Login do usuário

Aramis

Guaíra nem sabe do concerto de Lucia

Alguma coisa não está funcionando bem entre o promotor da temporada no Brasil do guitarrista Paco de Lucia e a Fundação Teatro Guaíra. Até o encerramento do expediente na quarta-feira, a diretora de arte e programação Marlene Montenegro, desconhecia a vinda do melhor intérprete de flamenco da atualidade a Curitiba, no próximo dia 16, quarta-feira. Entretanto, em anúncio de página inteira na página 58 da revista "Bizz" (outubro/86, Cz$ 20,00) que está nas bancas, bem como em outras publicações nacionais, o Teatro Guaíra conta como a segunda cidade na qual Paco fará apresentações - após sua temporada paulista (de 9 a 13, Anhembi) - e antecedendo Porto Alegre (Teatro Ospa, 17/18), Belo Horizonte (Minas Centro, 22/23) e Rio de Janeiro (Canecão, 24/26). xxx Também Emilson Pohl, o eficiente divulgador local da Polygram - etiqueta que está lançando um novo lp de Paco de Lucia ("Sextet") desconhecia a vinda do artista. Já Mercedes Sosa, hoje o mais popular nome da música latino-americana, aqui estará na segunda-feira, 13, para a única apresentação marcada para o dia 14, com promoção local a cargo da firma Hanny Baby, da organizada Verinha Walflor. No Rio, Mercedes irritou-se com os repórteres que insistem, nas coletivas, em lhe fazer as mesmas perguntas - sempre sobre suas posições políticas e buscando ouvir críticas aos ditadores. As posições de Mercedes são conhecidas e hoje, com a redemocratização da América do Sul - exceto o Chile - ela já procura até evitar as mesmas respostas, preferindo falar mais de suas músicas. xxx Para recordar: há 6 anos, numa das primeiras vezes em que se apresentou no Guaíra, aconteceram protestos de estudantes defronte o auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, devido ao alto preço dos ingressos. Filmando os protestos, o cineasta Palito (Nivaldo Lopes), acabou atritando-se com policiais da PM e acabou preso. Recolhido à Delegacia de plantão, acabou presenciando cenas de extrema violência - acompanhadas também por quatro amigos - entre os quais o diretor da Fundação Teatro Guaíra na época, Marcelo Marchioro; o então diretor do Museu da Imagen e do Som - Cesar Fonseca, o jornalista Wilson Bueno e este repórter, que o acompanharam na tentativa de liberá-lo. O filme que Palito pretendia fazer da passagem de Mercedes por Curitiba nunca terminou, mas as lembranças daquela noite ficaram bem vivas nos que acompanharam a sua prisão.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
10/10/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br