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Aramis

Geléia Geral

Stalin deve estar revirando na tumba. E o velho Marx também. Afinal a Glasnost do camarada Gorbachev parece ter exagerado: o pior rock de consumo capitalista invadiu a URSS. Afinal, um mercado imenso. Depois desta, só mesmo o rock chinês - da República Popular, é claro. Assumindo a representação do selo Melodia, ao lado de discos com música clássica, a RCA/Ariola, colocou nas lojas, já há algum tempo, um elepê que vale pela curiosidade - "Panorama 86", gravado na Casa Central do Turista, com capa esfumaçada e contracapa traduzida do "Komsomolskaya Pravda" (o jornal da juventude soviética), trazendo, em primeira audição brasileira, sete bandas. Como disse Tarik de Souza - não é fácil digerir. Todos cantam em russo (não há encarte com letras traduzidas) e a qualidade técnica do registro é apenas razoável. Há temas irônicos ("O País das Felicitações", "A Classe Mais Inteligente"), trazendo o ex-subversivo (para o PC) Machina Vremini ("Máquina de Amor"), mas no geral esta coletânea "não passa daquilo que a KGB julga ser o pop soviético", como disse outro especialista em música pop - Luiz Antônio Giron. Aparentemente, o barulho é grande e as mensagens não passam, apesar do disco ter uma validade por mostrar que o pop consegue furar qualquer barreira. Inclusive as ideológicas. xxx Há algum tempo foi novidade. Agora, já começa até ser esquecida, após sua vinda ao Brasil, Siouxsie & The Banshees. Ela que já foi chamada de musa dark entre outros títulos, está na praça com novo elepê ("Through The Looking Glass", Wonderland/Polygram), definido como "uma homenagem a seus compositores e grupos prediletos". Siouxsie gravou um disco só de "covers" de música que marcaram a sua carreira. Assim, o disco vale um caleidoscópio revival desde quando apareceu, em 1976, época em que era fã dos hoje extintos Sex Pistols e desfilava com roupas "escandalosas", no estilo sado-masoquista, seios a mostra. Siouxsie, entretanto, nega ser punk. Para uma especialista, Ioná Z., a música desta figura folclórica "tem personalidade e está sempre para experiências sonoras. As letras são geralmente escuras e pesadas, como no último sucesso no Brasil - "Cities In Dust", que conta a tragédia dos habitantes de Pompéia". O grupo de Siouxsie já tem nove discos e a Polygram promete que se este décimo vender bem, vai reeditar os outros. xxx Sem modéstia, Freddie Jackson diz que é um romântico inveterado ("Dizem que tenho olhos de alcova..."). Seu primeiro elepê ("Rock Me Tonight", Capitol) ganhou disco de platina e concorreu ao Grammy há dois anos. Agora, sai no Brasil seu novo disco ("Just Like The First Time", EMI/Odeon), que nos EUA esteve 27 semanas na parada "black" da Billboard (23 em primeiro posto). Há quem o compare a Nat King Cole (sic), Tina Turner e Lou Raels. "Just Like The First Time" tem 10 músicas produzidas por 6 diferentes equipes. Freddie diz que seu estilo é "soul": "Canto do coração: é tudo muito natural". A faixa "de trabalho", que está sendo impulsionada pelas FMs é "Have You Ever Loved Somebody". xxx 20 anos de carreira, 20 milhões de elepês vendidos, 10 discos de ouro e 6 de platina. Números que deixam qualquer artista tranqüilo. Carlos Santana comemora com "Freedom" (CBS) não só estes números redondos, mas também o retorno aos estúdios do vocalista Buddy Miles, que voltou com ele a gravar, após alguns anos de prisão devido a envolvimento com drogas. Em 72, faziam juntos um disco que vendeu muito. Neste disco de reencontro com Buddy, destaca-se a faixa "Veracruz", no qual Buddy divide os vocais com Buddy Gay. O disco traz funks, pops, baladas, boleros, dentro da latinidade característica de Santana. xxx Dois discos do grupo Nazareth, escocês, Heavy rock, que fez sucesso nos anos 70, podem ser encontrados nas lojas, em relançamento da Polygram: "Cinema" e "Loud N'Proud". O grupo começou chamando-se The Shadettes e era integrado por Dan McCafferty (vocais), Pete Agnew (baixo) e Darry Sweet (bateria). Em 1969, com a entrada de Manny Charlton (guitarra), mudou de nome mas só em 1971 fizeram o primeiro elepê. A fama veio quando se mudaram para Londres e este "Loud N'Proud", agora reeditado, é de 1974, produzido pelo ex-baixista do