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Aramis

Iris e Merry, mulher-diabo, são as melhores estréias da semana

Quatro estréias nesta semana de Copa do Mundo! Ao menos duas de verificação obrigatória - "Stanley e Iris", de Martin Ritt (Condor) e "Ela é o Diabo", de Susan Seidelman (Astor), enquanto que para a garotada, em lançamento nacional chega "Lua de Cristal", com Xuxa e Sérgio Mallandro ganhando dianteira na batalha dos baixinhos - que terá alguns pesos-pesados na próxima - semana - além da massacrante campanha para fazer "Dick Tracy" repetir o sucesso que outro herói das histórias em - quadrinhos - "Batman" - obteve no ano passado. Antes, chega a terceira parte "De Volta para o Futuro", agora Roberto Ziodmacks levando seus heróis aos tempos do bang-bang. Para preparar este retorno, o Lido II está reprisando as duas primeiras partes desta deliciosa comédia. Agora, responda rápido! Justifica-se que a Fucucu deixe de exibir filmes inéditos como "Complô Contra a Liberdade", "Irresistível Paixão" e "Tap - Uma Dança em duas Vidas" - que foram recusadas por seu "programador", e, em compensação, faça reprises de filmes que ainda recentemente estiveram em cartaz como "Meu Pé Esquerdo" ("My Left Foot", de Jim Sheridan) e "Sob o Sol de Satã" (1987, de Maurice Pialat)? Pois é! Os três filmes que a Columbia acabou queimando num festival do cine Plaza - todos merecedores de semanas normais de exibição, poderiam ser programados normalmente nas salas da Fucucu - mantidas, afinal com o dinheiro público, foram recusadas, sabe lá por que idiossincrasia do "culto" programador das salas. Em compensação, o Groff, reformado recentemente, reprisa um dos filmes mais chatos e decepcionantes lançados no Brasil em 1989 - em que pese elogios de alguns críticos - e que já existe inclusive em vídeo. Não é má vontade, mas assim não há cinéfilo que resista. Nem o próprio prefeito Jaime Lerner, que gosta de bons filmes mas, pelo visto, não está acompanhando o que acontece nas salas oficiais. Stanley e Iris tem tudo para agradar. Reúne dois dos melhores nomes do cinema americano - Jane Fonda e Robert de Niro, um dos diretores mais sensíveis Martin Ritt, 70 anos, com um roteiro dos competentes Harriel Frank Jr., e Irving Ravetch, baseado no livro "Union Street" de Pat Barker. É a história de Stanley Cox, um dos milhões de americanos acima dos 17 anos que - incrível - não sabem ler ou escrever. Eficiente, trabalhador, é um solteirão que se dedica ao seu pai enfermo. Devido a ser analfabeto, tem dificuldades no trabalho. Encontra Iris King (Jane Fonda), viúva há menos de um ano, que batalha para alimentar sua família, pagar seus credores e sobreviver. Ela e os dois filhos vivem dias difíceis. São colegas numa padaria e entre eles nasce amizade, solidariedade e amor. Enfim, um filme com tudo para agradar - e que merece ser conferido nesta semana. A música é de John Williams, um craque. Em exibição no Condor a partir de hoje. Ela é o Diabo (She-Devil), lançado no final do ano passado nos EUA, surpreendeu aos fãs de Meryl Streep. A super-atriz, dois Oscars, meia dúzia de indicações considerada hoje a mais importante atriz americana, faz um papel diferente nesta comédia dirigida por Susan Seidelman ("Procura-se Susan Desesperadamente") sobre uma famosa escritora de best-sellers, Mary Fischer (Meryl), que conquista um modesto contador, Bob (Ed Begley Jr.), que abandona sua prosaica, gorda e chata esposa Ruth (Roseanne Barr) para viver uma aventura com a sofisticada escritora. Só que a mulher desprezada não aceita a rejeição e vira no capeta, incendiando a casa e usa os filhos Nicolette e Andy em seus planos diabólicos. Comédia com toques feministas "She-Devil" foi baseado num best-seller - "The Life and Loves of a She-Devil" de Fay Weldon - cuja leitura entusiasmou a diretora Seidelman. "Eu desconfio que existe uma Ruth escondida em todos nós, não só nas mulheres, nos homens também. Todos nós nos sentimos vítimas, de vez em quando: todos nós fomos jogados fora e pensamos conosco: "se pelo menos eu pudesse...", diz Susan. Assim, "Ela é o Diabo" tem chances de trazer uma grande empatia ao público. Pena que este esteja tão refratário, desperdiçando oportunidade de ver alguns dos melhores filmes lançados nas últimas semanas ("Um Toque de Infidelidade", "O Início do Fim", "Crimes e Punições", etc.). produção