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Aramis

Homens do Novo Jazz

Escrevendo, recentemente, sobre o trabalho de Hank Crawford, o critico de jazz, Leonard Feather, disse: "Sua música alegre, transmitida através seu sax alto, estabelece-o não somente como um dos gigantes do jazz contemporâneo, mas sobretudo como um musico que numa simples frase musical ou em breves compassos, pode trazer a seus ouvintes a espécie de alegria de que todos são carentes, hoje em dia"" Embora Hank tenha trabalhado profissionalmente, no sax tenor e barítono, e também como pianista, foi no sax que Crawford obteve a sua elevada reputação. Sempre se hesita, atualmente, em classificar qualquer estilo de qualquer artista, pois, isso faz com que se coloque o sujeito num arquivo. No caso de Crawford, o "soul" simplesmente denota um excepcional calor e sentimento ao invés de uma fidelidade restrita a algum ramo particular de jazz, ou idioma musical. Certamente, contudo, as condições sob as quais o nome e o trabalho de Hank, primeiro chamaram a atenção dos críticos e admiradores, fizeram com que muitas vezes o identificassem o gênero de música, que estava então começando a ser conhecida como "soul music" isso, durante os três anos, significativos e evolutivos em que trabalhou com o conjunto (depois orquestra) de Ray Charles. Nascido Benny Rose Crawford Jr. em Menphis, Tennesse, em 1934, tinha 13 anos, quando começou a se dedicar ao saxofone. Estudou teoria e composição na Tenn State U. Foi durante esse período que Ray Charles o ouviu tocando com um grupo de jovens em Nashville. Cerca de um ano após esse encontro, Ray Charles o convidou a juntar-se ao seu grupo, tocando sax barítono. O trabalho com Ray Charles, quando este tinha, ainda como característica principal, a improvisação, provou ser o escoadouro ideal para o jovem Hank. Outro ano decorreu, antes que Hank trocasse a cadeira de barítono pela de sax alto. Muito antes, já Ray Charles o tinha nomeado diretor musical. Quando Charles alcançou seu primeiro sucesso nacional, e demonstrou sinais de se tornar um superastro, foi decidida a organização de um grande conjunto. Hank foi conservado em suas duas atribuições: como solista e como diretor do conjunto. Isso foi em 1961. A reputação da orquestra breve se tornou internacional assim como a de Hank. Assim sendo Ray visitou a Europa naquele ano, e posteriormente, em 1962 e 1963. "Nessa época", declara Hank eu senti que tinha chegado a hora de tirar proveito do nome que tinha adquirido, por mim mesmo, com Ray Charles. Em junho de 63, deixei seu conjunto e formei o meu próprio grupo com sete elementos". O novo grupo se revelou um excelente veículo para penetração junto ao público das músicas escritas por Hank, assim como de seu próprio trabalho no sax alto e ocasionalmente, no piano. Já com seu nome estabelecido através de suas interpretações "soul" e através de uma serie de álbuns que se apoiavam na inclusão dessa palavra no titulo ("More soul", "Soul clinic" etc). Hank começou a expandir tanto suas apresentações como sua platéia, ao se mover em áreas das quais, raramente, tinha se aproximado. Um de seus primeiros movimentos nesse sentido, foi uma "session" na qual tocou canções como "Blueberry hill" e "Star dust", com uma grande orquestra, que incluía cordas, para as quais Marty Paich fez os arranjos. A essência de seu estilo tem permanecido sempre inviolável: ele mostra uma clareza, uma economia de notas, e um genuíno senso de ardor, no sentido da agora absoleta forma "Hot jazz" que tem sido evidentes, desde seus primeiros trabalhos. A despeito dessas incursões no campo pop, seu próprio talento como compositor-arranjador nunca foi desviado. Seus trabalhos com andamento mais lento, revelam romance com retórica, as peças com andamento rápido mostram a grande tradição das pequenas bandas de jazz. LEGENDA FOTO 1 - Hank Crawford.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
14
16/03/1975

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