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Aramis

Geléia Geral - Do Carnaval de Pinduca até Iglesias em alemão

O Carnaval já passou mas alguns discos ainda estão na praça. A Sigla/RBS, por exemplo, editou um elepê com os sambas-de-enredo das escolas de samba de Porto Alegre em produção de Ayrton dos Anjos. De outro extremo do Brasil, temos A Banda do Pinduca, que pela Copacabana traz o "Carnaval - Volume 2". Misturando carimbó, break, frevo, trio elétrico, hinos de clubes de futebol e até o "Baile dos Passarinhos", esta, produção de Pinduca, o principal divulgador do carimbó, é no mínimo curiosa por mostrar, por exemplo, faixas com o "Hino do Club do Reino", "Hino do Paissandu", "Hino da Tuna Luso Brasileira" e outras músicas populares da região Norte - para a qual, basicamente a Copacabana volta esta produção. xxx Duas novidades apresentadas pela WEA, em seu primeiro suplemento de 1985. O esfuziante grupo Blackout ("Vertical Smiles", Atco), numa produção de Al Nalli e Eddy Offord, com músicas novas e das mais incrementadas: "Morning Oew", "Livin'In The Limelight", "Ride With You" etc. Muito som elétrico, embora integrado aos vocais. Já Alicia Leyers ("I Apreciate", MCA) é uma crioula morena, sensual e com uma voz gostosíssima que desenvolve liberalmente ao longo de poucas faixas. Por exemplo, no lado A, apenas "You Get The Best From Me", "Say That" e "Apreciation", possibilitando que os instrumentistas possam também fazer longos solos: No lado dois, quatro outras magnéticas interpretações: "My Guy", "Just Can't Stay Away", "Just Praying" e "Don't Do Me This Way". Uma interessante estréia. xxx Depois do sucesso "Dono do Nada" (letra de Ronaldo Bôscoli), incluído em seu primeiro lp editado no Brasil, José Luiz Rodrigues volta com um segundo comercialíssimo elepê ("Te ofereço esta Canção", CBS), com cinco das dez faixas gravadas em português com letras de Paulo Camargo e Fernando Adour (também um dos produtores do lp). Em 8 anos de carreira, José Luiz já tem uma razoável carreira em vários países da América Latina, já chegou a cantar na Casa Branca e no México bateu o recorde de Júlio Iglesias vendendo mais de 300 mil cópias com seu último lp. Venezuelano, família pobre, ex-crooner de orquestra em Caracas, seu primeiro lp foi gravado em 1977. A partir de sua participação no Festival de Viña Del Mar, em 1980, sua carreira internacionalizou-se e com a força da CBS - que não prega prego sem estopa - logo, logo poderá estar entre os superstars latinos adorados pelo público brasileiro. xxx Falando em produtos de marketing, a RCA não iria deixar de aproveitar o momento Menudo que teve a maior cobertura da imprensa nacional. Assim o novo disco deste quinteto porto-riquenho ("Evolución"), chegou às lojas algumas semanas antes do início da temporada do grupo no Brasil. Dispensável tentar analisar a qualidade (sic) das músicas: o grupo é uma das mais exatas invenções musicais dos últimos anos e pronto?! Um produto descartável mas altamente lucrativo. Faixas: "Sabe a Chocolate", "Yo No Fui", "Yo Sere Tu", "Bailarin", "Parque Del Oeste", "Amor Primeo", "Água de Limon", "No Hay Reflexion", "Persecucion", "Rayo De Luna" e "Me Gusta Esa Chica". xxx O humor tem frequentado as listas de discos mais vendidos desde os tempos ainda do 78 rpm. José Vasconcelos com "Eu Sou o Espetáculo" foi, em 1961, o primeiro humorista a explorar as potencialidades do elepê. E ao longo destes últimos 25 anos, dezenas de gravações trouxeram desde o mais ingênuo ao mais atrevido riso. Ary Toledo (Martinópolis, SP, 22/8/1937), a exemplo de Juca Chaves, preferiu apenas o humor grosseiro em seus shows do que a música - embora tenha emplacado; em 1967, um sucesso que passou a identificá-lo: "Pau de Arara" (Vinícius/Carlos Lira, do musical "Pobre Menina Rica"). O último elepê de Ary Toledo ("Na Base do Riso Explícito", Copacabana), proibido até de execução nas lojas, é como o cinema da Boca do Lixo: o humor mais explicito, grosseiro mesmo - mas que tem seu público certo e fará deste um disco de boa vendagem. Menos agressivo, mas igualmente procurando o humor, Castrinho (Geraldo Freire Castro Filho) está completando 25 anos de carreira. Popularíssimo por sua atuação no programa "Balão Mágico", Castrinho já virou livro infantil ("Histórias e Charadas do Cascatinha", 18 edições) e sua imagem está em bonecos, biscoitos, toalhas de banho, boton etc. - Enfim todo um mercado de merchandising. E não poderia deixar de chegar ao disco. Em 1982, emplacou sucessos como "O Orgulho do Papai", "Cascatinha Meu Garoto", e "Rock do Cascatinha". Agora, em compacto da RCA, gravou "Depende de Nós" (Ivan Lins/Victor Martins), em ritmo de marchinha e na outra face o "Break do Cascatinha", criado por Benê Alves e o próprio Castrinho. xxx Entre tantas caras novas que aparecem no mercado, a Copacabana está apostando em João Carlos Maciel, 23 anos. Surge num compacto simples com as faixas "Fruta Madura" e "Maria Menina", esta de Getúlio Cavalcanti. xxx Entre os discos mais vendidos do ano por certo estarão os vários volumes "Rock In Rio" que a Sigla, astutamente, lançou antes mesmo da promoção da Artplan