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Aramis

Geléia Geral

Música orquestrada tem público? Esta pergunta deve estar sempre na cabeça dos homens de marketing das gravadoras, haja vista que se no passado havia orquestras de público cativo - André Kostelanetz, Billy Vaughan, Lawrence Welk, Ray Conniff, entre tantas, hoje este mercado parece ter reduzido. Mas há alguns nomes-totem, que resistem, e um deles é o francês Paul Mauriat, que com uma fórmula de fácil consumo, muitas cordas e repertório up to date de acordo com as paradas de sucesso, sempre vende certo em muitos países - especialmente no Brasil, onde já esteve várias vezes e cujo repertório tem incluído em seus sazonais discos. "Windy" (Polygram), seu novo lp repete o esquema de sempre - três composições próprias ("Windy", "Waiting" e "Day After Day") e standards garantidos ("Nikita", de Elton John; "Part-Time Lover", de Stevie Wonder; "Say You, Say Me", Lionel Ritchie) etc. Para fundo sonoro, devaneios e trilha musical dos motéis, não há programa melhor. xxx Se os discos de Mauriat, pela Philips, tem sua razão comercial de saírem, difícil é entender os critérios que nortearam a produção da série "In Gold", da Polygram, com músicas antigas, interpretações das mais acadêmicas em vários instrumentos solo. Uma coleção realmente déja'vu, que só vai funcionar no mercado de preços-ofertas e para quem produz fitas de música ambiente tradicional. Assim há os volumes dedicados a acordeão (Horst Wende), guitarra (Karlheinz Kastel/Frank Koffler), clarinete (Henri Arland e Hans Bertram Orchestra); piano (Fritz Schulz-Reichel e Hans Bertram Orchestra); órgão (T. W. Ardy) e pistão (Heinz Schuctner e a Hans Bertram Orchestra). Pelo repertório, arranjos e mesmo solistas, a impressão que se tem é de uma máquina do tempo ao inverso, com os mais comerciais (e desgastados) sucessos dos anos 40/50. xxx Como se fala muito em funk e reggae e se estabelece até confusões em torno destes ritmos comerciais, a RCA convidou o especialista Maurício Valladares para produzir um disco-antologia, apresentado com um texto introdutório. Só que os grupos selecionados são totalmente desconhecidos, o que só pode ser explicado pelo fato de Valladares ter a preocupação de apresentar gente identificada a estes gêneros, mas pouco conhecida entre nós. Maxi Priest and caution, por exemplo, dá o chute inicial, com "Should I" e a seleção prossegue com Shine Head ("Billy Jean"), Hugh Masekela ("Pula Ea Na"), Whodini ("Escape"), UB 40 ("My Spliff") e outros nomes, inclusive duas recentes estrelas do reggae jamaicano - Big Youth e Tapper Zukie. xxx Cresce o brega, Odair José, há 17 anos no mercado - tempo suficiente para adquirir notoriedade ao ponto de merecer até um roteiro cinematográfico do curitibano Bolinha, premiado no Cine-Rio Festival-86, está agora de casa nova. Pela RGE sai o seu novo elepê, com músicas como "Puro", o "O Garimpeiro", e um pout-pourri com sucessos como "Eu vou tirar você desse lugar", "Esta noite você vai ter que ser minha", "Pare de tomar a pílula" e outras pérolas que mais do que sucessos populares, valem até como temas para ensaios sociológico-musicais. Não desprezemos, jamais, Odair José! Ao contrário, procure-se entendê-lo em sua linguagem simples, temas do cotidiano e que chegam ao povão. O paraense Carlos Santos, riquíssimo, dono de sua própria etiqueta e uma cadeia de lojas de discos no seu Estado, está com seu oitavo elepê na praça, distribuído fora do Norte/Nordeste pela Polygram. Com parceiros diversos, é autor de todas as faixas - da lambada ao crimbó, sempre na base da dor de cotovelo. E há também os novos bregas: em disco mix, selo Tropical, temos Paulo Torres em três faixas ("Gosto de Quem Gosta", "A Vida Sorriu Pra Mim", "Não Sei Porque") e José Nery ("Não Sei Amor"). Outro brega, Adilson Ramos, já vendeu tantos discos que merece uma antologia ("O melhor de...", selo Tropical), com seus maiores suceessos em 10 anos de carreira. xxx Um grupo pop veterano - o Moody Blues, que embalou sucessos na década passada ("I'm Just a Singer" e "Isn't Life Stranger?"), depois de ficar 3 anos sem gravar, retorna em "The Other Sid of Life" (Polygram/Threshold). Formado em 1964, o Moody Blues tem uma longa lista de sucessos - a começar pelo seu primeiro álbum, "Days of Future Passed", uma das primeiras experiências de aproximar o pop do erudito - tanto é que foi gravado com a Sinfônica de Londres e lançado em 1968 - e até hoje merecedor de atencão. No total, o grupo já vendeu mais de 40 milhões de cópias de seus vários lps e este "The Other Side of Life" é o primeiro trabalho com o produtor Tony Visconty, que trouxe um novo estilo para a banda.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
31/08/1986

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