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Aramis

Gil & Ben

Há muito que a Phonogram pensava em produzir um elepê reunindo duas de suas galinhas-de-canto-de-ouro: Gilberto Gil, e Jorge Ben. Bom públicos bem definidos e de alto poder aquisitivo, tanto Gil como Ben estão entre os cantores-compositores-guitarristas para os quais André Midani, o poderoso gerente-geral da gravadora da Rainha Juliana, olha com toda a atenção. Assim é compreensível que ambos tivessem tido a liberdade de fazer um custoso álbum duplo ("Ogum Xango", 9299453/4, março/75) que mesmo sem nenhuma possibilidade de divulgação pelo rádio (há apenas uma faixa com tempo comercialmente aceito) vai vender muito mais do que o suficiente para cobrir o investimento. Reunidos no estúdio pelos produtores Paulinho Tapajós e Perinho Albuquerque, Jorge Ben e Gilberto Gil, acompanhados por Djalma na percussão e Wagner no baixo (e talvez alguns outros instrumentistas cujos nomes não constam na contracapa) tivera total liberdade de desenvolverem seus temas. E tanto o baiano Gil como o carioca Ben adoram curtir exaustivamente um tema - explorando todas as potencialidades na improvisação/recriação de uma estrofe, uma frase, uma harmonia. Isto se chamaria de Jazz, se as improvisações não fosse tão repetitivas, tão limitadas intrinsecamente. Mas Gil e Ben [têm] públicos fanatizados pelos seus trabalhos que irão adorar os longos 13:03' de "Filhos de Gandhi" (música que no encerramento da Feira da Bahia Anhembi, SP 74, Gil improvisou durante quase 30 minutos) os 11:37' de "Jurubeba" (também de Gil) os 10:34' de "Nega" (Gil), os 14'42 de "Taj Amahal" (14'42 os 8'16 de "Meu Glorioso São Cristóvão" (8'16) os 6'19 de "Essa é para tocar no rádio" (Gil) os 6'03 para "Morre o burro, fica o homem" (Ben). Para tocar no rádio, mesmo, só um pequeno "Sarro", de Jorge Ben-Gil com 1'23.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
18
10/04/1975

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