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Aramis

Geléia Geral

Aproveitando a grande cobertura que a presença de David Byrne, 33 anos, líder do grupo Talking Heads, teve durante sua presença no III FestRio - no qual, seu filme "Histórias Verdadeiras" (True Stories), foi exibido, hors concours, na noite de encerramento (29/77, Hotel Nacional), a Odeon está procurando antecipar a edição do álbum com a sua trilha sonora - nove belíssimas canções, integradas ao clima deste filme um tanto mágico, que a Warner Brothers lançará no primeiro trimestre de 1987. A idéia de realizar um filme como diretor, roteirista e narrador-ator, nasceu quando Byrnes participou de "Stop Making Sense", documentário de Joathan Donne sobre uma excursão do Talking Head, há 3 anos passados (exibido no FestRio-85, e a disposição em cópias piratas de vídeo). Só que Byrne não fez apenas um musical: "True Stories" é um filme de idéias lembrando "Nasheville" de Robert Altmann, com uma ácida e profunda visão do american way of life. Na semana passada, registramos dois outros discos do Talking Heads, na praça. Agora, aguardamos a chegada da trilha de "True Stories", enquanto que sobre o filme - e toda sua magia - voltaremos a falar futuramente, quando o mesmo chegar as telas em lançamento normal. xxx Romântico, puxado para o brega, Peninha está estreando na Continental, contando até com uma grande ajuda de amigos famosos: uma nova canção de Caetano Veloso ("Tá Combinado"), composto especialmente para este seu novo álbum e a participação especial da dupla Matogrosso e Mathias em "Eterno Chorar" (Peninha/Marcio Monteiro). O repertório de Peninha é curiosamente diversificado, variando desde canções apelativamente bregas até momentos de alguma inspiração - mas voltados sempre a um clima romântico - começar pelo "Precisamos Conversar", que abrindo o lado A, e incluindo duas novas músicas da dupla Luiz Guedes/Thomas Roth - "Último Beijo" (nesta também com a participação de Cláudio Rabello) e "Amo Você". Para encerrar, até uma versão de "Morning Has Broken" (Cat Stevens), que aqui se chama "Quando Amanhece". xxx Como não há brega sem estopa, a Odeon também não desperdiça oportunidades de faturar na área. Assim, mesmo com toda a crise de vinil que faz com que muitos projetos sejam adiados e os discos de jazz e música clássica tenham tido sua produção suspensa, para Marco Paulo, um garotão apelativo em termos de repertório houve matéria-prima e seu elepê ("Sedução") está na praça: O destaque dado na capa do disco as faixas "Quem Fomos Ontem", "Dono do Meu Coração" e "Amor Italiano", - três versões - indica que como produto de consumo este novo intérprete tem uma boa previsão de retorno para a gravadora. Em termos de qualidade, a questão é outra - mas afinal o marketing fonográfico tem uma linha toda própria. xxx Já pintando nas programações FM o "Nu Brasil", de Vinícius Cantuária, faixa promocional em mix, de seu primeiro elepê pela Odeon. A letra desta música - será um rock, um samba, xote reggae, funk ou baião, como diz a própria promoção - parece ser uma autogozação, mas feita com graça e irreverência: "De olho na notícia/E na programação/O outro lá de fora não desliga não/Tem disco, tem revista, é o rei da informação/A roupa, o cabelo tipo importação/Eu fujo disso a mil/Eu moro nu Brasil/Tem samba, funk, rock'n roll/De dia é um gato vai no arpoador/De noite assume dark pós inovador/De gente muito nova o baixo transbordou/Todo mundo procurando, quem achar, achou". Agora, vamos esperar pelo resto do disco. Ou seja, o elepê inteiro de Vinícius Cantuária, um amazonense talentoso (como mostrou em seus lps anteriores, na RCA), para poder emitir algum juízo crítico. xxx Como os Jacksons, os DeBarge também formam uma família musical, de origens religiosas. El, Bunny, Randy, James e Marty DeBarge começaram cantando "golspel" em igrejas até que chegaram a Motown a etiqueta que se orgulha de ter um elenco exclusivamente de artistas negros. Agora, os brasileiros estão conhecendo El DeBarge (Motown/RCA), num disco que o coloca entre os nomes que prometem, como vocalista, na música contemporânea. El já viveu diversas experiências bem sucedidas, ao lado de seus irmãos, em hits como "Rhytm of the Night, "All this Love", "You Wear it Well", entre outros. Como integrante do grupo DeBarge, obteve menção em