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Aramis

Geléia Geral - Orbison, Mind e Donna, o elenco internacional

Reunir fonogramas de sucessos num álbum destinado ao público que não pode adquirir os lançamentos individualmente é uma forma segura de bom faturamento. A Sigla/Som Livre, que usa e abusa desta forma, que o diga! A EMI/Odeon, que há muito mais tempo está no mercado e sabe das coisas, faz isto sempre com equilíbrio e ainda agora Francisco Rodrigues selecionou um repertório e Ricardo Leite criou a capa e ilustrações para "15 Canções Inesquecíveis", destinado as prateleiras de discos econômicos (afinal, a produção fica a custo reduzidíssimo) e que agrupa ídolos countries (Kenny Rogers, "She Believes in Me"; Glen Campbel, "By the Time I Get to Phoenix"), clássicos da canção americana (Nat King Cole em "When I Fall in Love"), sucessos dos anos 60 ("A Whiter Shade of Pale", com Johnny Rivers; "Something" com Shirley Bassey; "My Way", com Paul Anka); grupos (Classics IV em "Traces"; America em "I Need You") ou mesmo ídolos que permanecem (Tina Turner em "Let's Stay Together"). Morto no ano passado, quando retomava sua carreira, Roy Orbison havia acabado de gravar um importante álbum ("Mistery Girl", EMI/Odeon), que o devolveria as paradas de sucesso, após muitas tragédias pessoais. Nascido em Vernon, Texas (23/04/1936), Orbison influenciou músicos tão diversos como Elvis Presley, John Lennon e Bono Vox e colocou muitas de suas gravações entre 1960/69 entre as mais vendidas (três delas na primeira posição, nas quais permaneceram 309 semanas nas paradas inglesas). Chamado de "The Big", viu canções como "Crying" e "Blue Bayou" alcançarem repercussão mundial. Excursionou com os Beatles, Stones e Presley. Depois veio um (longo) período de esquecimento e, a partir de 1985, a tentativa de retornar a arena. Fez música para o filme "Wild Hearts" (de Nicholas Roeg, não exibido no Brasil) e mereceu até uma homenagem da parte de David Lynch na trilha sonora de "Veludo Azul". Ironicamente, quando, afinal, uma nova geração se preparava para absorvê-lo, veio a morte, duas semanas após a gravação deste "Mistery Girl", no qual estão muitas composições próprias (e inéditas). No mínimo, um documento e uma saudade. Com 12 anos de carreira, o grupo Simple Mind tem muito a contar ao longo de uma carreira espalhada por várias partes do mundo, mas que retornou a Escócia há dois anos, para a produção de um álbum muito especial. Em junho/88, o grupo foi a Londres participar do maior show de solidariedade já realizado, no 70º aniversário do líder negro Nelson Mandela, ocasião em que emocionaram com duas canções: "Mandela Day" e "Biko" - este lembrando outro líder do movimento anti-Apartheid, personagem do filme "Um Grito de Liberdade". Consciente da necessidade dos artistas participarem de eventos políticos, o grupo em seu álbum "Street Fightibg Years" traz não apenas as canções em homenagem a Mandela e Biko, mas também "Belfast Child" - uma composição que fala na questão das lutas irlandesas. Só estas três faixas já tornam significativo o retorno do Simple Mind (edição no Brasil EMI/Virgin) a fonografia, antecipando uma tournée para vários países. Um som pop, vigoroso e com alguma coisa a mais do que o simples entretenimento. Muita gente até pensava que ela fosse alemã! Afinal, foi em Munique, a partir das gravações de "Love to Love Your Baby", na produção de Giorgio Moroder, que Donna Summer se transformou na musa do fenômeno chamado "Discotheque" na segunda metade dos anos 70 - que tanto furor fez pelo mundo. Mas esta crioula bonita e afinada, 41 anos, casada, 3 filhos, é americana de Boston e só foi para a Alemanha em 1967, depois de ter feito algumas experiências novaiorquinas. Em Munique estrelou a versão alemã de "Hair", e até apareceu em "Porgy and Bess" antes de se transformar na intérprete das canções-disco que o astuto Moroder soube tão bem produzir. E nestes últimos 12 anos, Donna não parou de emplacar sucessos, chegando a ser a primeira cantora a ter nada menos que três álbuns duplos entre os mais vendidos nos Estados Unidos. Mas o gênero disco começava a esgotar e para não ficar apenas como "She Works Hard for the Money" (1983, título de um álbum que lhe valeu mais um disco de ouro), a partir de 1987 começou a se preocupar em diversificar seu estilo, gravando "All System Go" e fazendo até o compacto com "Diner With Gershwin" (Brenda Russel), para mostrar melhor aproveitamento de sua voz. Agora, com "Another Place and Time", gravado em Londres (e lançado pela WEA, em junho último), fez um disco bem superior as produções anteriores, aproveitando o potencial de sua voz e, especialmente, valorizado pela competência dos compositores selecionados, que vão de Lylie Minoque a Rick Astley, entre outros. LEGENDA FOTO - Donna Summer: depois da fase "disco", evoluindo no repertório.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
24
06/08/1989

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