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Aramis

Geléia Geral

A temporada que fez no ano passado ao Brasil - com apresentações em várias cidades (Curitiba, ficou de fora na última hora) fez com que Kid Creole And The Coconuts abrisse ainda mais o seu mercado. Unindo a uma formação latina com bom humor e muito embalo, há 8 anos Kid Creole & The Coconuts vem escalando as paradas de sucesso. Curiosamente, apesar de sua formação nova-iorquina basicamente, foi pela Europa que o grupo começou a se destacar. O líder do grupo, costuma repetir: "A Europa tornou-se nosso parque de diversões. Caímos em cheio no gosto dos ingleses e nossos primeiros dois elepês - "Fresh Fruit in Foreign Places" e "Off The Coast of Me" foram aclamados pela crítica". Um novo disco do grupo está na praça ("I, Too, Have Seen the Woods", WEA), o sexto do conjunto (no ano passado, com "In Praise of Older Women and Other Crimes" voltaram a fazer uma longa excursão pela Europa, América do Sul, Canadá e EUA),o primeiro aliás sem algumas das integrantes originais - pois as Coconuts também partiram para o seu trabalho solo, já com um elepê gravado e fazendo uma tourné pelos EUA. xxx O tempo passa e Ray Conniff resiste. Para que mudar em time que está ganhando? Assim, aproximando-se dos 70 anos, o velho maestro repete mais uma vez seu esquema pastoso, adocicado mas que tem público - ora se tem! Conniff já vendeu tantas cópias de seus discos que a CBS Records lhe deu o troféu "Globo de Cristal" pelos 40 milhões de cópias consumidas em 69 álbuns. "Say You, Say Me", que sai agora, é no mesmo esquema dos anteriores: dez sucessos contemporâneos, a começar pela canção título de Lionel Ritchie, seguida de "I Just Called To Say I Love You" (Stevie Wonder, Oscar de melhor canção-1985), "That's What Friends Are For" (Carol Bayer Sayer / Burt Bacharach, Emmy-1987), "Everytime You Go Away" (Paul Young), além de um clássico, "New York, New York". xxx Surgem tantos grupos de rock que a WEA decidiu inovar no release que acompanha o conjunto chamado "Crime". Num texto meio surrealista, sem assinatura, fala-se de uma incrível história de adolescentes marginais, um torturador da FUNABEM que gostava de tocar bateria, viagens do produtor Liminha pelo Centro-Oeste do Brasil, etc. Enfim, um blablá que nada esclarece, mas que desperta até a curiosidade por este grupo formado por Rogério de Campos (vocal), Macui (guitarra), Otávio (bateria) e Fantasma (baixo). Todas as músicas são dos integrantes do grupo e, sinceramente, nem precisavam ser compostas. Não acrescentam absolutamente nada ao já insosso panorama do rock brasileiro. xxx Dentro do chamado "pacote negro", com o qual está lançando os discos de artistas africanos, contratados do selo francês Celluloid, a RCA edita "Trilogy", uma antologia desta geléia geral de música africana/funk/experimentalismo/jazz/pop/rock (sic). A mistura vai desde o ex-Sex Pistol John Lydon ao rapper Afrika Bombataa no duo "Time Zone" com a música "World Destruction". O grupo Kassav, que ganhou um elepê inteiro, já lançado, comparece com sua fusão rítmica na faixa "Natalia". O folk/rock experimental dos Golden Palominos em "Boy Go" e há também o curioso retorno de um baterista que marcou época, Ginger Baker em "Interlock". Enfim, o velho Continente Negro numa diluição sonora e mercadológica. xxx Para compensar a barulheira do rock, há o som romântico de Julio Iglesias, que em seu 59ª elepê ("Un Hombre Solo", CBS), faz o mesmo que Conniff e o brasileiro Roberto Carlos: não muda nada para continuar agradando ao seu público. Também pudera! Este cantante espanhol já vendeu 115 milhões de álbuns, ganhou 211 discos de platina, 680 discos de ouro, fez mais de 3 mil concertos ao vivo em 69 países e já gravou em cinco idiomas. O autor de oito faixas é Manuel Alejandro, de quem Iglesias é grato por ter lhe fornecido seu primeiro sucesso ("Manuela"). Aliás, este Sr. Alejandro é autor de nada menos que 389 sucessos que escalaram as paradas de sucesso e, pelo visto, não é tão mal assim, ao ponto de ter ganho elogios de Gabriel Garcia Marquez. As composições de Manuel Alejandro contaram com letras de sua parceria habitual, Ana Magdalena, em duas canções ("Todo o Amor que te Faz Falta" e "Que no se Rompa la Noche") e duas novas parcerias - Marian Beigbeder e Sandra Beigder. As demais três canções do álbum são de Ramón Arcusa, presente em quase todos os discos de Iglesias, com dois parceiros americanos: Debby Chacon ("O que Fazer?") e Marty Panzer ("America" e "Doce Superstar"). xxx Com "Into the Fire" (A&M/Polygram), Bryan Adams pretende dar um passo para frente: é um álbum pessoal, quase autobiográfico. Ao mesmo tempo ele é carregado naquela intensidade transparente que situa esse canadense de 27 anos como um bem sucedido músico contemporâneo. Depois de vender 7 milhões de cópias de "Rockless" (1984/85), parece difícil repetir este índice. Em 1985, Bryan participou de causas simpáticas como "We are the World" e gravou um compacto com o melhor da comunidade musical canadense ("Tears are not Enough") para ajudar a África e compareceu ainda com uma faixa no elepê "Conspiracy of Hope", da Anistia Internacional. Este novo disco é um amálgama de sentimentos e idéias que Bryan sempre quis expressar - como "Rebel", no qual fala de seu avô ou "Native Son", homenagem ao Chief Joseph, chefe da tribo indígena Nez Perce, em 1880. LEGENDA FOTO - Crime: muita brincadeira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
6
16/08/1987

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