ouro e platina nos três álbuns do grupo "All this Love", "Love In A Special Way" e "Rhytm of the Night". Após muitos concertos, turnês, apresentações em TV e até um filme ("The Last Dragon"), El DeBarge partiu para a sua carreira-solo e o resultado é este elepê, no qual houve a colaboração de gente como Burt Bacharach/Carole Bayer Sager (produção e composição de "Love Always"), Peter Wolf ("I Wanna Hear From My Heart", "Don't Say It's Over"), e até o tema do filme (inédito no Brasil), "Short Circuit", de John Badham. xxx A conferir, por quem se liga! Alex Gibson já foi definido por algumas publicações especializadas como produtor das mais interessantes e provocantes músicas do período "pós-punk" surgida na área de Los Angeles nos últimos anos (leia-se, a partir de 1979). Gibson foi vocalista, guitarrista e compositor do grupo "BPeople" durante três anos, definindo seu estilo como "escuro, melancólico e etéreo" (ou seja, bem do agrado da geração dark). Há 7 anos, Gibson formava o BPEOPLE - uma banda que definia o desespero que impregnava a comunidade de Hollywood - um som triste e dissonante, comparável a de grupos como "Joy Division", "Public Image", e "Gang Of Four". O grupo BPEOPLE gravou um lp e um compacto ("Passionel"). Quando algumas divergências dissolveram o BPEOPLE, Gibson continuou a trabalhar com outros conjuntos (Grave, Shadow Mistrela e The Sleepers) e fez a trilha sonora do filme "Suburbia", de Penelope Spheeris (inédito no Brasil). E formou um novo grupo - o Passionel - que agora chega ao Brasil (Enigma/RGE, "Our Promise"), com seu som, definido por Gibson, como "rico, intenso e fluído". No grupo estão Robyn Jameson (baixo), Del Hopkins (bateria), Gabriel Quinto (sax) e Wesley Brown (vocal). xxx Mais um grupo de rock da geração dente-de-leite ganha seu lp: o Hanoi-Hanoi, lançado pela RCA. Formado por Arnaldo Brandão, baixista (ex-Brylho da Cidade); Afonso, guitarrista (que trabalhou com o talentoso ministro Marco Antonio Araújo, falecido no início deste ano); Pena. Ex-Herva Doce - baterista e Cássio, na percussão. Um trecho do release que apresenta o grupo, dá idéia das pretensões deste Hanoi-Hanoi: "Letra e música duma modernidade Dagora. Um NÃO às vanguardas esclerosadas, indecifráveis, já palacianas. SIM à poesia e música clara, suja, real, pela... "Na lua cheia tá doida/apaixonada/Não sei por quem". O autor da maioria das letras, Tavinho Paes, tem aquela quilometragem de asfalto, aquele combustível e o bater das pernas ideal. Um cara que escreve mas não é uma conta, é um ser humano, falho apaixonado, potente e impotente. Tudo junto. Como a nossa cidade. Seja ela qual for. Totalmente demais. Na veia"(sic). xxx Traços de uma beleza eurasiana, voz afinada, Sandra foi testada em disco-mix (Mercury/Polygram) em "Little Girl", com duas versões. Se aprovar nas vendas, talvez ganhe lp-solo em 87. xxx Um disco de voltagem a público específico: "Salde On Stage", com o já conhecido quarteto, num repertório de dez novas músicas, a maioria do duo Holder/Lea. xxx Billy Ocean, em seu jeitão descontraído, muito swing, em "Love Zone" (RCA/Arista), trazendo um pacote de músicas inéditas: "Bittersweet", "It's Never Too Late To Try" e "Promisse Me", entre as mais interessantes. xxx Já o DIO, liderado por Ronnie James Dio, quinteto punk, olhares assustadores e repertório da pesada, com um som incrementadíssimo em "Intermission", assustador a partir da própria arte na capa deste lp lançado pela Polygram. xxx Outro grupo de heave metal, som pesado e assustador: o Keel, em "The Final Frontier", produção de Gene Simmons. O grupo é formado por Ron Kell, Marc Ferrari, Kenny Chaisson, Dwain Miller e Bruan Jay. xxx Em produção da LupSom, uma nova etiqueta paulista, distribuída pela RCA, o grupo Caprarole em disco mix, com "Me Dá Um Pouco de Você" e "Girar". xxx Outros grupos de rock nacional, também no campo de batalha buscando seu espaço; o KGB. Em produção do experiente Mazola, o conjunto formado por Pisca (guitarra), Pedrão (baixo), Júlio César (teclados), Rui Motta (bateria) e Willie (voz), tem um mix-duplo (Barclay/Polygram) com as faixas "Ponte Aérea", "Quem é o Aflito", "Pirei em Você" e "Chamando Por Você". LEGENDA FOTO - Peninha: brega romântico
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
14/12/1986

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