores num problema que, de certa forma, persiste ainda hoje e as primeiras lutas pela defesa dos direitos dos trabalhadores. Um roteiro bem trabalhado faz a narrativa fluir naturalmente e o resultado positivo de "Gaijin" deve muito a excelente fotografia de Edgard Moura (sem duvida merecedor da Coruja de Ouro), a cenografia de época de Yurika Uamasaki e a ajustada trilha sonora de John Nschling. Utilizando integrantes japoneses - como Kyoko Tsukamoto e Jiro Kawarasaki, a diretoria Tizuka, sabiamente colocou legendas nos diálogos em japonês garantindo não só um mercado para o filme no Japão mas tornando mais fácil a sua compreensão, Antônio Fagundes prova que é um ator competente ( o que a televisão nem sempre deixa mostrar), e Gianfrancesco Guarnieri, como o imigrante italiano, rebelde e injustiçado, está emocionante. "Gaijin" é um filme belo, documental e importante de ser visto, mostrando o talento de uma jovem mulher que, com garra e sinceridade, realizou uma obra de muita verdade e sinceridade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
6
27/08/1980

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