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Aramis

Kate e Bruna, cabeças lindas e inteligentes

Há muito tempo que uma << Parceria >>, não atraia público tão numeroso. O comparecimento de espectadores para assistir ao encontro dos casais Kate/Carlos Lyra/Bruna Lombardi/Carlos Alberto Ricceli, segunda-feira, fez com que até os corredores do paiol ficassem lotados. E o diretor-executivo da Funarte, Roberto Parreiras, junto com Cleto de Assis, secretário de Comunicação, assistiram a << Parceria >>. do único espaço que restava - o patamar da iluminação. Afinal poucas vezes se poderia reunir duas mulheres tão conhecidas, via televisão, como kate e Bruna, tendo ainda um compositor-intérprete que faz parte já da história da MPB e um jovem galã, Ricceli, que através de << Aritana >> se transformou em nome nacional. Tanto Kate como Bruna, provaram durante as três horas do encontro que beleza não é sinônemo de burrice, muito pelo contrário. a norte-americana Kate Lyra, atriz, modelo cineasta e também afinada cantora (o que mostrou interpretando << I Lost My Heart In San Francisco >>) com Carlinhos acompanhando-a, jazzisticamente, ao violão), com uma inteligente ingenuidade, em seu delicioso sotaque - que ficou famoso pelo personagem que criou em << A Praça da Alegria >> - soube dizer as palavras certas nos momentos preciosos - e só surpreender quando, indagada, a respeito de Ronald Reagan, candido à presidência dos Estados Unidos, limitou-se a dizer que o conhecia apenas como ator. Ao que Carlos não se conteve e acrescentou: << e mau ator... >> Bruna Lombardi já começou a noite fazendo uma colocação entre o filosófico-político, situando-se na vida e citando palavras de Martin Luther King. Uma das mais bem pagas do Brasil e que ao ser contratada para a televisão provocou protestos das entidades de classe dos atores e atrizes, Bruna tem hoje uma preocupação de se mostrar como mulher consciente, política e profissionalmente. Apoiou a campanha do sociólogo Fernando Henrique Cardoso ao Senado pelo MDB , tem se batido pela ecologia e defesa dos índios, ainda mais após ter trabalhado na novela << Aritana >>, onde conheceu o seu companheiro Carlos Alberto Ricceli. Aliás, o assunto << índio>. foi o que motivou a Bruna e Ricceli as maiores digressões, com colocações sobre a necessidade de se defender os índios, << puros, sinceros, mas ameaçados em seus últimos refúgios >>. Ricceli, engenheiro químico, ator por opção, falou pouco , mas suficiente para não decepcionar. Interviu, várias vezes, quando Bruna se referiu a problemas dos índios e da crise da TV Tupi. Agora, os dois estão na Rede Bandeirantes, na telenovela << Drácula >>, que o jornalista Ruben Ewald Filho adaptou e que teve seu início na TV Associada, mas parou no quinto capitulo. Carlinhos Lyra abriu a noite, cantando << Minha namorada >> - uma das três obras-primas que fez com Vinícius de Moraes, poeta, amigo e parceiro maior, rememorado com emoção, inclusive quando Carlinhos contou como nasceu o espetáculo << Pobre Menina Rica >>. Em Petrópolis, os dois passavam alguns dias e as músicas de Carlinhos apresentavam unidade. Após terem assistido um filme que nada tinha em comum com a idéia - << Os Inocentes >> (The Innocents, 61, de Jack Clayton) - voltaram a casa de Vinícius e trabalharam toda a noite. O resultado foi um belo musical que teve sua primeira encenação no Aubon Gourmet, com Vinícius, Carlinhos e Nara Leão, foi encenado depois no Maison de France e, posteriormente mereceu outras montagens, inclusive no México, quando Carlinhos ali morou. Vinícius, que sempre foi um entusiasta pelo cinema, pensou inclusive em tentar a direção, levando o espetáculo a tela, mas, há alguns anos, confessava: << O projeto me tenta, mas cinema é muito cansativo... tem que se levantar cedo, se tratar de mil detalhes... >> Como todos que tiveram a felicidade de conhecer Vinícius, Carlinhos lembrou a sua grandeza de pessoa, amigo de todas as horas e momentos. Falou também dos tempos do Centro Popular de Cultural da União Nacional dos Estudantes, do qual foi diretor musical e cantou o hino da UNE, letra de Vinícius que passados 16 anos, poucos conhecem. Mais os aplausos maiores foram para a << Canção do Subdesenvolvido >>, parceria com Chico de Assis, que teve uma única edição em histórico (e raríssimo) compacto duplo do CPC, e, durante 15 anos esteve totalmente proibido. Passados uma década e meia, a canção ainda faz rir... e pensar. Kate Lyra falou de seu primeiro filme como diretora, o curta << O Circulo >>, enquanto Carlinhos mostrou uma música sobre poema de Dolores Duram (1930-1959), que fez recentemente. E, naturalmente, já no final, se falou sobre o nu: afinal Bruna Lombardi e Kate Lyra têm feito fotos para revistas sofisticadas (Kate também tem atuado em muitos filmes eróticos), de forma que o assunto mereceu colocações. Precisa, honestas e sinceras - fazendo com que o público deixasse o Paiol já depois da meia-noite, admirando não apenas a beleza das duas mulheres e o talento de Carlinhos, mas a cuca de todos. Afinal, se não houve a contestação política de muitas << Parcerias >> anteriores, nem momentos hilariantes como em outros encontros - foi um swingle >> harmônico, suave e atual. Além de extremamente bonito, em termos visuais - com a doce música de Carlinhos dando o equilíbrio idéal.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
23/07/1980

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