sofisticada, rodada em Nova York - aproveitando inclusive muitos exteriores, especialmente uma mansão projetada por um dos mais famosos arquitetos americanos, Stanford White (1853-1906), com Santo Loquasto (colaborador habitual de Woody Allen) como desenhista de produção, "Ela é o Diabo" tem um elenco notável. Meryl Streep, de quem não é preciso falar muito, pela primeira vez faz uma comédia (o público habituou-se - a vê-la em papéis dramáticos), ao lado de uma revelação, Roseanne Barr, popular na televisão americana, famosa pela série "Roseanne" e agora estreando no cinema. Ed Begley Jr. - embora já tendo feito vários filmes ("Com a Corda no Pescoço", "Vivendo na Corda Bamba" e os recentes "Eating Raoul" e "As Amazonas na Lua", a disposição em vídeo), só se destacou com o excêntrico irmão de William Hurt em "O Turista Acidental". Em pequenos papéis, duas atrizes especiais: como Hooper, a enfermeira, temos Linda Hunt, que interpretando um papel masculino em "O Ano em que Vivemos Perigosamente" ganhou o Oscar de melhor coadjuvante. Já como a filha da Escritora Fischer, aparece Sylvia Miles, duas vezes indicada ao Oscar ("Perdidos na Noite" e "O Último dos Valentões"). Enfim, um filme com razões de sobra para ser visto. No Astor. Hot Pursuit - em ritmo alucinante tem ao menos uma razão para ser verificado: a presença de dois ótimos atores - John Cusack e Robert Loggia. Cusack foi o ator que interpretou o médico Michael Merriman, que morre vítima de irradiação atômica em "O Início do Fim", exibido até ontem no cine Condor. Neste "Hot Pursuit" seu personagem é descontraído - numa comédia dirigida por Steven Lisberger, também roteirista. Sobrando tempo, convém verificar. Em exibição no Bristol. Tizuka Iamasaki após longas que a colocaram como uma das mais importantes cineastas brasileiras ("Gaijin - Os Caminhos da Liberdade" e "Parayba, mulher macho") sonhava em fazer uma superprodução sobre Santos Dumont. Trabalhou dois anos no roteiro, empenhou-se na pré-produção mas acabou tendo que adiar este sonho que, há 30 anos, também Anselmo Duarte tinha - na época em que jovem e consagrado com a Palma de Ouro por "O Pagador de Promessas" (1962), pensava que poderia contar a saga do brasileiro que inventou o avião. Abandonando o sonho do filme sobre Dumont - e adiando um outro projeto afetivo (um filme sobre crianças), Tizuka tem enriquecido sua conta com bem pagos trabalhos de vídeo-clip, na televisão ("Kananga do Japão") e, neste ano, aceitou o desafio: fazer um filme com Xuxa e Sérgio Mallandro. Afinal, competência não lhe falta, Xuxa e Mallandro - mais as Paquitas (os) tem a maior audiência e porque não aproveitar os recursos de sobra e a popularidade dos artistas para uma comédia infantil, sem compromissos, destinada a fazer com que ao menos uma parte dos milhões a serem deixados nas bilheterias dos cinemas nesta temporada de férias fiquem no Brasil? Além do mais, neste ano de total paralisação da indústria cinematográfica, "Lua de Cristal" foi um dos poucos filmes que empregou técnicos e alguns artistas. Portanto, vamos receber esta produção de fim específico - preencher espaço na temporada de férias - com simpatia. Sem agressões antecipadas, com uma visão de quem faz cinema para divertir a garotada - assim como Renato Aragão e sua turma, que também chega em julho com a nova comédia. LUA DE CRISTAL, tem uma história simples - a moça que tenta vencer na cidade grande (Xuxa, naturalmente), enfrenta a má vontade - espécie de gata borralheira da família maldosa, encontra o amigo solidário e acaba tendo um final feliz. Tudo com muito marketing, embalo musical (a trilha sonora já está saindo pela Sigla) e ao elenco trazendo para compensar a fragilidade dos intérpretes centrais - gente experiente como Rubens Corrêa, Júlia Lemmertz, Telma Reston, Cláudia Mamberti e Leina Crespi. Em exibição nos cines Lido II e Plaza. Outras opções Para quem ainda não viu "Sociedade dos Poetas Mortos" de Peter Weir, continua no Cinema I; "Navigator-Uma Odisséia no Tempo", de Vicente Ward, permanece no Ritz e "O Urso", de Jean-Claude Annaud no Guarani; "Os Bárbaros", de Ruggero Deodato no Itália. LEGENDA FOTO - Meryl Streep e Roseanne Barr em "Ela é o Diabo", comédia em exibição no Astor.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
22/06/1990

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