Login do usuário

Aramis

JG, cada vez melhor

Primeira crítica: amanhã, logo cedo, Jorge Cavaco, o simpático representante territorial da WEA Discos, começa a vender nas lojas da cidade aquele que pode ser o melhor disco do ano: "Amoroso" com João Gilberto. Gravado nos estúdios Rosebud, em Nova Iorque, nos dias 17 a 19 de novembro do ano passado e complementado nos estúdios da Capital, em Hollywwod, de 3 a 7 de janeiro de 77, o novo disco de Gilberto é , como não poderia deixar de ser, um evento todo especial. Afinal, passados 18 anos de sua primeira gravação - Chega de Saudade-e "Brigas Nunca Mais", 78rpm, Odeon , setembro de 1959 - o baiano (de Juazeiro, 10/6/1931) João Gilberto do Praso Pereira de Oliveira continua a ser a influência mais significativa da MPB nas últimas duas décadas. E ao longo das oito faixas deste álbum, cantando em inglês ("S`Wonderful", George e Ira Gerswin), italiano ("Estate", Bruno Martinho/Bruno Brighetti) espanhol ("Besame Mucho", Consuelo Velasquez) e português, o criador da Bossa Nova mostra que o tempo e o exílio americano só aumentaram a sua criatividade e técnica - que o fazem, hoje, um intérprete tão importante quanto em 1959. João canta músicas já conhecidas de Antônio Carlos Jobim - "Wave". "Triste", "Caminhões Cruzados" (esta em parceria com Newton Mendonça, 1927-1960 e "Zingara" (letra de Chico Buarque), que outra não é que "Retrato em Branco e Preto". A produção do disco é de Helen Keane, a manager do pianista Bill Evans (que esteve em Curitiba, há alguns meses, mostrando muito pouco humor) e os arranjos - Maravilhosos - São do Maestro Claus Ogerman, também regente da imensa orquestra que ouve-se nas oito faixas. Os destaques são, além do violão de Gilberto, a percussão de Grady Tate e Joe Correro, o baixo de Jim Hughart e os teclados de Ralph Grierson. *** A divulgação Célia Regina, da Phonogram, montou um organizado programa para o maestro Paul Mauriat, que acompanhado de sua esposa, e de Maria Creuza, da Phonogram-Rio, desembarca amanhã no aeroporto Afonso Pena. As entrevistas foram marcadas com a antecipação e o maestro faz questão de, havendo tempo, visitar algumas lojas. Disposição o homem tem, pois desde o dia 8, quando chegou no Rio não parou: está gravando um lp de músicas brasileiras, esteve ontem em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, na festa de aniversário de aria Bethania e na terça-feira irá a Porto Alegre. ________________________ EMBORA as referências ao Paraná restrinjam-se a poucas páginas no capítulo dedicado à marcha da coluna Prestes, quando de sua passagem por Foz do Iguaçu, em outubro de 1924 - sede do Estado Maior Revolucionário - o ensaio "Tenentismo e política" (Editora Paz e Terra, 115 páginas), colocado nas livrarias nesta semana, é uma nova obra de cabeceira para todos que se interessam pela história militar do Brasil. Elaborado como tese de mestrado pela professora Maria Cecília Spina Forjaz, o livro analisa a fase liberal do tenentismo (1922-1927) que abrange o Levante do Forte de Copacabana, as revoluções de 1924 e a Coluna Prestes. Trata-se, como diz o editor, de análise histórica de uma determinada conjuntura que não esgota o tema tenentismo, constituído parte de um trabalho maior que apanharia, além da fase liberal, a participação tenentista na revolução de 30 e sua experiência de poder na fase pós-revolucionária. A temática do tenentismo tem hoje grande atualidade pois se refere ao problema mais geral da participação militar na vida política brasileira. Principalmente porque há uma corrente de historiadores, políticos e miltares que defende a tese de ter sido o movimento de 1964 o coroamento de um complexo político-militar originado no tenentismo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
19/06/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br