Deep Purple, Roger Glover, que também realizou "Razamanaz" (1973). O grupo sofreu muitas mudanças, emplacou sucessos e teve substituições e separações. Agressivos, barulhentos, o Nazareth tem seu público - de forma que de uma só vez, estão com dois discos na praça. Para os mais jovens curtirem este som dos anos 70. xxx Outro barulhento grupo de Heavy metal, maldito pela crítica, mas com defensores, pois há ouvidos para tudo - o Status Quo, com um disco produzido em 1986 ("In The Army Now", Polygram). O grupo é veterano: surgiu por volta de 1962, integrado por Francis Rossi (guitarra, vocais), que então se assinava Mike Rossi; Alan Lancaster (baixo) e John Coughlan (bateria). Hoje, só restou Rossi: os demais integrantes chamam-se Rick Parfitt, Rhino Edwards, Jeff Rich e Andrew Bown. O primeiro disco do grupo foi feito em 1968 ("Pictures Matchstikable Messages") e aos poucos foram desenvolvendo o rock progressivo. Apesar do nome, o grupo procura acompanhar a exigência do público roqueiro e continua a faturar bem, sob orientação do esperto Rossi. xxx A exemplo da WEA, a Polygram aposta muito no mercado pop, fazendo lançamentos maciços. Se há grupos conhecidos, já com público capaz de absorver inclusive reedições, também prensa discos de conjuntos menos populares ou estreantes. É o caso do Commodores ("Onited"), o Con Funk Shun ("Burnin'Love") e o Cinderella. Este último, aliás, é o exemplo do grupo andrógino, com seus quatro integrantes - o Tom Keiffer, Eric Brittingham, Jeff Lavar e Fred Coury - mostrando toda androginia. Não poderia haver bichice maior... Outro lançamento é do alemão Yngwie Malmsteen ("Polydor", Polygram) com composições próprias. Som pesado, com guitarras estridentes. O único destaque é a bonita capa, com uma ilustração de David Heffernan, na qual um monstro de três cabeças é enfrentado pelo herói Yngwie disparando raios de sua guitarra. xxx Acima falamos das reedições dos discos de Nazareth. Outra reedição da Polygram é dos sucessos do Supertramp, grupo inglês considerado ao lado de Genesis, descendente do Yes, formado no final dos anos 60. Só que este grupo liderado por Roger Hodgson e Rick Davies, proíbe montagens caça-níqueis ao estilo de "the best off...", de forma que este "The Autobiography or Supertramp" teve que ser aprovado pela dupla (desde 1982, Roger é o único líder do grupo). Várias exigências foram feitas - remixagem em digital sem alterar as obras originais, no que se refere ao andamento, capa sem fotos do grupo, etc. Enquanto é preparado um novo disco do grupo - naturalmente com sua formação diferente daquela do passado - este "Autobiography" foi produzido para "atender aos apelos de um público fiel de uma banda que é considerada um marco na história da música pop", diz a gravadora, pedindo que os ouvintes escrevam (Avenida Érico Veríssimo, 918, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro), dando sua opinião sobre o grupo. xxx Mais um estreante no Brasil: Corey Hart ("Fields of Fire", EMI/Odeon), traz este canadense de 25 anos, que antes já havia gravado dois elepês nos EUA ("First Offense", 1984 e "The Box", 1985). Compositor e intérprete, Corey procura em suas músicas refletir "assuntos internacionais que assolam a todos nós", como explica. Assim, músicas como "Angry Young Man" e "Political Cry" discorrem sobre o desencanto e desilusão da juventude. LEGENDA FOTO 1 - Siouxsie: punk bela e perfumada LEGENDA FOTO 2 - Freddie: cantor com olhos de alcova
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
12/07/1987
Seu texto está eivado de falsas informações e preconceitos. Acaba fazendo exatamente aquilo que denuncia: propaganda. Tenho o disco e não acho que seja ruim, muito pelo contrário. Chega mesmo a surpreender. Quem escreve essa crítica certamente se esquece do lixo mudical que assola o Brasil desde sempre. Quanto às letras em russo, mais uma vez a babaquice geral: e por acaso as músicas em inglês vêm com tradução? Ou sejam, puro elitismo que meia dúzia de nerds que se acham o máximo por circularem pelos recantos capitalistas mais badalados. Enfim, Panorama 86 é uma mostra de que havia vida inteligente por detrás da cortina de ferro, que já estava se derretendo naquele momento.

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