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Aramis

Jornal da Tela

Melhorando a dieta cinematográfica, nesta temporada, em que os exibidores lançam produções nacionais, para cumprir a lei da obrigatoriedade, um filme de visão obrigatória: "Marília e Marina" (cine Bristol, a partir de hoje, 4 sessões). Inspirado num dos mais belos poemas de Vinícius de Moraes, o cineasta carioca Luís Fernando Goulart, 35 anos, 15 de cinema, muitos documentários, fez um filme que tem merecido elogios da crítica, boa aceitação do público e inclusive premiações, como o troféu de melhor montagem, para Nello Melli, no IX Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. xxx O roteiro de Goulart foi elaborado a partir da "Balada das Duas Mocinhas de Botafogo", escrita por Vinícius de Moraes na década de 50. Nem sempre os filmes inspirados na obra de Vinícius tem sido felizes - como, por exemplo, "Garota de Ipanema" ou "Minha Namorada". Mas, ao julgar pelas referências, Goulart foi muito feliz nesta sua adaptação - quase uma criação, já que a balada sugere apenas a temática. O elenco, não poderia ser melhor: Denise Bandeira, a extraordinária atriz de "A Flor da Pele" de Francisco Júnior (Kikito de melhor atriz do Festival de Gramado, janeiro/77), esposa de Luís Fernando, é Marina, enquanto que Katia D'Ângelo é a Marília. Fernanda Montenegro, uma das grandes damas do teatro brasileiro, é "dona Glória a mãe das "duas mocinhas de Botafogo". No elenco estão ainda Stepan Nercessian, Nelson Xavier, Joanna Fomm, Fernando Torres, entre outros. A música é de Francis Hime, com a canção título com letra de Vinícius. xxx Na cidade, desde quinta-feira, o cineasta André José Adler, que veio badalar sua comédia "Nem as enfermeiras Escapam" (cines Vitória e São João, a partir de hoje). Para enfeitar as entrevistas, André trouxe a Starlett Cristina Kristner, uma das enfermeiras de sua comédia. Um dos principais intérpretes do filme é Hugo Bidet (1935-1977), que suicidou-se há duas semanas. No elenco estão também Marta Moyano, Mário Benvenuti e Sérgio Hingst. xxx Já que se fala em cinema, duas observações para o sempre atencioso João Aracheski, superintendente da Fama Filmes, tomar providências: não é justo que o espectador que vai ao Rivoli, assistir ao corajoso "Os Rapazes da Banda" (1968, de William Friedkin, da peça de Mort Crowley), seja obrigado a suportar além do cansativo cine-jornal, dois traillers de medíocres filmes: uma pornochanchada nacional e um dos mais cretinos filmes da série Kung Fu. No Ópera, quinta-feira, a segunda sessão da noite, foi interrompida por 15 minutos e a ausência de policiamento na sala, fez com que a fauna masculina que ali se encontrava, provocasse uma algazarra digna do pior poeira do interior. É por essas e outras, que o público acaba afastando-se dos cinemas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
5
30/04/1977

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