ter sido iniciada. Com fonogramas extraídos de diferentes gravações dos artistas contratados por Roberto Medina, tanto o volume com os artistas nacionais, como os estrangeiros tiveram o maior marketing promocional. No internacional, estão as faixas de Rod Stewart ("Do Ya Think I'm Sexy?"), Nina Hagen ("The Change"), Yes ("Owner of a Lonely Heart") James Taylor ("What a Wonderful World", com a participação de Simon e Garfunkel, os quais, naturalmente não vieram ao Rio). Já a salada geral do volume nacional trouxe desde "Close" de Erasmo Carlos até "Dinorah, Dinorah", de Ivan Lins, passando por Blitz, Lulu Santos, Barão Vermelho, Moraes Moreira e, como curiosidade, o tema "Rock In Rio", composição de Eduardo Souto Neto. xxx Nas águas do Rock In Rio, naturalmente, dezenas de discos estão aparecendo. Seja o desencalhe dos álbuns anteriores dos artistas que participando da promoção ganham, de graça, a maior catituagem, seja os discos-montagem que aproveitam toda a motivação. A mesma Sigla/Som Livre com este "Heavy Rock", rapidamente, montou um disco de muitos decibéis, com grupos conhecidos: Rock Goddess, Blue Oyester Cult, Yesterday & Today, Orion The Hunter, Quiet Riot, 220 volt e etc. Também de muitos decibéis, para consumo descartável é "Furacão 200", montagem da equipe de discotecários da "Furacão 2000", reunindo alguns grupos que têm sido bastante programados naquela discoteca da Zona Sul do Rio de Janeiro: Eddie "D", Double Vision, Mac Thornhill, Brick T. Ski Valley, Spoonie "Gee", End Games, David DMX etc. "Verão 85", montagem de Ieddo Gouveia, também da Sigla, não foge ao esquema, reunindo 14 hits do momento, que vão desde Fagner ("Cartaz") até um comercialíssimo rpm ("Louras Geladas"), passando por Marina ("Tão Beata, Tão À-Tôa"), Hyldon ("Novas Emoções"), Leo Jaime ("Vem Ficar Comigo"), Barão Vermelho ("Baby Suporte"), Sempre Livre ("Esse Seu Jeito Sexy de Ser"), etc. Enfim, um disco como uma cerveja em lata: curte-se, saboreia-se no momento e pode ser esquecido no momento seguinte. xxx A trilha sonora de "Livre Para Voar" (Opus/Columbia), em seu volume internacional montado por Sidnei Oliveira/Ieddo Gouveia, não poderia também deixar de ter os reflexos do momento musical que vivem os meios de comunicação eletrônica. Assim, esta banda sonora artificialmente criada para os personagens da telenovela, reúne artistas como Robin Gibb ("Boys Do Fall In Love"), Jermaine Jackson ("Do What You Do"), desenterra o esquecido Morris Albert ("If We Believe"), agrupa conjuntos como The Cars ("Drive"), The S.O.S. Band ("Just The Way You Like It") e, principalmente, busca catipultuar [catapultar] novos intérpretes, ainda pouco famosos no Brasil como George Michael ("Careless Whisper"), Alicia Myers ("You Get The Best From Me"), Damaris Carbaugh ("Once Again"), Joyce Kennedy & Jefrey Osborne ("The Last Time I Made Love"), Tyzik ("You're My Woman, You're My Lady"). xxx O boom da música infantil prossegue com edições de elepês e compactos, nas sombras do Balão Mágico. Luciana, por exemplo, uma garotinha ruiva, ganhou um compacto simples, no selo Polyjunior, "interpretando" nada menos que três versões de músicas infantis italianas ("Eu quero fazer pipi, papai/Brincar de Imaginar/Amigo é") e mais uma composição de Sérgio Sá: "Pelas Asas do Carinho". xxx Também Aretha, já com um elepê editado pela WEA, ganhou um compacto simples com duas faixas de maior comunicação: em produção de Paulinho Tapajós, Aretha canta a versão de "Bobby's Supermarket" que virou "Anilina e Parafina" e "Coração de Carvão" (Edgard Gianullo). xxx João Augusto, produtor da Polygram, também decidiu entrar na área infantil e assim saiu o compacto simples "A Minhoquinha, com Tilt - A Banda Eletrônica". xxx Belas mulheres que, pelo visual, já justificam atenção: Kimmy, em lançamento compacto da RCA, interpretando uma composição de tema insinuante: "Just For You And I". xxx A deliciosa italiana Loredana Berté apaixonou-se pelas músicas de Djavan e gravou duas versões de canções do compositor alagoano: "Pétala" e "Sina" (com o título de jazz), em compacto da CBS. xxx Quando um artista atinge a popularidade de Júlio Iglesias as gravadoras passam a vê-lo como uma máquina de fazer dinheiro - não importa a que preço. Assim, este cantor de boleros que se tornou o maior vendedor de discos da CBS - e batendo todos os recordes até então existentes passou a gravar em inglês, português, francês, e... alemão. Um álbum inteiro com canções de natal ("Ein Weihnhachts abend mit Julio Iglesias") foi produzido pela CBS e aqui lançado pela Opus/Columbia, com toda a força promocional da televisão. Iglesias canta as mais conhecidas canções de natal, mostrando que, no mínimo, aprende com facilidade a decorar as letras. E este disco, naturalmente, estará de agora em diante em catálogo - concorrendo com outro best-seller que a cada natal é reconhecido nas lojas: "A Harpa e a Cristandade" do paraguaio [...].
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24/03/1985
É isto meus amoigos a divulgação desta matéria é interessante quando fala de Pinduca . muito bom

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